Índios pedem ajuda para recuperação de área destruída por incêndio

A recuperação da área atingida por um incêndio entre os dias 17 e 24 de outubro do ano passado, que destruiu 80% da r...

26/05/2004 - 00:00
 

Índios pedem ajuda para recuperação de área destruída por incêndio

A recuperação da área atingida por um incêndio entre os dias 17 e 24 de outubro do ano passado, que destruiu 80% da reserva indígena Pataxó, em Carmésia, no Vale do Rio Doce, é a principal preocupação dos índios. A aldeia foi visitada pelo vice-presidente da Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais, deputado Doutor Ronaldo (PDT), e pela assessoria técnica da Assembléia Legislativa nesta quarta-feira (26/5/04), que verificaram os prejuízos causados pelo incêndio. Doutor Ronaldo, que solicitou a visita, foi procurado por três caciques que expuseram as dificuldades enfrentadas pela tribo. Desde que soube da destruição da reserva, o deputado enviou ofícios às autoridades ambientais pedindo providências.

Para reflorestar a área, que afetou sobretudo a sobrevivência das 50 famílias, totalizando 248 pessoas que vivem nas aldeias, os índios reivindicam que a Empresa Mineira de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) disponibilize mudas para o replantio da área e um técnico que possa orientá-los no reflorestamento. O cacique Baiara Pataxó também pediu que fosse implantado na aldeia o mesmo projeto que é adotado na aldeia Krenak, no município de Conselheiro Pena. Segundo ele, lá os índios recebem uma remuneração do Estado para fazer o reflorestamento. Ainda de acordo com Baiara, a proprietária de uma fazenda vizinha da reserva indígena, apontada como uma das responsáveis pelo incêndio, considerado criminoso, teria sido autuado pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF) em R$ 200 mil. "Queremos que essa multa seja revertida em indenização aos índios e investida em projetos para a recuperação da reserva", defendeu.

Queimada afeta subsistência da tribo

Os índios afirmam que, com a queimada da floresta, a subsistência da tribo ficou prejudicada. "É da mata que tirávamos as sementes e fibras para fazer o nosso artesanato. Com o fogo, a apicultura foi prejudicada e a fauna e a flora também", afirmou Baiara. Ele acrescentou que, no ano passado, as casas foram alagadas em virtude das chuvas que vieram depois do incêndio e lavaram a terra, assoreando os rios. O cacique destacou que os índios estão preocupados com a recomposição da mata ciliar para proteger as nascentes.

O prefeito de Carmésia, Flávio Soares Madureira, que acompanhou a visita, defendeu a instalação de uma Brigada Voluntária de Incêndio dentro da própria aldeia, integrada pelos índios. "Precisamos estar preparados, porque outros acidentes podem acontecer. Os índios conhecem a reserva e, se forem preparados, podem ajudar a prevenir outras situações que ameacem a vida da tribo", destacou.

O deputado Doutor Ronaldo reafirmou junto aos índios o compromisso de continuar acompanhando as ações de recuperação da reserva e apoiando a tribo nas negociações com os órgãos ligados ao meio ambiente. Ao final da visita, os índios fizeram uma apresentação para a equipe da Assembléia apresentando a cultura indígena e expressando o sentimento da aldeia pela perda da floresta. Eles pediram a ajuda do Legislativo mineiro para recuperar a área. A visita foi acompanhada também por técnicos de referência da saúde indígena da Diretoria de Ações Descentralizadas de Saúde da Regional de Itabira, Sônia Linhares de Assis e Heleno Grisolia Rosa.

 

 

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