Especialista afirma que cultura do eucalipto não afeta rios e
bacias
A cultura de eucalipto não pode ser considerada
causadora da degradação dos rios e lençóis freáticos, onde ela é
praticada. Essa constatação foi feita pelo professor de Biometria,
Inventário e Manejo Florestal da Universidade Federal de Lavras
(Ufla), José Roberto Scolforo, no segundo dia do Ciclo de Debates "O
Eucalipto", que acontece nesta terça feira (25/5/04), no Plenário da
Assembléia Legislativa. O deputado Rogério Correia (PT), um dos
autores requerentes do debate, fez a abertura do evento convidando
os expositores e especialistas para debaterem a relação dessa
cultura com o meio ambiente.
Segundo o professor, o consumo de água de qualquer
cultura depende do clima e da área total de folhas em uma região
florestal. Ele acrescentou que as raízes do eucalipto não afetam os
lençóis freáticos, pois elas não atingem 2,5 metros de comprimento.
" Há duas crenças que devem ser abolidas quando se fala em
eucalipto. A primeira é que essa cultura seca o solo. A outra é que
ela causa impacto na biodiversidade original da área reflorestada",
afirmou José Roberto. O maior problema está nos locais onde ocorrem
ações de manejo do homem, como as plantações, queimadas e
desmatamento. "São essas ações que degradam as microbacias
hidográficas e os grandes sistemas fluviais".
Outro tema abordado por José Roberto foi a
importância econômica do eucalipto. No Brasil, segundo o professor,
essa atividade gera 1,5 milhão de empregos diretos e 5,2 milhões de
empregos indiretos, além de propiciar uma arrecadação de impostos de
US$ 3,4 bilhões anuais. Em Minas Gerais, há mais de um milhão de
empregos diretos e 4,5 milhões indiretos e arrecadação de R$ 330
milhões em ICMS.
O diretor de monitoramento e controle do Instituto
Estadual de Florestas de Minas Gerais (IEF), Rubens Vargas Filho,
comentou que o plantio do eucalipto deve ser feito em áreas ociosas
e em pastagens degradadas. "As áreas de mata nativa não devem ser
desmatadas para dar lugar ao plantio dessa cultura", afirmou Rubens
Vagas. O diretor apresentou as vantagens da utilização do eucalipto.
Para o diretor do IEF, há redução da pressão sobre a mata nativa,
proteção da fauna, recuperação dos solos exauridos por outros
cultivos e diminuição do efeito estufa. "Em Minas Gerais, mais de
50% da cobertura do solo é composta por pastagens, que pouco
contribuem para o meio ambiente. O plantio do eucalipto, em algumas
regiões de pastagens, pode propiciar vantagens ambientais para Minas
Gerais", opina Rubens Vargas.
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