Audiência tenta evitar greve na Santa Casa de Ouro Preto

A Comissão de Saúde se reuniu nesta quinta-feira (20/5/04) em audiência pública para debater a precária situação fina...

20/05/2004 - 00:00
 

Audiência tenta evitar greve na Santa Casa de Ouro Preto

A Comissão de Saúde se reuniu nesta quinta-feira (20/5/04) em audiência pública para debater a precária situação financeira vivida pela Santa Casa de Misericórdia de Ouro Preto. Durante a reunião, os deputados e convidados ouviram do representante dos funcionários, Eduardo Passos, que se até na próxima segunda-feira (24) não houver uma solução para o pagamento dos salários atrasados, o atendimento na Santa Casa "vai parar completamente, sem sequer escala mínima".

O autor do requerimento para a realização da audiência, deputado Padre João (PT), pediu mais tempo aos servidores, alegando que os maiores prejudicados com a possível greve serão as famílias carentes da região. A Santa Casa de Ouro Preto é o único hospital da cidade que atende pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Padre João alertou, porém, que os funcionários realmente estão sem condições de trabalho, pois os salários estão três meses atrasados.

A dívida da instituição chega a R$ 1,6 milhão, segundo Ariston Oliveira, representante da Fundação L'Heritage, entidade que participa da gestão da Santa Casa ouropretana há um ano e quatro meses. Desse passivo, 40% refere-se a débitos com fornecedores. "A situação não é diferente nas demais Santas Casas do País", ponderou. O arcebispo metropolitano de Mariana, dom Luciano Mendes de Almeida, disse que Justiça já condenou, em última instância, a Prefeitura de Ouro Preto a quitar uma dívida de R$ 1 milhão com a Santa Casa, mas que o Executivo municipal não cumpre a decisão. Essa quantia, afirmou, seria suficiente para colocar débitos em dia e ajudaria na compra de novos equipamentos para o hospital.

Problema é gerencial, diz deputado

O deputado Neider Moreira (PPS) disse que a Santa Casa de Ouro Preto tem um grave problema de gestão. Ele comparou o faturamento da instituição com o da Santa Casa de sua cidade natal, Itaúna. Segundo Neider, o faturamento mensal bruto da Santa Casa de Ouro Preto, que tem 170 funcionários, é de R$ 100 mil (R$ 588 por servidor), enquanto que em Itaúna o valor chega a R$ 600 mil, sendo que a instituição tem 330 funcionários (R$ 1.818 por empregado). "Mesmo que a prefeitura pague a dívida de R$ 1 milhão, se não houver uma melhor gestão da Santa Casa de Ouro Preto, dentro de 12 meses a situação será a mesma de hoje", alertou.

O deputado Carlos Pimenta (PDT) concordou com Neider Moreira e acrescentou que a prefeitura, o Conselho Municipal de Saúde e a Câmara dos Vereadores devem deixar as brigas políticas de lado e buscar soluções objetivas. Ele disse que essa atitude foi tomada em Capitão Enéas, no norte de Minas, e que por isso o governo estadual pôde repassar os recursos necessários para a recuperação da Santa Casa daquele município.

O subsecretário de Estado de Políticas e Ações de Saúde, José Maria Borges, também afirmou que o problema é gerencial, mas ressalvou que a tabela do SUS, que remunera os procedimentos médicos, principalmente aqueles de média complexidade, está muito abaixo dos custos reais. Ele garantiu que, se os problemas políticos forem resolvidos em Ouro Preto, o governo do Estado está disposto a se esforçar para obter recursos para a Santa Casa.

Orçamento - O descumprimento, pelo governo do Estado, da Emenda Constitucional 29, que determina o investimento de 12% do orçamento em Saúde, foi lembrado pelo presidente da comissão, deputado Ricardo Duarte (PT). Segundo ele, deveriam ser investidos neste ano R$ 1,6 bilhão, mas o orçamento prevê apenas R$ 830 milhões. Duarte informou que somente o Hospital das Clínicas de São Paulo conta em 2004 com um orçamento de R$ 800 milhões. Ele prometeu que a comissão vai ajudar o secretário de Estado da Saúde, Marcus Pestana, a sensibilizar o governador para tentar solucionar o problema da Santa Casa de Ouro Preto, inclusive nas questões trabalhistas.

Já o vice-prefeito de Ouro Preto, João Bosco Perdigão, fez questão de deixar claro que falava como cidadão e disse que a situação da Santa Casa é muito parecida com a da Fundação Sorria, que atende a 5 mil crianças carentes. "Há cinco meses que a prefeitura não repassa verbas para a entidade", denunciou. Hilton Timóteo, do Conselho Municipal de Saúde, fez críticas ao que ele chamou de "exploração política" do caso Santa Casa.

Presenças - Participaram da audiência pública os deputados Ricardo Duarte (PT), presidente; Neider Moreira (PPS), Padre João (PT) e Carlos Pimenta (PDT), além dos seguintes convidados: dom Luciano Mendes de Almeida, José Maria Borges, Eduardo Passos, João Bosco Perdigão, Ariston Oliveira, Lúcio Passos da Silva e Hilton Timóteo.

 

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