ALMG debate desenvolvimento sustentável do cerrado, em Uberlândia

Alternativas para o desenvolvimento sustentável do cerrado serão debatidas nesta sexta-feira (21/5/04) durante o enco...

19/05/2004 - 00:01
 

ALMG debate desenvolvimento sustentável do cerrado, em Uberlândia

Alternativas para o desenvolvimento sustentável do cerrado serão debatidas nesta sexta-feira (21/5/04) durante o encontro regional preparatório para o Fórum Técnico "Cerrado mineiro: desafios e perspectivas". Esse fórum acontecerá em Belo Horizonte, nos dias 14 e 15 de junho. O encontro regional, que será realizado na Universidade Federal de Uberlândia (Campus Santa Mônica - Bloco B), começa com o credenciamento dos participantes, às 8 horas, e tem término previsto para as 17 horas. A realização do fórum atende a requerimento do deputado Ricardo Duarte (PT) e tem o objetivo de levantar subsídios sobre o cerrado mineiro e aperfeiçoar as políticas públicas para o setor.

Para o deputado, o evento é também a oportunidade de iniciar um debate sobre a importância de se conhecer o bioma do cerrado, o segundo maior do Brasil. "O cerrado sempre foi desvalorizado em termos de produtividade, mas suas fauna e flora são pouco conhecidas. Hoje sabemos que o cerrado pode ser extremamente produtivo", destacou. Ricardo Duarte demonstra ainda preocupação com o intenso desmatamento que atinge a região, em virtude, sobretudo, do avanço do agronegócio.

A abertura do encontro regional de Uberlândia, às 8h30, será feita pelo deputado Ricardo Duarte, que representará o presidente da Assembléia, deputado Mauri Torres (PSDB); pelo prefeito e pelo presidente da Câmara Municipal de Uberlândia, Zaire Rezende e Tenente Lúcio; e pelo reitor da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Arquimedes Diógenes Ciloni. Às 9 horas, os professores dos Institutos de Economia, de Geografia e de Biologia da UFU, César Antônio Ortega, Rosselvelt José Santos e Kleber Del Claro, farão uma exposição, seguida de debate, com o tema: "O cerrado mineiro e sua ocupação: as vertentes social, econômica e ambiental".

Debates em grupos - A partir das 10h30, três grupos de trabalho vão se reunir para debater propostas relativas aos seguintes temas: "Conservação, potencialidades e biodiversidade", coordenado pelo Ibama; "Desenvolvimento e sustentabilidade", sob a coordenação da Epamig; e "Políticas para a pesquisa do cerrado", que será coordenado pela UFU. As sugestões apresentadas pelos grupos serão sintetizadas e apresentadas na plenária que começa às 16 horas.

Estudo da UFU faz levantamento sobre cerrado

Segundo estudo do Instituto de Geografia da UFU, o cerrado caracteriza-se pela presença de árvores relativamente espaçadas umas das outras, com altura máxima de oito metros, cujas copas não se tocam. Erguem-se sobre um tapete herbáceo com predominância de gramíneas. As árvores e arbustos apresentam galhos e troncos tortuosos. Embora o cerrado seja a vegetação dominante desse bioma, há também nele formações campestres (campos limpos, onde predomina o extrato herbáceo) e formações florestais (cerradões, matas secas e matas ciliares). O cerrado, que cobre cerca de 50% da área total do Estado, possui solos ácidos e pobres em nutrientes, tornando-se adequado às atividades agropecuárias, o que vem provocando sérios problemas de devastação.

No Brasil, a província do cerrado inclui a parte do sul do Mato Grosso, todo o Estado de Goiás, Tocantins, Mato Grosso do Sul, oeste da Bahia, oeste de Minas Gerais e o Distrito Federal. A partir do Brasil central, estende-se para o norte atingindo o sul do Maranhão e norte do Piauí, para o oeste, cobrindo pequena porção do Estado de Rondônia e para o sul, cobrindo um quinto do Estado de São Paulo. Ocorre, também, em certas partes do Nordeste, em áreas pequenas e disjuntas, encravadas na Província da Caatinga.

Destruição - De acordo com o estudo da UFU, o cerrado, em todo território mineiro, vem passando por um processo de erradicação, sem sequer ter sido estudado. A bibliografia referente ao tema se traduz em uma série de trabalhos isolados, inexistindo estudos sistemáticos e globais. A utilização inicial do cerrado ocorreu ainda no período colonial, servindo como suporte para pecuária extensiva. Apesar do uso generalizado do fogo, como principal instrumento de limpeza e de manejo de pastagens, o cerrado chegou, até a década de 50, sem ter sua estrutura original descaracterizada.

A partir da II Guerra Mundial, com a instalação da indústria siderúrgica em Minas Gerais, fundamentada no carvão vegetal como combustível, o cerrado teve uma nova etapa de utilização. O corte das árvores para a produção de carvão vegetal foi realizado sem nenhum controle ambiental. O estudo aponta ainda outras formas de exploração com objetivo econômico que contribuíram para a devastação do cerrado, como o plantio em larga escala de espécies de eucaliptus e pinus, o uso abusivo e incorreto dos processos de irrigação e a expansão descontrolada do garimpo.

Patrimônio não reconhecido - O domínio dos cerrados, apesar de abranger mais da metade do Estado, ainda não foi reconhecido como patrimônio natural. O estudiosos da UFU esperam que o levantamento realizado pelo Instituto de Geografia da Universidade possa ajudar no reconhecimento do cerrado como Reserva da Biosfera pelo Conselho Coordenador Internacional do Programa Homem Biosfera (MAB) da Unesco, obtendo tratamento conjunto e integrado em todo seu domínio. "A grande importância de se ter estas áreas protegidas fundamenta-se na manutenção de seus recursos ambientais, principalmente, de diversidade genética, que funcionam como banco de germoplasmas e refúgio de fauna. Serão consideradas futuras áreas de pesquisas, de experimentação científica e de comparação com áreas congêneres para fins de manejo sustentado", afirma o estudo.

 

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