Síndica do JK se defende e pede apuração de denúncias

A Comissão de Direitos Humanos da Assembléia vai reforçar o pedido, aos órgãos competentes, de apuração das denúncias...

05/05/2004 - 00:00
 

Síndica do JK se defende e pede apuração de denúncias

A Comissão de Direitos Humanos da Assembléia vai reforçar o pedido, aos órgãos competentes, de apuração das denúncias contra a síndica do Conjunto JK, Maria Lima das Graças, informou o presidente da comissão, deputado Durval Ângelo (PT). Na reunião desta quarta-feira (5/5/04), que ouviu a síndica, a comissão aprovou requerimento do deputado Roberto Ramos (PL) pedindo cópias autenticadas do regimento interno e das atas de reuniões do condomínio, em caráter de urgência. Na reunião, Maria das Graças se defendeu, afirmando que coloca todos os documentos à disposição da comissão.

A síndica reclamou de perseguição: "Não agüento mais tantas acusações. Quem fez as denúncias, inclusive a de que eu seria mandante do assassinato de Jair Olímpo Júnior, também deve ser investigado". Antes do término das investigações da Polícia, que indicou ligação do assassinato a um esquema de fraude fiscal no Estado, Maria das Graças foi tida como a principal suspeita do morador Jair Olímpio.

Além de veiculadas pela imprensa, as denúncias de autoritarismo contra a síndica já haviam sido objeto de duas reuniões da Comissão de Direitos Humanos neste ano. Segundo Durval Ângelo, a comissão vem recebendo reclamações contra a administração do condomínio há cerca de seis anos, ainda na legislatura anterior.. "Essas denúncias são de violação de direitos humanos, uso de policiais para impor a ordem, omissão quanto à crimes ocorridos ali dentro, prepotência na condução da gestão e interferência na prática de serviços religiosos", afirmou.

"Não tenho culpa do que acontece no apartamentos. São cinco mil moradores, com vários interesses. Se houver prostituição e tráfico infantil, a administração do condomínio não pode apurar. A monstruosidade da situação está tão grande que os funcionários estão sem clima para trabalhar", afirmou Maria das Graças. Segundo ela, outra acusação que tem sofrido é que pessoas estariam sendo mortas dentro de apartamentos. "A comissão deve avaliar: há idosos ali vivendo sem assistência dos familiares? Como posso saber se a pessoa vai morrer?", perguntou.

Quanto às denúncias sobre as obras que estão sendo realizadas no Conjunto JK, Maria das Graças ressaltou que a reforma, exigida pela Prefeitura, está sendo paga pelos moradores com a cobrança de uma taxa extra. "O Estado fez uma auditoria mas ainda não deu retorno se vai poder nos ajudar. A obra está lenta porque não há dinheiro", disse. Segundo ela, também não há recurso para as adaptações de segurança exigidas pelo Corpo de Bombeiros, após incêndio no Centro de Belo Horizonte, na última segunda-feira (3).

Faixas causam polêmica

Questionada sobre as faixas colocadas no prédio manifestando apoio à síndica e com recados dirigidos ao trabalho da Comissão de Direitos Humanos e de seu presidente, Maria das Graças respondeu que "não foi um desafio, mas um desabafo, usando a liberdade de expressão" e que não foi usado dinheiro do condomínio para esse fim. Ela disse, ainda, que a denúncia de que militares estariam usando poder de polícia dentro do condomínio não procede. "Criamos a brigada de incêndio, mas os militares que ficam dentro do conjunto não são empregados do JK, estão lá como instrutores e isso a lei faculta", afirmou. "Meu marido é coronel da PM, mas não é crime ser policial", completou.

Sobre a denúncia da Secretaria Municipal de Saúde de que o condomínio teria impedido a entrada do Programa Saúde da Família no conjunto, Maria das Graças afirmou que não houve proibição, mas o envio de uma correspondência ao órgão solicitando a identificação da equipe, para entrada no prédio. Ela entregou uma cópia da correspondência ao deputado Durval Ângelo.

Moradores usaram a palavra

Durante a reunião, vários moradores usaram a palavra. Dalva Nogueira da Costa afirmou que entregou à comissão um abaixo assinado feito por 600 moradores, em defesa da síndica. "Nós colocamos as faixas e queremos apuração das denúncias de tráfico e prostituição infantil", disse. Segundo o deputado Durval Ângelo, como possui muitos termos jurídicos, o documento foi encaminhado à Procuradoria da Assembléia, que vai fazer um levantamento das reuniões sobre o assunto realizadas sob outras presidências de deputados, respondendo os questionamentos assim que possível.

Já a presidente da Associação dos Moradores e Inquilinos do JK, Délzia Maria de Oliveira, criticou, entre outros aspectos da gestão de Maria das Graças, a obrigatoriedade de moradores e visitantes deixarem documentos com a administração e a digitalização falsa das assinaturas em um edital de funcionamento da associação. "Trouxe cópia do inquérito policial para provar", disse. "Tenho recebido inúmeros relatos de pessoas que estão se sentindo angustiadas, presas ali dentro", disse o padre Agenor Chiarinelli, da Paróquia Nossa Senhora da Consolação e Corrêa

Papel da comissão é ressaltado

Durante a reunião, o deputado Mauro Lobo (PSB) afirmou que "a Comissão de Direitos Humanos sempre procura abrir espaço para o contraditório. É aqui que qualquer pessoa pode trazer seu reclame de Justiça". O papel da comissão e a imparcialidade de seu trabalho também foram destacados pelo deputado Roberto Ramos. Já o deputado Alencar da Silveira Jr. (PDT) considerou: "O JK é como uma cidade de pequeno porte, é preciso que se faça uma acareação para esclarecer essas denúncias. Os moradores não podem deixar voltar a imagem que o conjunto tinha no passado".

OAB - A comissão também aprovou requerimento do deputado Roberto Ramos, para que seja realizada visita ao presidente da Ordem dos Advogados do Brasil/Seção Minas Gerais. O objetivo é encaminhar denúncia de possível apropriação de valores recebidos em função de ação trabalhista, por advogado inscrito sob o número 39.711, feita por Sibele Aparecida Costa Gonçalves.

Presenças - Participaram da reunião os deputados Durval Ângelo (PT), presidente; Roberto Ramos (PL), vice; Biel Rocha (PT), Mauro Lobo (PSB), Alencar da Silveira Jr. (PDT) e Célio Moreira (PL).

 

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