Órgãos criam grupo para resolver problemas de fazendas em Uberaba

Representantes da Embrapa, da Epamig e da Prefeitura de Uberaba vão assinar um termo de ajuste de conduta com os Mini...

01/06/2004 - 00:01
 

Órgãos criam grupo para resolver problemas de fazendas em Uberaba

Representantes da Embrapa, da Epamig e da Prefeitura de Uberaba vão assinar um termo de ajuste de conduta com os Ministérios Públicos Estadual e Federal, para a distribuição de responsabilidades em relação aos problemas das fazendas Experimental Getúlio Vargas e Nossa Senhora da Abadia, naquele município. A decisão foi anunciada na reunião da Comissão de Administração Pública da Assembléia Legislativa, nesta terça-feira (1º/6/04). A audiência pública foi requerida pelo deputado Paulo Piau (PP), com o apoio de mais sete deputados do Triângulo Mineiro, para discutir a construção irregular de um emissário de esgoto sanitário na primeira unidade e as invasões na segunda.

Além do termo de ajuste de conduta, os participantes anunciaram a formação de um grupo de trabalho, coordenado pela Epamig, para efetivar a implantação dos projetos do órgão na fazenda Nossa Senhora da Abadia e verificar a ocupação irregular de áreas na Getúlio Vargas, por obras da Prefeitura de Uberaba. Os representantes do município se comprometeram a não disponibilizar o emissário enquanto não forem estudados seus impactos ambientais sobre os mananciais de água da Nossa Senhora da Abadia.

As duas unidades pertencem à Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), cedidas em comodato à Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado de Minas Gerais (Epamig). A fazenda Getúlio Vargas tem cerca de mil hectares, fica localizada em área central de Uberaba e foi instalada na década de 1930 para o estudo da raça zebuína e posteriormente para a pesquisa agropecuária. A Nossa Senhora da Abadia fica a 30 quilômetros da cidade e foi resultado de uma permuta com a Prefeitura de Uberaba, que cedeu o terreno de 266 hectares, em troca de uma área de 160 hectares na fazenda Getúlio Vargas.

Prefeitura não fez obras de infra-estrutura

Na troca, a prefeitura se comprometeu a fazer a infra-estrutura da fazenda Abadia, como cercar toda a área, construir guarita de segurança e casas de colonos, entre outras. O objetivo era dar condições à instalação do Parque Tecnológico do Estado (Tecnópole), a cargo da Epamig. O parque é um dos projetos estruturantes do governo mineiro e em Uberaba pretende desenvolver pesquisas nas áreas de agronegócio e biotecnologia.

No início de abril, a prefeitura começou a construção do emissário para o esgoto sanitário, na Getúlio Vargas, sem a autorização da Embrapa e da Epamig. E poucos dias depois, a fazenda Abadia foi invadida por 17 famílias. A Embrapa e Epamig acionaram o Ministério Público, sob a alegação de que o emissário compromete a qualidade da água dentro das terras da Getúlio Vargas, por estar muito próximo ao poço artesiano que abastece o local. Em reunião no mesmo mês, a prefeitura teria se comprometido a construir outro poço para que fosse desativado o que ficou ao lado do emissário, mas tal promessa não foi cumprida, segundo o assessor jurídico da Epamig, Gilson Márcio Boncumpagni.

O presidente da Epamig, Baldonedo Napoleão, e o assessor jurídico do órgão informaram que a infra-estrutura não foi feita. Já o procurador de Uberaba, Arnaldo José Bisinoto, explicou que foi feita parte da limpeza do terreno, mas que as obras não representam prioridade para a prefeitura.

Para o procurador-chefe substituto da Procuradoria da República em Minas, Eduardo Morato Fonseca, houve ilegalidade na ação da prefeitura de construir o emissário. Ele informou que o representante do MP na região já instaurou dois procedimentos administrativos: um sobre a invasão na fazenda Abadia, com o acionamento da Polícia Federal e o questionamento à Embrapa sobre as medidas tomadas para coibir as invasões. E a outra para apurar a ilegalidade do uso do terreno para a obra do emissário, com a intimação da prefeitura.

Invasores não são identificados

Sobre as invasões da Abadia, os participantes não chegaram a um consenso sobre qual tipo de movimento teria liderado. Enquanto para o represente local da Epamig, Roberto Zito, trata-se de uma evasão liderada pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, outros integrantes da Epamig e da Embrapa afirmam que caracteriza-se por uma invasão oriunda de especulação imobiliária. Todos pediram a agilidade do Ministério Público Federal, já que a área é de propriedade da União, para tentar a reintegração da posse.

O deputado Paulo Piau (PP) fez uma cronologia dos acontecimentos, desde a instalação da fazenda experimental, no início da reunião que dirigiu. Ele mostrou-se preocupado com o anúncio de novas intervenções na Abadia "desvirtuando sua destinação inicial, que é a pesquisa". Para ele, há descaso da prefeitura de Uberaba, que descumpriu os acordos com a Embrapa e Epamig para fazer a infra-estrutura da Nossa Senhora da Abadia, por três vezes, desde 1997. Piau sugeriu o termo de ajuste de conduta entre os envolvidos. A deputada Jô Moraes (PCdoB) afirmou que o descaso é com a pesquisa, com a ciência, "que nunca são prioridade dos governos". Os dois sugeriram o grupo de trabalho que será acompanhado pela Comissão de Administração Pública.

Presenças - Participaram da reunião os deputados Paulo Piau (PP), vice-presidente, que dirigiu a reunião; Fábio Avelar (PTB); Weliton Prado (PT); Dinis Pinheiro (PL) e a deputada Jô Moraes (PC do B). Além dos convidados citados na matéria, os representantes: da Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Ana Flávia Bako; do Instituto Estadual de Florestas (IEF), representando a Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Geraldo Fausto; da Embrapa, Antônio Nilson Rocha; da Procuradoria de Justiça do Estado de Minas Gerais, promotor de Justiça, Carlos Henrique Torres de Souza e da Prefeitura de Uberaba, Antônio de Bastos Garcia.

 

 

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