Sociedade entre Petrobras e Gasmig aumentará mercado de gás
natural
A reestruturação da Companhia de Gás de Minas
Gerais (Gasmig), empresa pertencente à Cemig, a partir da venda de
até 49% de suas ações para a Petrobras, pode incrementar o mercado
de gás natural em Minas Gerais. Com a nova composição acionária,
prevê-se que a empresa mineira aumente sua capacidade de produção de
GN dos atuais de 3,5 milhões m3/dia para um volume de 10
milhões m3/dia. A defesa da sociedade entre as empresas
foi feita pelo secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico,
Wilson Brumer, primeiro expositor do Ciclo de Debates "Gás Natural
para o Desenvolvimento", realizado pela Assembléia Legislativa de
Minas Gerais na manhã desta segunda-feira (17/5/04), a requerimento
do deputado Alencar da Silveira Jr. (PDT). A abertura do evento foi
feita pelo presidente da Assembléia Legislativa, deputado Mauri
Torres (PSDB).
"Vários segmentos da economia mineira passarão a
ser muito mais competitivos com o gás natural e o acordo com a
Gaspetro será fundamental para esse incremento. Os números atuais
são modestos em função do grande potencial do Estado", defendeu o
secretário Wilson Brumer, lembrando que a empresa mineira tem hoje
228 clientes. Segundo ele, as regiões com maiores potenciais de
expansão desse mercado são Sul, Triângulo, Vale do Aço e Grande BH.
Nas regiões do Estado onde não houver potencialidade para o mercado
de gás, a proposta, de acordo com o secretário, é transportar o
produto por meio de gasodutos virtuais.
A execução dos projetos de incremento do mercado de
GN em Minas, até o ano de 2008, prevê investimentos da ordem de U$
475 milhões. A proposição de lei prevendo a participação da
Petrobras no capital da Gasmig deve tramitar na Assembléia
Legislativa, mas, antes de ser enviada à Casa, adiantou o
secretário, a discussão será levada aos conselhos administrativos
das duas empresas - no caso da Gasmig, ainda no mês de maio. Wilson
Brumer lembrou que já existe uma autorização legislativa de
sociedade, mas, nela, a participação da Petrobras é limitada a
25%.
Política não contemplou Minas
"A Petrobras está significativamente ausente da
distribuição de gás nos três maiores centros do País: São Paulo, Rio
de Janeiro e Minas Gerais. Hoje, Minas está aquém do consumo do
produto, mas pode aumentar os investimentos em GN, que é vantajoso
para transporte, indústria e eficiência energética", afirmou o
diretor de Gás e Energia da Petrobras, Ildo Luiz Sauer, referindo-se
à antiga política de gás natural adotada pela empresa. De acordo com
ele, as negociações para o acordo entre a Petrobras e a Gasmig foram
iniciadas há oito meses.
Ildo Luiz Sauer ressaltou que, se não houver
qualquer nova descoberta de gás natural no País, o Brasil tem
reservas asseguradas para 20 anos. "Diferentemente do petróleo, uma
empresa só pode anunciar reserva de gás quando tem um mercado
assegurado e previsão de investimento em infra-estrutura", disse. Em
2003, o volume da produção de gás natural no Brasil, vendido e
consumido pela própria Petrobras, atingiu 15,8 bilhões
m3, ou 43 milhões m3/dia. "Concluídos todos os
investimentos em andamento e em estudo, o País terá uma grande malha
interligada de gasoduto", projetou.
Até o ano de 2025, estima-se que seja duplicada a
demanda mundial de oferecimento e consumo do gás natural, que tem o
menor impacto ambiental entre os combustíveis energéticos. Hoje, os
principais países consumidores são Estados Unidos, Rússia,
Inglaterra, Alemanha, Japão e Ucrânia. "A participação do GN na
matriz energética depende de investimentos de infra-estrutura. É uma
indústria peculiar, pois precisa de simultaneidade da produção ao
consumo final", enfatizou o diretor da Petrobras, lembrando que o
mercado ainda é modesto na América do Sul e na Ásia.
Ministério irá definir mercados
A secretária de Petróleo e Gás do Ministério das
Minas e Energia, Maria das Graças Silva Foster, que representou a
ministra Dilma Rousseff, ressaltou que a política energética de
petróleo e gás natural desenvolvida pelo governo federal objetiva
integrar uma bolsa de combustível diversificada no País. Ela afirmou
que não há, hoje, fixação de metas para participação do gás natural,
pois é preciso antes definir os mercado real e potencial projetados
para o setor, "desenhando a participação com as grandes companhias
energéticas". A secretária destacou, ainda, que não há como debater
a ampliação do gás natural sem se considerar as fontes renováveis:
"A produção de hidrocarbonetos no Brasil supera 42 milhões
m3/dia. Apenas 3% das bacias sedimentares estão em
exploração. Temos grande esperança de aumentar a produção de
combustível", salientou.
Uma necessidade para o setor, segundo afirmou a
secretária de Petróleo e Gás do Ministério das Minas e Energia, é a
definição de uma Lei do Gás Natural, uma vez que o GN é tratado
timidamente na Lei do Petróleo. A previsão para a formulação do
texto é até o final do mês de julho. Segundo Maria das Graças
Foster, os debates sobre o assunto serão intensos e terão a
participação das distribuidoras. "São objetivos do governo federal a
integração energética entre as reservas e dutos do País e, também,
reservas de hidrocarbonetos com a Argentina e a Bolívia", afirmou.
Ao destacar as vantagens do gás natural em relação aos demais
combustíveis, a secretária citou maior previsibilidade de preço e
garantia de não-adulteração, já que o produto não é
manuseado.
Presidente lembra crise energética
Na abertura do Ciclo de Debates "Gás Natural para o
Desenvolvimento", realizado nesta quinta-feira (17), o presidente da
Assembléia Legislativa, deputado Mauri Torres (PSDB), destacou a
necessidade de que o Brasil tenha investimentos seguros e
planejados, aproveitando adequadamente alternativas que compõem sua
matriz energética. "As vantagens comparativas do gás natural, como
as relacionadas a reservas, ao custo e ao meio ambiente, são
amplamente conhecidas, mas as indústrias e os consumidores em geral
precisam de segurança para adotar continuadamente esse combustível",
considerou o presidente.
"Empresas e usuários precisam ter a garantia do
fornecimento do produto, de uma ampla rede de distribuição e
abastecimento e de preços competitivos, para que não se sintam
frustados ou iludidos, como ocorreu no passado, quando impelidos a
substituir a gasolina pelo álcool", continuou Mauri Torres. Outro
exemplo de falta de planejamento citado pelo presidente da
Assembléia foi a recente crise de energia elétrica vivida pelo País,
que levou o governo a impor medidas de racionamento. "Essa crise, é
oportuno que se diga, não foi devidamente superada, levando em conta
o crescimento previsto da demanda e a oferta de energia disponível
para atendê-la", completou, acrescentando que o gás natural tem
grande potencial de utilização e bons resultados.
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