IMA não tem condições de fazer defesa sanitária vegetal

Técnicos do governo especialistas em defesa agropecuária compareceram à audiência pública da Comissão de Política Agr...

18/05/2004 - 00:00
 

IMA não tem condições de fazer defesa sanitária vegetal

Técnicos do governo especialistas em defesa agropecuária compareceram à audiência pública da Comissão de Política Agropecuária e Agroindustrial da Assembléia Legislativa, realizada nesta terça-feira (18/5/04) para subsidiar a discussão do Projeto de Lei 639/2003. De autoria do deputado Leonardo Moreira (PL), o projeto dispõe sobre a defesa agropecuária e cria um fundo estadual a ser formado por multas e doações de pessoas físicas e jurídicas.

O requerimento partiu do relator do projeto, deputado Doutor Viana (PFL), que informou a chegada de um projeto do governador, tratando da mesma matéria. Este será anexado ao de Moreira e deve dar origem a um substitutivo. "Já sabemos que, em termos de defesa sanitária animal, prevenção e controle de zoonoses, o trabalho do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) é amplo. Mas a fiscalização sanitária vegetal em Minas é deficiente e carece de legislação específica", disse Doutor Viana.

O diretor técnico do IMA, Pedro Hartung, enumerou várias críticas ao PL 639/03, alegando que a matéria é amplamente disciplinada na legislação em vigor. "Acho complicado misturar competências das secretarias de Agricultura, da Saúde e do Meio Ambiente, subordinando nossas ações às das outras pastas. Também não vejo como poderá ser criado o fundo pretendido através de multas. Somos favoráveis a ações educativas, e não às multas, porque o produtor já está por demais penalizado. Não temos amparo legal para fazer defesa sanitária vegetal. Essa competência foi retomada pelo Ministério da Agricultura", opinou Hartung.

Marcos Fabre, diretor técnico da Emater, endossou a exposição do IMA em todos os pontos e acrescentou mais um: o preço dos insumos, que já onera insuportavelmente o produtor. Disse que o produto para combater a ferrugem asiática custava R$ 150,00 o litro, suficiente para cobrir apenas um hectare, e que, com o aumento da demanda, os fabricantes aumentaram para R$ 190,00. "O trator agrícola dobrou de preço em dólar nos últimos dez anos, enquanto o carro popular aumentou apenas 20%", reclamou.

Os depoimentos de Ronaldo Pedrosa Gomes, do Ministério da Agricultura, e de Márcio Carvalho, da Federação da Agricultura de Minas Gerais (Faemg), seguiram a mesma linha. "O produtor não suporta mais uma taxa, tributo ou custo", disse Carvalho. Artur Gonçalves Filho, da Epamig, revelou que a empresa de pesquisa disponibilizou três novos cultivares de café, resistentes a nematóides e ferrugem, mas que o IMA não tem condições de fiscalizar a livre multiplicação de cultivares.

Doutor Viana relatou que a exportação de soja contaminada por agrotóxicos para a China tinha fechado esse mercado para o produto brasileiro. O deputado Luiz Humberto Carneiro disse que culpa era do governo: "Os órgãos que emitem laudos cobram para emiti-los, mas não fiscalizam como deveriam", acusou.

O relator Doutor Viana ainda tirou outras dúvidas sobre os recursos humanos da fiscalização e sobre as pragas que ameaçam a produção vegetal. Hartung esclareceu que o IMA tinha 1.728 funcionários. Hoje esse número caiu para 1.038, grande parte deles administrativos. Esclareceu que as piores pragas são os nematóides de três estirpes na cafeicultura, a ferrugem asiática na soja, a morte súbita de origem desconhecida nos citros, e a sigatoka que ataca os bananais no Jaíba. "Ao todo lidamos com 220 pragas quarentenárias, que deveriam ser monitoradas nas fronteiras, para não acontecerem infestações como a do bicudo do algodoeiro, que destruiu a cotonicultura em Minas e Bahia há 20 anos.

Pareceres - Foi aprovado o parecer de 2o turno favorável ao Projeto de Lei 1.290/2003, do deputado Ricardo Duarte (PT), que dispõe sobre o incentivo à aqüicultura nas grandes represas hidrelétricas do Estado. O relator, deputado Luiz Humberto Carneiro (PSDB), opinou pela aprovação do projeto sem novas alterações. Assim, o projeto passa a incentivar o uso de tanques-rede nas barragens, com prioridade para as espécies nativas de cada região. O presidente retirou de pauta os PLs 1.290/2003 e o 639/2003. Também foram aprovados três requerimentos.

Presenças - Participaram da reunião os deputados Padre João (PT), que a presidiu; Doutor Viana (PFL) e Luiz Humberto Carneiro (PSDB).

 

 

 

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