Audiência pública debate Reforma Universitária

A expansão do ensino superior no País tem que se dar em moldes diferentes daqueles que vêm sendo implementados nos úl...

03/06/2004 - 00:00
 

Audiência pública debate Reforma Universitária

A expansão do ensino superior no País tem que se dar em moldes diferentes daqueles que vêm sendo implementados nos últimos anos, sobretudo desde meados da década de 90. É preciso investir mais na universidade pública e fiscalizar, com rigor, as instituições privadas de ensino superior, impedindo a proliferação de cursos de baixa qualidade de ensino. Essas foram as principais constatações feitas, nesta quinta-feira (3/6/04), na Assembléia Legislativa, pelos participantes de audiência pública promovida pela Comissão de Educação, Cultura, Ciência e Tecnologia para debater a reforma universitária proposta pelo Governo Federal. A reunião foi motivada por requerimento da deputada Jô Moraes (PCdoB).

Representantes de reitores de universidades federais, de professores de universidades públicas e privadas e dirigentes de entidades estudantis foram unânimes nas críticas à forma como a expansão do ensino superior brasileiro vem se dando, com ênfase na abertura de faculdades privadas nas áreas de Direito, Administração e Ciências Contábeis, cursos de baixo custo e que asseguram rápido retorno financeiro às entidades mantenedoras mas que estão longe de corresponderem às necessidades da sociedade na área de ensino superior. Os participantes também foram unânimes ao aplaudir a forma como o Ministério da Educação (MEC) vem tratando o debate sobre a reforma, mas manifestaram ressalvas quanto aos riscos de as mudanças visarem, prioritariamente, questões fiscais.

De acordo com Jorge Gregori, assessor da Secretaria de Ensino Superior do MEC, o debate sobre a reforma não pode ficar restrito à comunidade acadêmica, e o objetivo do ministério é chegar, em novembro, a uma proposta de Lei Orgânica do Ensino Superior que permita mudar o quadro atual. Hoje, 88% das instituições de ensino superior brasileiras, responsáveis por 75% das matrículas, são privadas. Na avaliação de Gregori, a expansão do ensino privado aconteceu de forma "anômala e distorcida", com a flexibilização das normas legais, concentração regional e sem qualquer controle sobre a qualidade dos cursos. "A perspectiva da reforma é a do fortalecimento do ensino público", assegurou, enfatizando que os principais pontos a serem discutidos são o papel da universidade, a autonomia, o financiamento, acesso e permanência dos estudantes no ensino superior, avaliação dos cursos e gestão universitária.

Palavra da Andifes - Para a reitora da UFMG e presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Ana Lúcia Almeida Gazzola, a reestruturação da educação superior deve ter como norte o debate sobre o papel da universidade para o desenvolvimento e soberania do País, a idéia da educação como direito do cidadão e dever do Estado e o compromisso com a qualidade do ensino e a pesquisa. "A educação é bem público, direito social e concessão do poder público; as instituições privadas que trabalham com base nesses valores são parceiras das universidades públicas", analisou, frisando, no entanto, sua preocupação com o risco do debate ficar centrado em questões fiscais.

Ela lembrou que apenas 9% dos jovens brasileiros entre 18 e 24 anos de idade são atendidos pelos sistemas público e privado e a abertura de novos cursos noturnos nas universidades públicas é uma das medidas viáveis de serem adotadas para se corrigir parte das distorções e ampliar a oferta de vagas e combater a exclusão social. Para Ana Lúcia Gazzola, as universidades públicas devem ter financiamento pleno, condição essencial para que haja pesquisa.

Madalena Guasco Peixoto, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (CONTEE), também concordou com as preocupações dos demais participantes e disse que a rede privada não deve ser vista como sistema de ensino, mas como concessão do Estado e, portanto, sujeita a fiscalização e compromisso social.

Presenças - Compareceram à reunião as deputadas Ana Maria Resende (PSDB) e Jô Moraes (PcdoB) e o deputado Sidinho do Ferrotaco (PSDB). Também participaram representantes da União Nacional dos Estudantes (UNE), da Associação dos Professores da UFMG (Apubh), o ex-reitor da UFMG e Uemg, Aluísio Pimenta, e dirigentes de outras entidades estudantis e faculdades.

 

 

 

 

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