Empresas mostram tecnologias utilizadas no plantio de
eucalipto
As tecnologias de melhoramento genético, manejo de
solo e os vários tipos de uso para o eucalipto foram temas
dominantes durante a reunião da Comissão Especial da Silvicultura,
nesta quinta-feira (03/06/04). A comissão, que iniciou seus
trabalhos no dia 17 de maio, tem 60 dias para estudar e propor
políticas públicas para o setor florestal, especialmente para as
florestas plantadas, e também ações de incentivo à produção de
madeira em Minas. A reunião teve a presença de representantes de
diversas empresas que produzem madeira a partir de florestas
plantadas. Todos expuseram técnicas utilizadas para garantir a maior
produtividade com o menor impacto ambiental possível.
O engenheiro florestal Teotônio Francisco de Assis,
consultor da empresa Aracruz, afirmou que os programas de
melhoramento genético em curso no Brasil não visam apenas a maior
produção volumétrica de madeira, mas também a adequação do produto à
indústria que o utilizará. Segundo ele, o objetivo de todo o
processo, que inclui longos ciclos de seleção e combinação de
espécies, é ajudar a indústria brasileira de base florestal a
melhorar sua competitividade, reduzindo os custos de seus produtos.
O engenheiro afirmou que o melhoramento também pode fazer com que o
eucalipto se transforme numa madeira mais adequada para a indústria
madeireira, com a redução das rachaduras e da espiralização que
normalmente se verifica nos troncos.
O presidente da comissão, deputado Paulo Piau (PP),
quis saber do engenheiro se a clonagem do eucalipto faz modificações
genéticas nas espécies. Teotônio de Assis esclareceu que o processo
de melhoramento não inclui transgenia, apenas a repetição genética
das melhores árvores. De acordo com ele, o processo dos transgênicos
florestais é tão complexo e enfrenta tantas resistências quanto os
transgênicos alimentícios.
Técnicos reafirmam preocupação ambiental
O gerente de desenvolvimento da CAF, pertencente ao
grupo Arcelor, Augusto Valência, descreveu a forma com a empresa
procura técnicas cada vez mais adequadas para o plantio de
eucalipto, desde o manejo dos galhos, a arquitetura das copas, até a
tecnologia utilizada para secagem da madeira. Ele citou o Centro de
Educação Ambiental que a CAF mantém em Bom Despacho, que oferece
aulas para estudantes do ensino fundamental, como uma das
iniciativas que demonstram a preocupação do grupo com o
desenvolvimento sustentável.
O engenheiro Luciano Lage de Magalhães, da CMM Agro
Florestal, do grupo Votorantim, afirmou que o modelo de manejo
escolhido pela empresa, com um espaçamento maior entre as árvores,
também é uma forma de melhorar a qualidade do eucalipto, ao mesmo
tempo que combina o plantio com arroz, soja e pastagens. "Cultivamos
uma média de apenas 250 árvores por hectare", garantiu. Sobre a
legislação, os técnicos disseram que as empresas vêm respeitando o
limite exigido pelo Código Florestal, de destinar 20% em hectares,
para reserva florestal. O secretário executivo da Associação Mineira
de Silvicultura (AMS), José Batuíra de Assis, disse que em Minas
Gerais, este percentual é ainda maior, em torno de 50%, devido à
topografia acidentada do Estado.
MP questiona - O
representante do Ministério Público na reunião, o engenheiro Carlos
Mercês de Oliveira, afirmou que, infelizmente, nem todas as empresas
têm preocupação com o desenvolvimento sustentável e que muitas vezes
as pesquisas no setor ficam "paradas no meio do caminho". Ele também
manifestou preocupação com a manutenção do emprego no campo, citando
o exemplo do município de Grão Mogol, no Jequitinhonha, onde a
Plantar deixou centenas de trabalhadores sem ocupação, depois do
primeiro ano de atividade, no final da década de 80. "A expectativa
de geração de emprego não se cumpre, porque depois do plantio o
nível de atividade cai", afirmou. O gerente da Plantar, Fábio
Nogueira de Avelar Marques, disse que a preocupação da empresa é com
a manutenção dos empregos ao longo do ciclo do eucalipto, que é de
cerca de sete anos. Mas admitiu não conhecer o caso específico de
Grão Mogol.
O deputado Padre João reafirmou sua preocupação com
os conflitos existentes entre a produção de madeira e a proteção ao
meio ambiente. Ele reconheceu os esforços das empresas para
minimizar impactos, mas disse que ainda espera conhecer uma área
onde não haja conflitos.
Comissão fará visitas a áreas de florestas
plantadas
O relator da comissão, deputado Célio Moreira (PL),
informou que visitas técnicas a áreas de plantio complementarão as
discussões e servirão para subsidiar o relatório final dos
trabalhos. Ainda durante a reunião, foi aprovado requerimento de sua
autoria, para que sejam visitados os viveiros da empresa Plantar, em
Curvelo. O presidente da comissão, deputado Paulo Piau, também
acredita que a verificação in loco vai ajudar os deputados a
formar opinião sobre tema tão complexo, a fim de que possam propor
políticas públicas para a silvicultura.
Outros requerimentos -
também foi aprovado requerimento do deputado Padre João, para que
seja convidado para as próximas reuniões da comissão o professor da
Faculdade de Economia da UFMG, José Bonilha; e ainda o professor
Klemens Lascqefski, do Instituto de Geociências da UFMG, para uma
das reuniões. De autoria dos deputados Paulo Piau, Padre João e
Célio Moreira, outro requerimento pede que sejam convidados para as
próximas reuniões, representantes das Secretarias de Estado da
Fazenda e do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, e ainda de
entidades de trabalhadores rurais e órgãos estaduais, além de
empresas produtoras de celulose, como Cenibra, Aracruz e
Veracel.
Presenças - Participaram da
reunião os deputados Paulo Piau (PP), presidente; Célio Moreira
(PL), relator; Doutor Viana (PFL); Padre João (PT); Carlos Pimenta
(PDT).
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