Servidores da Fazenda e representantes do governo debatem carreiras

Centenas de servidores fazendários debateram nesta quarta-feira (26/5/04), com representantes das Secretarias de Esta...

26/05/2004 - 00:00
 

Servidores da Fazenda e representantes do governo debatem carreiras

Centenas de servidores fazendários debateram nesta quarta-feira (26/5/04), com representantes das Secretarias de Estado da Fazenda (SEF) e de Planejamento e Gestão (Seplag), durante reunião da Comissão de Administração Pública da Assembléia Legislativa, o Projeto de Lei 1.346/03. O projeto, do governador, cria duas carreiras de provimento efetivo dos profissionais de tributação, fiscalização e arrecadação da SEF: auditor fiscal da Receita Estadual (Afre), que serão os atuais fiscais e agentes fiscais; e especialista em tributação e arrecadação (Eta), que serão os atuais técnicos de tributos estaduais II. O projeto prevê o número de 2.100 servidores para cada cargo e determina que os cargos de provimento efetivo criados, extintos e transformados sejam identificados em decreto. A matéria já foi analisada pela Comissão de Constituição e Justiça, que concluiu por sua legalidade e apresentou uma emenda para melhorar a redação do artigo 29, que trata sobre o ingresso, na SEF, de servidores de outros quadros do Executivo.

O presidente do Sindifisco, que reúne fiscais e agentes fiscais, Lindolfo Fernandes de Castro, ressaltou a importância estratégica das atividades da administração tributária para o Estado e criticou as carreiras propostas pelo governador para a SEF, afirmando que o plano irá aprofundar a diferença já existente hoje entre os servidores e, ainda, consolidar o que chamou de "perdas" resultantes da reforma administrativa aprovada em 2003. Entre os principais pontos do projeto criticados pelo sindicalista, estão a falta das tabelas de vencimento, de novos adicionais de remuneração, de manutenção dos direitos dos atuais servidores e de garantia de paridade entre ativos e inativos.

Outros aspectos classificados pelo presidente do Sindifisco seriam a perda de funções e mudanças nas atribuições dos dois cargos propostos - analista e especialista. "O PL 1.346 também não explicita a existência da gratificação existente, dando margem para sua extinção sem previsão de vantagens", acrescentou. Para ele, como está, o plano causaria a estagnação das carreiras por um período indeterminado, independentemente do mérito dos servidores: "Não só os servidores serão prejudicados, como também a Fazenda e a sociedade mineira como um todo".

O presidente do sindicato que congrega técnicos de tributos estaduais (Sinfaz), Raimundo Lustosa, afirmou que a norma que trata do quadro permanente de tributação, fiscalização e arrecadação da SEF, a Lei 6.762, de 1975, já tem quase 30 anos, mas que o plano proposto permite ao servidor prazo para optar pela nova carreira. Lustosa defendeu novas atribuições para os atuais técnicos, que, de acordo com ele, já exercem tarefas não previstas pela atual legislação.

O coordenador do Sindpúblicos, sindicato que representa os servidores de função pública, Geraldo Antônio Henrique, pediu apoio aos deputados para que os trabalhadores dessa categoria, vindos da antiga MinasCaixa, também ganhem um plano de carreira. "Há 11 anos não temos aumento salarial, apesar das promessas que passam de governo para governo", salientou. O plano de carreira dessa categoria está previsto no PL 1.333/03.

Falta de consenso dificulta processo

"A Secretaria de Fazenda fez um esforço para que as carreiras fossem discutidas por uma comissão paritária, com a participação de fiscais, agentes de fiscais e técnicos, e deu conhecimento aos sindicatos para se manifestarem. Tivemos muitas dificuldades para agradar a todos e amenizar questões internas", afirmou a superintendente de Recursos Humanos da Secretaria da Fazenda, Marise Gabriel de Almeida.

"Foi o projeto mais difícil que a Seplag analisou. Parte dos servidores quer continuidade, outra não", enfatizou a diretora central de Políticas e Desenvolvimento de Recursos Humanos da Seplag. Jomara Alves.

Debate pode aprimorar projeto

A diretora da Secretaria de Planejamento ressaltou que a reforma administrativa realizada pelo governador garante aos atuais servidores públicos todos os direitos percebidos - somente os novos, assim, seriam afetados por mudanças como adicionais por tempo de serviço. Quanto à garantia de percepção de diferenças de remuneração a efetivos do Executivo que ingressem na Fazenda via concurso público, a diretora destacou que o objetivo é incentivar os servidores a prestarem concursos para mudança de carreira, sem perda inicial.

Jomara Alves afirmou que a redação do PL 1.346/04 dá dupla interpretação quanto à permanência ou perda de qüinqüênio para quem ingressar em novas carreiras, mas ressaltou que essa e outras dúvidas podem ser suprimidas durante a tramitação, como ocorrido no projeto da educação, já aprovado em 2º turno pelo Plenário. "Algumas mudanças no projeto da educação serão incorporadas a todos os outros projetos", afirmou.

Houve polêmica na reunião a respeito da percepção de adicional de desempenho sobre vencimento ou sobre remuneração, no período entre a edição das Emendas Constitucionais Federal (nº 19, de 1998) e Estadual (57, de 2003), sobre o que a diretora da Seplag afirmou que é necessário cumprir a norma maior e que casos específicos devem ser analisados posteriormente. Jomara Alves lembrou que a ausência de tabela e regras de posicionamento no projeto de lei segue as diretrizes estabelecidas pela reforma administrativa aprovada pela Assembléia em 2003, em função do déficit orçamentário do Estado.

Deputados pedem avanço na discussão

Ao final da reunião, a deputada Jô Moraes (PCdoB) e o deputado Rogério Correia (PT), autores do requerimento pela realização da reunião, ressaltaram a necessidade de os servidores se empenharem na discussão sobre a questão remuneratória, mesmo que isso resulte no atraso da tramitação do plano. "Os servidores estão preocupados quanto ao trâmite do projeto, mas não há unanimidade. O problema crucial e presente em todos os planos é a ausência de tabelas, o que não permite dimensionar o plano salarial", afirmou Rogério Correia, acrescentando que, no caso dos fiscais, as gratificações correspondem à maior parte da remuneração.

A deputada Jô Moraes endossou essa fala: "O plano de carreira da Fazenda tem papel decisivo para a crise fiscal e financeira por que passa o Estado e deve ser discutido em uma dimensão maior. Mas as lideranças sindicais devem ter uma visão mais globalizada do processo sobre a política remuneratória". A deputada sugeriu que os deputados da base governista e da oposição, com representação também dos servidores, formem uma comissão para debater o assunto.

Presenças - Participaram da reunião os deputados Paulo Piau (PP), vice-presidente da reunião, que coordenou os trabalhos; Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), Leonardo Quintão (PMDB), Rogério Correia (PT) e a deputada Jô Moraes (PCdoB), além dos convidados citados na matéria e do assessor especial da SEF, Jorge Henrique Schimt.

 

 

 

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