Reunião discute alteração no Fundo Penitenciário Estadual

Colher subsídios e informações para elaborar o parecer sobre o Projeto de Lei (PL) 1.354/04, que altera a lei do Fund...

20/05/2004 - 00:00
 

Reunião discute alteração no Fundo Penitenciário Estadual

Colher subsídios e informações para elaborar o parecer sobre o Projeto de Lei (PL) 1.354/04, que altera a lei do Fundo Penitenciário Estadual, foi o tema da reunião da Comissão de Segurança Pública na tarde desta quinta-feira (20/4/04), solicitada pelo relator, deputado Rogério Correia, e pela deputada Maria Tereza Lara, ambos do PT. Na audiência, Rogério Correia constatou que a arrecadação do Fundo é pequena para dividir com outras entidades, como propõe o projeto do governo. Segundo o representante da Secretaria de Estado de Defesa Social, Hilton Secundino Alves, no ano passado, foram arrecadados R$ 317 mil sendo que, deste montante, R$ 209 mil foram investidos pela Secretaria e por entidades não-governamentais - atuais beneficiárias do Fundo.

Pelo texto original, seriam incluídos como beneficiários do Fundo, além da Secretaria de Defesa Social, com 55% dos recursos, a Defensoria Pública, o Tribunal de Justiça e a Procuradoria-Geral de Justiça, com destinação de 15% para cada entidade. Na emenda apresentada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), essa divisão foi reduzida para 45% para a Secretaria, 10% para as outras três entidades e foram acrescentados 10% para os municípios que tenham penitenciárias e 15% para a Secretaria de Desenvolvimento Social e Esportes.

Rogério Correia acredita que "quanto mais retalharem o Fundo mais ele se esvaziará", ao destacar outro dado apresentado por Hilton Secundino de que, em 2004, a previsão no Orçamento é de R$ 441 mil, mas até março foram arrecadados R$ 69 mil. Para Secundino, mesmo com a proposta do governo de agregar mais três fontes ao fundo - multas decorrentes de juizados especiais, de fianças quebradas ou perdidas e 50% das fianças arbitradas por autoridades policiais e judiciárias - não há potencialidade para se arrecadar muito mais do que atualmente. "O objetivo principal do Fundo não é distribuir recursos, mas sim ter uma rotatividade maior para financiar as atividades que trarão retorno ao Fundo", ponderou Secundino.

Já o defensor público geral, Ricardo Sales Cordeiro, reivindicou a volta do percentual de 15% para sua entidade e a necessidade de incluí-la como beneficiária do Fundo. Ele justificou ao dizer que a competência constitucional da entidade é de orientar juridicamente e atender os direitos dos carentes. Destacou ainda que 90% da população carcerária é atendida pela Defensoria Pública. Na opinião de Rogério Correia, o problema da Defensoria não será resolvido com o Fundo e sim no Orçamento do Estado. Em contrapartida, o deputado Zé Maia (PSDB) acredita que é possível rever o percentual destinado à entidade. O presidente da comissão, deputado Sargento Rodrigues (PDT), destacou a necessidade de se estruturar melhor a Defensoria Pública, principalmente porque "ela tem papel fundamental em relação à questão carcerária no País".

Integrantes do grupo coordenador do Fundo são modificados

Segundo Rogério Correia, a CCJ também modificou o texto original ao acrescentar no grupo de coordenação do fundo, representantes da Secretaria de Desenvolvimento Social e Esportes e da Assembléia Legislativa, além da Defensoria Pública, do Tribunal de Justiça e da Procuradoria-Geral de Justiça. Com essas três últimas entidades, o governo eliminou três atuais participantes do grupo, que são o Conselho Penitenciário e as pastorais Católica e Evangélica. Além deles, também participam representantes das Secretarias de Estado de Defesa Social, da Fazenda, de Planejamento e Gestão, do Conselho de Criminologia e Política Criminal e de entidades não governamentais.

Agentes penitenciários - Ainda durante a reunião, o presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários, Marcos Terrinha, defendeu que os recursos do Fundo Penitenciário Estadual sejam utilizados prioritariamente na capacitação dos agentes penitenciários. Ele disse que essa é uma das atribuições do fundo e que ela não tem sido cumprida pelo governo de Minas. O representante da Secretaria de Estado da Defesa Social disse que já existe uma proposta da Secretaria para capacitar os agentes e que ela será colocada em prática nos próximos meses.

Recursos federais para penitenciárias

Hilton Secundino Alves informou ainda, que Minas Gerais recebeu R$ 30 milhões do Fundo Nacional de Segurança Pública. Ele explicou que esses recursos são liberados para projetos específicos e não são destinados ao Fundo Penitenciário Estadual. Como exemplo, ele disse que os recursos federais foram utilizados para as penitenciárias de São Joaquim de Bicas, Pará de Minas e Uberlândia e para finalização das unidades de Francisco Sá e Juiz de Fora. Essas duas últimas unidades vão abrigar 800 presos, no total. "Nos próximos três meses pretendemos oferecer 1.100 vagas penitenciárias no Estado", informou. Pelo Fundo Penitenciário Nacional, o Estado recebeu R$ 20 milhões, de acordo com Secundino.

O problema da falta de vagas nas penitenciárias foi abordado pelos deputados Sargento Rodrigues e Rogério Correia, aproveitando a presença na reunião, do chefe da Divisão de Tóxicos e Entorpecentes, delegado Willian Leroy. Segundo ele, a delegacia que tem capacidade para abrigar 28 presos tem hoje 209, sendo que o limite tolerável é de 79 presos. Dessas pessoas, cerca de 45% já foram condenados, mas não cumprem pena em penitenciárias. A promessa de transferência de presos feita pelo secretário de Estado da Defesa Social, Lúcio Urbano, e pelo subsecretário de Administração Penitenciária, Agílio Monteiro, em reunião da comissão em setembro de 2003, foi lembrada pelos deputados. Segundo Sargento Rodrigues, a comissão irá realizar nova audiência com os secretários para saber como está o andamento das efetivas transferências.

Presenças - Compareceram à reunião os deputados Sargento Rodrigues (PDT), presidente; Rogério Correia (PT), Zé Maia e Domingos Sávio (PSDB). Além das autoridades citadas na matéria, participaram da reunião as representantes da Associação dos Defensores Públicos, Júnia Carvalho, e da Comissão de Direitos Humanos do Conselho Regional de Psicologia, Graziela Reis.

 

 

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