Especialista expõe dificuldades e avanços nas negociações da Alca

Agricultura, propriedade intelectual e serviços foram apontados pelo chefe do Departamento da Área de Livre Comércio ...

03/06/2004 - 00:00
 

Especialista expõe dificuldades e avanços nas negociações da Alca

Agricultura, propriedade intelectual e serviços foram apontados pelo chefe do Departamento da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) do Ministério das Relações Exteriores, conselheiro Tovar da Silva Nunes, como os pontos mais "sensíveis" nas negociações da Alca. Ele participou da primeira reunião da Frente Parlamentar Mineira para Acompanhamento das Negociações da Alca, nesta quinta-feira (3/6/04), no Plenário da Assembléia Legislativa. De acordo com o conselheiro, desde a reunião de Miami, em novembro de 2003, pôde-se avançar nas discussões, com base na flexibilidade. "O Brasil, enquanto co-presidente nas negociações, juntamente com os Estados Unidos, tem a preocupação de fazer com que elas avancem de maneira equilibrada e que sejam benéficas para os 34 países que compõem a Alca", afirmou.

A reunião foi presidida pelo deputado Adelmo Carneiro Leão (PT), 2º- vice-presidente da Assembléia e presidente da Frente Parlamentar da Alca. O deputado destacou a importância do debate não só para os governos, mas para toda a sociedade. "A Alca precisa fortalecer as relações internacionais, democráticas e comerciais; precisa criar espaços de facilitação do comércio internacional", defendeu.

O conselheiro do Ministério das Relações Exteriores informou que a agenda de negociações da Alca, que prevê discussões sobre nove áreas - acesso a mercados; investimentos; compras governamentais; solução de controvérsias; agricultura; direitos de propriedade intelectual; subsídios, antidumping e direitos compensatórios; e política de concorrência - precisou ser alterada. Segundo ele, o Brasil começou a perceber que a agenda não atenderia a seus interesses e buscou fazer ajustes. "O Brasil recusou a sentar-se à mesa como um país já desenvolvido, abrindo mão de questões essenciais para o seu crescimento", disse.

Mudança de rumos - Em novembro do ano passado chegou-se a um acordo de que os assuntos de natureza sistêmica, global, deveriam ser resolvidos pelos países que fazem parte da Organização Mundial do Comércio (OMC). "Chegou-se a um consenso de que os países deveriam se concentrar no que poderia ser resolvido pela Alca", reforçou. O conselheiro destacou a eliminação das barreiras sanitárias e na movimentação de serviços, além da redução tarifária dos produtos têxteis como essenciais para o Brasil. "O presidente Lula apresentou algumas condições para que as negociações avancem, como a de eliminação de subsídios e de barreiras para as exportações brasileiras. Além disso, o Brasil não quer perder os interesses do consumidor do foco das discussões", acrescentou.

O conselheiro concluiu que a Alca pode ter compromissos menos profundos em algumas áreas, mas ainda assim será importante para os países americanos. "Ainda há possibilidade de conseguirmos o que nos interessa com a Alca, que é a geração de emprego, de renda e a redução das desigualdades", afirmou. Para ele, a programação de cooperação hemisférica é um dos resultados mais importantes que se pode alcançar. O coordenador técnico do Conselho de Comércio Exterior, Gilmar Alanis, destacou a necessidade de cautela nas negociações. "A abertura econômica é fundamental para todos os países, mas não pode ser feita a qualquer custo", defendeu. Ele acredita que os interesses sociais devem ser priorizados em relação aos interesses privados.

Gilmar disse ainda que o Estado está acompanhando as negociações em relação aos produtos agrícolas, que são de grande interesse para Minas. "Nós temos grandes barreiras nessa área, como cotas e tarifas que são exageradas. Queremos sim um maior comércio, mas que esse comércio seja benéfico para o Estado", destacou. O deputado Adelmo Carneiro Leão reiterou o interesse do Legislativo mineiro em acompanhar as negociações da Alca para oferecer suas contribuições para o debate.

Retrospectiva - Tovar da Silva Nunes apresentou um breve histórico da Alca, que teria sido concebida em 1994. Segundo ele, a proposta inicial era a elaboração de ações de combate à corrupção, o fortalecimento da democracia e a promoção do desenvolvimento sustentável. "Era uma proposta que ia além da expansão do comércio, não era uma iniciativa isolada", explicou. Ele ressaltou a importância de Belo Horizonte para o início das negociações efetivas da Alca, em 1997. "Belo Horizonte foi um marco nesse momento, pela mobilização que conseguiu para a reunião ministerial", elogiou.

Também participaram da reunião a presidente do Conselho de Relações Econômicas Internacionais da Fiemg, Martha Regina Lassance; o diretor de Programas de Comércio Exterior da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Jorge Oliveira; e o presidente da Câmara Americana de Comércio de Minas Gerais, Jorge Perutz.

 

 

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