Comissão sugere construção de uma Apac em cada regional de BH

A construção de um Centro de Remanejamento de Presos (Ceresp) para 800 presos no bairro Serra Verde, região norte de ...

02/06/2004 - 00:01
 

Comissão sugere construção de uma Apac em cada regional de BH

A construção de um Centro de Remanejamento de Presos (Ceresp) para 800 presos no bairro Serra Verde, região norte de Belo Horizonte, foi criticada nesta quarta-feira (2/6/04) pela maioria dos participantes da audiência pública realizada pela Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa de Minas Gerais. Ao invés de um "cadeião", foi sugerida a construção de nove unidades prisionais aos moldes da Associação de Proteção e Assistência ao Condenado (Apac), distribuídas nas administrações regionais da Capital mineira. O sistema Apac é reconhecido pelo baixo índice de reincidência de seus presos. De cada 100 detentos que cumprem pena na Apac, apenas oito voltam a cometer crimes, enquanto que no modelo prisional tradicional a reincidência chega a 85%.

O coordenador dos Serviços de Atendimento Jurídico da PUC Minas, Fábio Alves dos Santos, disse que a construção de um "cadeião" não é a solução. "Pelo contrário, é mais um problema de segurança pública para a sociedade", afirmou. O subsecretário de Administração Penitenciária, Agílio Monteiro Filho, concordou que a construção de Apacs é a melhor alternativa, mas que, por enquanto, outras soluções como penitenciárias e Ceresps são necessárias.

O representante dos moradores do bairro Serra Verde, padre José Haroldo Correia Pinto, também sustentou que a construção do "cadeião" é inviável, mas mostrou-se aberto à idéia da implantação de uma Apac em cada regional. Para o juiz da Vara de Execuções Criminais da Comarca de Belo Horizonte, Herbert José Almeida Carneiro, é improvável que o Ceresp do bairro Serra Verde vá desenvolver alguma atividade de ressocialização com seus 800 presos.

O presidente da comissão, deputado Durval Ângelo (PT), propôs a realização de debates nas nove regionais de Belo Horizonte para mostrar à comunidade o significado das Apacs e seus resultados na ressocialização dos presos, sugestão que foi aceita pelos demais participantes da reunião. Ele lamentou a ausência de um representante do Ministério Público na audiência, apesar de o órgão ter sido convidado.

O deputado Alberto Bejani (PTB) pediu um posicionamento do subsecretário Agílio em relação à construção da penitenciária de Juiz de Fora, cuja inauguração, prevista para março, ainda não foi feita. Segundo Bejani, 696 detentos se amontoam no Ceresp daquela cidade, que tem capacidade para 240 pessoas. Agílio garantiu que em julho começa a transferência de 400 presos para a penitenciária. Alberto Bejani alertou, no entanto, que em Juiz de Fora há mais de 500 mandados de prisão expedidos. Por isso, assim que essa transferência começar, o Ceresp vai ficar superlotado de novo.

Atendendo a requerimento do presidente da comissão, Bejani e o deputado Biel Rocha (PT) farão uma visita nesta quinta-feira (3) ao Ceresp de Juiz de Fora para verificar a situação em que se encontram os detentos.

Outros requerimentos aprovados

A comissão aprovou outros cinco requerimentos, sendo três do deputado Durval Ângelo:

* que seja realizada audiência pública no dia 9 de junho para debater a violência contra crianças e adolescentes em Montes Claros, especificamente o caso do menino Rafael Alan Pinheiro Silva, vítima fatal de bala perdida, e também para apurar denúncias de irregularidades, como assédio de menores, no Orfanato Jesus de Nazaré;

* que seja realizada uma reunião extraordinária da comissão no dia 8 de junho para debater a reforma do Poder Judiciário;

* que seja encaminhado ofício ao procurador-geral de Justiça, Nedens Ulisses, solicitando a requisição do projeto de construção do Ceresp da região norte de Belo Horizonte, e também que a Procuradoria estude o projeto sob o ponto de vista legal.

Outro requerimento aprovado, assinado pelo deputado Roberto Ramos (PL), pede uma audiência pública em Tupaciguara para apurar denúncias de tortura que teria sido cometida por policiais militares na cadeia pública daquela cidade. O sexto requerimento, da deputada Marília Campos (PT), pede ao secretário de Planejamento e Gestão e ao chefe da Polícia Civil que sejam feitas as mudanças necessárias para o funcionamento, em um único estabelecimento, da Divisão de Polícia Especializada da Mulher, do Idoso e do Portador de Deficiência.

Presenças - Participaram da reunião os deputados Durval Ângelo (PT), presidente; Roberto Ramos (PL), vice; Biel Rocha (PT), Gilberto Abramo (PMDB) e Alberto Bejani (PTB), que presidiu parte dos trabalhos. Compareceram também, além das personalidades citadas na matéria, o presidente do Conselho da Comunidade de Belo Horizonte, Joaquim Dimas Gonçalves.

 

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