Deputados vão visitar reserva pataxó atingida por
incêndio
Os deputados da Comissão de Meio Ambiente e
Recursos Naturais da Assembléia Legislativa vão visitar, no final de
maio, a reserva indígena Pataxó, em Carmésia, no Vale do Rio Doce. O
objetivo da visita, que será na quarta-feira (26/5/04), é avaliar as
conseqüências do incêndio que atingiu a reserva entre os dias 17 e
24 de outubro do ano passado e comprometeu a sobrevivência da tribo.
A visita foi solicitada pelo deputado Doutor Ronaldo (PDT),
vice-presidente da comissão.
O fogo devastou cerca de 2 mil hectares de Floresta
Atlântica da reserva indígena, atingindo também fazendas e áreas de
mata nativa na região. Com a destruição da floresta, uma das
principais atividades econômicas dos índios foi prejudicada - o
artesanato. Da mata eles extraíam sementes e fibras para a confecção
de colares e taquaras para a produção de arcos e flechas. A
apicultura, outra fonte de subsistência dos pataxó, também foi
prejudicada pelo incêndio. Cerca de 90% da produção de mel foi
perdida.
A produção agrícola da tribo também foi afetada
pelo fogo. Os índios plantam banana, milho, feijão e mandioca, e as
lavouras foram queimadas ou pisoteadas pelo gado das fazendas
vizinhas, já que sete quilômetros da cerca que delimita a reserva
foram destruídos pelo fogo. Os pataxó praticam a agricultura em 50
hectares dos 3.270 hectares da reserva. O incêndio também afetou 20
das 39 nascentes localizadas dentro da terra dos índios.
O fogo foi combatido por bombeiros, funcionários do
Instituto Estadual de Florestas (IEF) e índios, dos quais quatro
ficaram feridos. Relatório do IEF encaminhado ao Ministério Público
indica que o incêndio teve início em queimadas clandestinas nas
fazendas vizinhas à reserva. Passados seis meses, os índios reclamam
que nenhuma providência foi tomada para punir os responsáveis. Os
pataxó também reivindicam apoio do governo para restabelecerem suas
atividades econômicas. Segundo a assessoria do deputado Doutor
Ronaldo, a situação da tribo já é crítica, e os índios estão
sobrevivendo às custas de doações de cestas básicas.
Ao todo, vivem na reserva cerca de 300 índios, a
maioria crianças. Os pataxó são originários do sul da Bahia, de onde
vieram para Minas Gerais fugindo da ação violenta da polícia baiana
nos anos 70. Nessa década, os pataxó também perderam boa parte de
suas terras na Bahia com a demarcação do Parque Nacional de Monte
Pascoal, com 23 mil hectares. Sua situação em Minas foi regularizada
em 1984, quando o então governador Tancredo Neves lhes doou a
Fazenda Guarani em Carmésia.
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