Secretário defende inclusão de Pitangui em roteiro
turístico
Mais importante do que incluir Pitangui na Estrada
Real é priorizar a inclusão do município em um circuito turístico do
Estado. Essa foi a principal constatação do secretário de Estado de
Turismo, Herculano Anghinetti, presente à audiência da Comissão de
Turismo, Indústria e Comércio da Assembléia Legislativa, nesta
quinta-feira (13/5/04), em Pitangui. Para o secretário, o circuito
turístico (definido como vários municípios de uma região ligados por
similaridades históricas, gastronômicas, naturais etc) é o caminho
para o desenvolvimento do turismo nas cidades mineiras. Segundo
Anghinetti, uma vez criado, o circuito deve passar por certificação,
sendo que para isso, cada município deve concluir seu inventário
turístico. O secretário, deputados e outros convidados, foram
ouvidos por mais de 200 pessoas que lotaram o salão paroquial da
igreja matriz da cidade.
Especificamente sobre a inclusão de Pitangui na
Estrada Real, o secretário disse que não há qualquer impedimento da
parte dele e que os estudos sobre o assunto serão concluídos "com a
maior brevidade possível". "Dos 853 munícipios, só 162 estão na
Estrada Real, 691 não. E todos eles têm que descobrir sua vocação
turística", acrescentou, trazendo algumas sugestões para o
incremento da atividade em Pitangui. Considerando sua vocação para a
pecuária leiteira, o município poderia, na opinião de Anghinetti,
explorar o turismo rural, transformando fazendas em pousadas rurais.
Outro caminho apontado por ele foi a de que Pitangui entrasse para a
Associação das Cidades Históricas de Minas Gerais. "O associativismo
é a base para o desenvolvimento", reforçou.
Pitangui participou do ciclo do ouro, diz
historiadora
A historiadora e vice-presidente do Centro de
Estudos do Caminho Novo, Maria Consoladora de Paiva Fam, apresentou
dados embasando a inclusão na Estrada Real de Pitangui, sétima vila
do ouro das Minas Gerais, fundada em 1715. De acordo com ela, no fim
do século XVIII, os bandeirantes começaram seus caminhos em direção
às minas, espalhando-se para a região onde hoje se situa Pitangui.
"Me causa estranheza Pitangui não estar no circuito da Estrada Real;
no século XVIII, ela fazia parte do circuito do ouro", reclamou a
historiadora.
Ela mostrou um mapa com o chamado caminho de Goiás:
ele passava por Curral Del Rey (atual Belo Horizonte), Mateus Leme,
chegava a Pitangui, passando depois pelos rios Indaiá, Abaeté e
chegava a Paracatu. Desta cidade ia até Santana de Vila Boa de
Goiás, atual cidade de Goiás. As razões para esse caminho ser
chamado de Estrada Real seriam duas, segundo Maria Consoladora: a
Coroa Portuguesa considerava como estrada real aquela que tinha
postos de cobrança de imposto, situados nas entradas das capitanias
- em Minas Gerais, um desses postos estava na estrada
Pitangui-Paracatu-Goiás. Além disso, relatos de dois viajantes do
século XIX - o barão W. L. Von Eschwege e Johan Emanuel Pohl - que
passaram pela região, referiram-se a esse caminho também como
Estrada Real.
Deputados defendem Pitangui no roteiro
Todos os deputados presentes foram unânimes na
defesa da inclusão de Pitangui na Estrada Real. Roberto Carvalho
(PT) lamentou que a cidade não tenha obtido o devido reconhecimento
histórico. "Pitangui tem que ser incluída na Estrada Real, para que
tenha não só passado, mas também presente e futuro", defendeu ele.
Concordando com ele, o deputado Antônio Júlio (PMDB) afirmou que
"Pitangui tem que fazer parte da história de Minas Gerais". O
parlamentar valorizou a importância de aglutinar a população da
cidade na defesa da inclusão no roteiro.
A deputada Maria Olívia (PSDB) destacou o projeto
de lei de sua autoria que deu origem à Lei Estadual 13.464, de 2000,
já regulamentada, que criou o Fundo Estadual de Recuperação do
Patrimônio Histórico, Artístico e Arquitetônico (Funpat). Ela
completou que agora está empenhada em fazer o fundo sair do papel.
Outra luta defendida pela parlamentar foi a de "convencer o mineiro
a conhecer Minas Gerais". "O mineiro não conhece seu próprio
Estado", enfatizou. Sobre a inclusão de Pitangui na Estrada Real,
Maria Olívia declarou que iria lutar por isso: "É um direito da
cidade; não é um favor que estamos fazendo, é uma obrigação que
temos com Pitangui, que também escreveu a história de Minas".
Em resposta a uma sugestão do secretário de
Turismo, o deputado Paulo Cesar (PFL), presidente da comissão,
informou que já havia encaminhado requerimento à secretaria. No
pedido, ele solicita a criação de um novo roteiro incluindo
Pitangui, Leandro Ferreira e cidades vizinhas em torno do turismo de
caráter religioso. Paulo Cesar anunciou também que o governador de
Goiás havia ligado para Aécio Neves solicitando a extensão da
Estrada Real até Goiás Velho.
Grutas - Ainda na reunião,
representantes do Circuito das Grutas (que inclui Lagoa Santa, Pedro
Leopoldo, entre outras) e do município de Campanha, no Sul de Minas,
reivindicaram a inclusão também dessas localidades na Estrada Real.
Antes do início da audiência, foi assinado um termo de cooperação
técnico científico entre a Prefeitura de Pitangui e a Fundação
Educacional de Divinópolis (Funedi), faculdade integrada à Uemg. O
convênio prevê a organização e conservação de documentos da Câmara
Municipal de Pitangui dos séculos XVIII e XIX, que integram o acervo
do arquivo judiciário do Instituto Histórico da cidade.
Requerimentos - Como
resultado da reunião, a comissão aprovou três requerimentos, dois
deles de autoria dos quatro deputados presentes, e um de autoria do
deputado Roberto Carvalho. Os primeiros solicitam ao secretário de
Estado de Turismo que proceda a estudos para a inclusão de Pitangui
na Estrada Real e em outras rotas turísticas estaduais; e ao
presidente da Assembléia que realize debate público sobre turismo
rural, com a participação do secretário Anghinetti. O requerimento
de Roberto Carvalho solicita audiência pública em Santos Dumont para
discutir o turismo na reunião, também convidando o secretário de
Turismo.
Presenças - Participaram
da reunião os deputados Paulo Cesar (PFL), presidente da comissão;
Maria Olívia (PSDB), vice; Antônio Júlio (PMDB) e Roberto Carvalho
(PT). Além dos convidados citados na matéria, participaram também o
prefeito, o secretário de Cultura e o presidente da Câmara Municipal
de Pitangui, respectivamente, José Eduardo Lopes Cançado, José Luiz
Peixoto e Messias Júlio de Abreu; o prefeito de Conceição do Pará,
Procópio Celso de Freitas; o pesquisador e historiador Guaraci de
Castro; o presidente do Conselho do Patrimônio Cultural de Pitangui,
Marcos Faria, o presidente da Funedi, Gilson Soares; a presidente da
Sociedade Amigas da Cultura de Pitangui, Maria José Valério; além de
outros vereadores do município.
|