Mariana não tem como cumprir ordem de contratar guardas

Até o próximo dia 18 de junho, a Prefeitura de Mariana terá que contratar de 150 a 200 guardas municipais para vigiar...

26/05/2004 - 00:00
 

Mariana não tem como cumprir ordem de contratar guardas

Até o próximo dia 18 de junho, a Prefeitura de Mariana terá que contratar de 150 a 200 guardas municipais para vigiar as igrejas históricas, sob pena de pagar multa diária de R$ 500 e ter o seu acervo recolhido ao Museu Arquidiocesano. A ordem judicial do magistrado Paulo Roberto da Silva decorreu de ação civil pública de iniciativa do promotor Antônio Carlos de Oliveira e causou polêmica entre o Ministério Público, a Arquidiocese e a Prefeitura de Mariana, que alega não ter condições de cumpri-la.

O assunto foi discutido na reunião da Comissão de Educação, Cultura, Ciência e Tecnologia da Assembléia Legislativa desta quarta-feira (26/5/04), a requerimento do deputado Padre João (PT), que representa a cidade. O prefeito de Mariana, Celso Cota Neto, enviou o comandante da Guarda Municipal, tenente Antônio Marcos Ramos Freitas, para expor a situação aos deputados.

O tenente disse que a Guarda Municipal foi criada há dois anos com um efetivo de 50 homens, e recebeu depois um reforço de 30 homens para trabalhar no horário noturno, das 18 às 6 horas. "Cuidamos de tudo no policiamento preventivo, da disciplina do trânsito até apagar incêndios. Desde que a guarda foi criada, debelamos cinco incêndios e fizemos uma prisão em flagrante de furto na igreja da Sé. Nosso pessoal ajudou inclusive a apagar o incêndio no casarão da praça em Ouro Preto. Também acabamos com os assaltos a aposentados dos distritos que vinham receber sua pensão em Mariana", relatou Freitas.

O comandante calcula que há de 200 a 300 casas tombadas pelo patrimônio e 20 igrejas históricas na área central de Mariana, fora aquelas localizadas nos distritos distantes, como Cachoeira do Brumado e Cláudio Manoel. Ele calcula que seriam necessários de 150 a 200 novos guardas para cumprir o que determinou o juiz e estima que cada vigilante armado custe um salário de R$ 600 mensais.

Patrimônio humano também merece preocupação

O deputado Padre João considera correta a exigência, mas impossível de atender com os recursos municipais, e defende que o Estado e a União participem desses gastos e também com aqueles representados pela recuperação dos imóveis. "O problema não é exclusivo de Mariana, mas ocorre também em Ouro Preto e São João del-Rei, onde a comunidade não tem como arcar com mais despesas. Nosso arcebispo, Dom Luciano Mendes, disse que é preciso se preocupar também com o patrimônio humano das cidades históricas, que mal dá conta de prover o seu sustento nos dias de hoje", disse o deputado.

A deputada Ana Maria Resende (PSDB), que presidia a reunião, parabenizou o prefeito Celso Cota pela criação da Guarda Municipal e disse que gostaria de encontrar um promotor que obrigasse o Governo Federal a redistribuir com os Estados e Municípios os 72% da arrecadação tributária que concentra.

Requerimentos e pareceres - A Presidência da Comissão designou relatores para dois projetos e colocou em discussão e votação cinco projetos de declaração de utilidade pública, de autoria dos deputados Célio Moreira (PL), Mauri Torres (PSDB), Sebastião Navarro Vieira (PFL), Ricardo Duarte (PT) e Domingos Sávio (PSDB). Os cinco foram aprovados, bem como os requerimentos 2.902 e 2.911, dos deputados Ricardo Duarte e Carlos Pimenta (PDT). O primeiro sugere às fundações educacionais da UEMG que solicitem inclusão no programa de reforma universitária do MEC. O segundo pede o aumento de vagas na Faculdade de Medicina da Unimontes, a única gratuita do Estado.

Presenças - Participaram a deputada Ana Maria Resende (PSDB), presidente; e os deputados Leonídio Bouças (PTB), Sidinho do Ferrotaco (PSDB) e Padre João (PT).

 

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