Promotor faz balanço de atividades sobre direitos humanos

O Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça de Defesa dos Direitos Humanos, Apoio Comunitário e Conflitos...

13/05/2004 - 00:00
 

Promotor faz balanço de atividades sobre direitos humanos

O Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça de Defesa dos Direitos Humanos, Apoio Comunitário e Conflitos Agrários, do Ministério Público, apresentou o balanço de atividades do ano passado, durante reunião extraordinária da Comissão de Direitos Humanos, nesta quinta-feira (13/5/04). O relatório foi apresentado na comissão por sugestão de seu presidente, deputado Durval Ângelo (PT), e a reunião foi transmitida ao vivo pela TV Assembléia a diversas câmaras municipais. Segundo o coordenador do Centro de Apoio Operacional (CAO), procurador Afonso Henrique de Miranda Teixeira, houve um aumento de mais de 50% no número de casos denunciados de tortura por policiais civis e militares no ano passado, em relação ao ano anterior.

Enquanto em 2002 foram denunciados por tortura 86 policiais civis e militares no Estado, em 2003, este número subiu para 149. Também os casos de abuso de autoridade cresceram de 211 policiais para 232, de um ano para outro. Mas o procurador destacou que isso não significa que houve aumento de tortura ou de abuso de poder, mas sim que há mais denúncias, fruto do trabalho das promotorias e dos órgãos que trabalham com direitos humanos.

Opinião igual foi compartilhada pelo procurador-geral de Justiça do Estado, Nedens Ulisses Vieira. Integrando a mesa da reunião, ele pediu cuidado na análise do relatório, adiantando que o aumento nos números não indica que, no Estado, tortura-se ou se abusa do poder mais do que em outras regiões. "Apenas nosso trabalho tem resultado em mais denúncias e apuração", disse.

Procurador-geral destaca parceria com Assembléia

Nedens Ulisses destacou que a Promotoria de Defesa dos Direitos Humanos de Minas, criada há 10 anos, serviu de referência para as demais no País. Ele disse ainda que, ao assumir a direção da Procuradoria, há quatro anos, teve como uma de suas metas oferecer instrumentos para que os colegas da área atuassem melhor. Por isso foi criado o Centro de Apoio Operacional, que tem como um dos principais parceiros a Assembléia Legislativa, por meio da Comissão de Direitos Humanos, segundo Nedens Ulisses. O Centro de Apoio foi criado com a ampliação da Promotoria de Defesa dos Direitos Humanos, incluindo assuntos comunitário e os conflitos agrários, por lei complementar, oferecendo aos promotores os instrumentos jurídicos para sua atuação.

Afonso Henrique Teixeira relatou a atuação do CAO nos conflitos agrários, com a denúncia de casos de milícias armadas no Triângulo, Noroeste e Norte e Sul de Minas. O relatório cita os resultados das inspeções em Campina Verde e Santa Bárbara, no Triângulo, com a denúncia oferecida à Justiça contra 11 fazendeiros e 19 jagunços, em duas fazendas. O promotor destacou o arquivamento do processo aberto pela Polícia Federal contra os sem-terra que ocuparam a fazenda do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em Buritis, onde o CAO exerceu sua primeira ação.

Mudança na lei - O coordenador do CAO pediu aos deputados que se integrem à luta pela mudança na lei de abuso de autoridades, que tem pena hoje de seis meses. Os promotores de todo o País defendem o aumento da pena para três anos. Afonso Henrique Teixeira defendeu ainda o poder de investigação dado ao Ministério Público pela Constituição, que, segundo ele, está sendo questionado por vários órgãos ligados a entidades policiais e por membros do Congresso Nacional.

O deputado Durval Ângelo fez inúmeras intervenções lembrando casos de atuação conjunta da Comissão de Direitos Humanos e da Promotoria de Defesa dos Direitos Humanos. Segundo ele, o relatório não é só estatístico, mas traduz um caminho para melhorar a luta dos direitos humanos no Estado. Citando o verso do poeta Thiago de Melo "faz escuro, mas eu canto", o deputado lembrou que a atuação do Ministério Público mineiro é uma luz para onde há violência dos direitos do cidadão. Ele afirmou ainda que o relatório é um termômetro para se apurar se políticas de direitos humanos estão sendo implantadas.

O vice-presidente da comissão, deputado Roberto Ramos (PL) destacou a coragem daqueles que lutam em defesa dos direitos humanos, afirmando que o relatório significa o empenho de todos que se dedicam a lutar por um mundo mais justo. Após a apresentação do relatório, o procurador Afonso Henrique respondeu a perguntas dos participantes e outras encaminhadas por telefone do interior, como Teófilo Otoni e Iturama.

Requerimento - Na reunião, foi aprovado requerimento do deputado Biel Rocha (PT), em que ele solicita manifestação de repúdio pelas medidas econômicas e políticas tomadas pelos Estados Unidos contra Cuba. A moção é para ser encaminhada à embaixadora dos Estados Unidos no Brasil, Donna Hrinak.

Presenças - Participaram da reunião os deputados Durval Ângelo (PT), presidente da comissão; Roberto Ramos (PL), vice; Biel Rocha (PT), Mauro Lobo (PSB) e Weliton Prado (PT), além dos convidados citados na matéria e o procurador-geral adjunto do Estado, Rômulo Ferraz, e representantes de diversas entidades de defesa dos direitos humanos.

 

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