Comissão debate programa de engenharia e arquitetura públicas

A Comissão de Participação Popular debateu, em audiência pública realizada na tarde desta quinta-feira (20/5/2004), a...

20/05/2004 - 00:00
 

Comissão debate programa de engenharia e arquitetura públicas

A Comissão de Participação Popular debateu, em audiência pública realizada na tarde desta quinta-feira (20/5/2004), a proposta apresentada pelo Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Minas Gerais (Crea-MG) de um programa para oferecer serviços de engenharia e arquitetura públicas à população de baixa renda. O argumento dos profissionais é que, ainda que de maneira precária, o Estado oferece serviços públicos de saúde, educação e defensoria, mas negligencia algo tão importante quanto a habitação.

Entre os números apresentados pelo Crea, dois dimensionam o mercado de trabalho a ser aberto para arquitetos, engenheiros e urbanistas dispostos a se dedicarem a construções populares e à readequação da feição urbana das cidades mineiras: 68% das moradias foram erguidas sem responsabilidade técnica e estão irregulares diante dos órgãos municipais. Apenas 17% dos municípios com mais de 20 mil habitantes possuem Plano Diretor. "Apenas Belo Horizonte, Uberlândia e Poços de Caldas já iniciaram a elaboração de leis municipais de oferta de serviços de engenharia e arquitetura", informou Maria Ângela Braga, do Crea.

A lei municipal de Belo Horizonte é de autoria do vereador Tarcísio Caixeta (PT), foi aprovada no final do ano passado e sancionada em janeiro último. Caixeta revelou que 420 mil habitantes de Belo Horizonte vivem em favelas construídas precariamente em áreas de risco insalubres, encostas e beiras de córregos. Caixeta mostrou sua preocupação com a democratização do conhecimento da técnica e alertou também para a questão da regularização da propriedade nas favelas. "A Pedreira Prado Lopes foi ocupada a partir de 1908. Hoje já está na terceira ou quarta geração de descendentes, todos sem título das áreas que herdaram", afirmou o vereador.

Loteamentos públicos podem evitar invasões e favelas

O anteprojeto do Crea não menciona os recursos orçamentários que seriam necessários para implementar o Serviço Estadual de Engenharia e Arquitetura Públicas. Apenas sugere parcerias e fórmulas para propiciar capacitação profissional. Tadeu Matos Fontes, representante da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Regional e Política Urbana, disse que a legislação já distribui as responsabilidades que cabem ao município, ao Estado e à União, e que "o papel do Estado é orientar e capacitar, mas sem pretender considerar o município incapaz". Para evitar os favelamentos, sugeriu que os municípios "respondessem sempre com loteamentos antes que se procedam as invasões".

Representantes da sociedade civil, da Igreja e de ongs presentes à reunião mostraram simpatia pela proposta do Crea. Marcílio de Oliveira Castro, da Ação Social Arquidiocesana (Asa), disse que via "com bons olhos e coração aberto mais esta iniciativa para resgatar os direitos e a cidadania das pessoas". O deputado Gustavo Valadares (PFL) aplaudiu a "proposta de parceria entre o Legislativo e as classes organizadas em favor do cidadão sem condições de exercer plenamente a sua cidadania".

Domingos Sávio, do PSDB, lembrou que o Plano Diretor foi uma conquista relativamente recente da sua cidade de Divinópolis, fundada há 92 anos e com quase 200 mil habitantes. Na opinião dele, o adensamento do centro, com a proliferação de prédios altos, fez cair a qualidade de vida na cidade. O deputado cobrou penalidades legais para loteamentos sem infra-estrutura e comentou que o Estatuto das Cidades já tratou do assunto, mas com poucas repercussões.

O deputado André Quintão (PT) pediu uma ação mais consistente do Estado, que, na sua opinião, "encolheu, não desenvolveu parcerias com os municípios e transferiu para estes suas responsabilidades, o que não é justo. O Estado se mostra muito frágil em todas as frentes".

Presenças - Participaram da reunião, os deputados André Quintão (PT), presidente; Gustavo Valadares (PFL), vice-presidente; Ivair Nogueira (PMDB) e Domingos Sávio (PSDB).

 

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