Capixabas reivindicam royalties da Usina de Aimorés

A bancada do Espírito Santo na Cipe Rio Doce quer um estudo de sua Secretaria da Fazenda sobre as perdas de ICMS para...

11/05/2004 - 00:01
 

Capixabas reivindicam royalties da Usina de Aimorés

A bancada do Espírito Santo na Cipe Rio Doce quer um estudo de sua Secretaria da Fazenda sobre as perdas de ICMS para o Estado quando entrar em operação a Usina Hidrelétrica de Aimorés. Na reunião que durou oito horas desta terça-feira (11/5/04), realizada na Assembléia Legislativa do Espírtio Santo, em Vitória, deputados capixabas e lideranças de Baixo Guandu (ES) criticaram o fato de a casa de força da usina ter sido construída rente à divisa de Minas Gerais e Espírito Santo, gerando impactos sociais e ambientais sobre Baixo Guandu, sem beneficiar com royalties aquele município capixaba.

As compensações cabem legalmente apenas aos municípios que terão terras inundadas pelo reservatório, que são Aimorés, Itueta e Resplendor, todos em Minas Gerais. A UHE Aimorés, que está sendo construída em parceria pela Cia. Vale do Rio Doce e pela Cemig, é projetada para gerar 330 megawatts e sua conclusão está prevista para outubro próximo.

O presidente da Cipe, deputado Paulo Foletto (PSB-ES), disse que vai cobrar compensações financeiras proporcionais à perda de receita, e exigir que o Ibama tome uma decisão sobre as condicionantes ambientais que não vem sendo cumpridas. Representantes do consórcio construtor (CVRD e Cemig) vão se reunir com Foletto na próxima semana para resolver as questões pendentes.

O representante de Minas na reunião da Cipe Rio Doce em Vitória foi o deputado mineiro José Henrique (PMDB). Para ele, o consórcio construtor da usina vem atenuando os impactos da obra sobre Baixo Guandu, com a construção de um hospital e outros benefícios. "Além disso, Baixo Guandu já recebe os bônus da usina de Mascarenhas, que está em seu território", argumentou.

José Henrique está mais preocupado com as questões ambientais para as quais o consórcio não conseguiu dar solução, como o canal que pode deixar poças de água parada durante o período de baixa vazão e facilitar a propagação de doenças. E também com as questões sociais pendentes, como a escassa indenização aos moradores de Resplendor que serão removidos e as reclamações dos moradores de Itueta quanto às casas da nova cidade que está sendo construída.

Impasses cercam implantação do Parque de Comboios

O deputado mineiro não acredita que a pressão dos capixabas possa impedir o Ibama de conceder a licença de operação à usina, nem que seja concedida compensação financeira por possíveis danos ambientais ao Espírito Santo. "Após a construção de Mascarenhas, os pescadores das cidades mineiras nunca mais conseguiram capturar lagostas no Rio Doce, e ninguém recebeu indenização por esse dano ambiental", exemplificou.

José Henrique propôs para a segunda quinzena de junho uma reunião da Cipe em Belo Horizonte para tratar de outra pendência: a destinação de recursos do consórcio ao Parque Estadual de Sete Salões, que ocupará parte do território de Santa Rita do Itueto. Estão reservados R$ 1,7 milhão para esse parque, criado em 1998. Mas a área de grutas é reivindicada pelos índios krenaks, que acreditam viverem ali os espíritos de seus ancestrais. Uma ação do Ministério Público Federal em favor dos índios embarga a implantação do parque. Há informações de que os índios pretendem também que esse dinheiro lhes seja entregue. Os deputados mineiros pretendem agir politicamente para resolver os impasses que cercam a implantação do parque.

A reunião de Vitória produziu outros avanços, segundo os consultores que assessoram a Cipe. Decidiu-se que as novas reuniões serão setoriais, num formato mais produtivo do que a de coleta universal de queixas. Decidiu-se ainda incorporar um relatório alternativo feito pela Universidade Federal do Espírito Santo, que aponta insuficiências no Estudo de Impacto Ambiental e no Relatório de Impacto Ambiental (Eia-Rima) adotado pelo Ibama para dar a licença de instalação.

Presenças - Participaram os deputados Paulo Foletto (PSB-ES), presidente da Cipe Rio Doce; Cláudio Vereza (PT-ES), presidente da Assembléia Legislativa do Espírito Santo; José Henrique (PMDB-MG), relator da Cipe; e Gilson Amaro (PRTB), coordenador da bancada capixaba.

 

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