Comissão quer apurar denúncias contra juiz Wanderley de Paiva

O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa, deputado Durval Ângelo (PT), quer o indiciame...

04/05/2004 - 00:00
 

Comissão quer apurar denúncias contra juiz Wanderley de Paiva

O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa, deputado Durval Ângelo (PT), quer o indiciamento do juiz Wanderley Salgado de Paiva por comunicação falsa de crime e denunciação caluniosa. A afirmação foi feita na tarde desta terça-feira (4/5/04), logo após reunião da comissão em que foram ouvidos os peritos do Instituto de Criminalística da Polícia Civil Sérgio Márcio Costa Ribeiro, Jales Leite da Fonseca e Antônio Francisco da Silva. Os três são os responsáveis pelo laudo que constata contradições nas informações prestadas pelo juiz no boletim de ocorrência registrado pela Polícia Militar na noite do dia 11 de março deste ano, quando ele teria sido vítima de um suposto atentado.

Nesse boletim de ocorrência, o juiz relata que, enquanto dirigia seu Ford Fiesta por volta das 20h40 daquele dia, foi alvejado por um homem que estava na garupa de uma moto Agrale com paralamas vermelhos. Ele passava pela Rua Mantena, no bairro Ouro Preto, região da Pampulha, e estava prestes a fazer uma conversão à esquerda na Rua Funchal. Segundo o juiz, o homem teria dado dois disparos que atingiram a porta dianteira do carro e fugiu em seguida. Junto com o carro, a Polícia Civil diz que foi encontrado um bilhete datilografado com ameaças ao juiz e com referências ao deputado Durval Ângelo.

O carro foi examinado pelo Instituto de Criminalística e o laudo foi encaminhado ao Ministério Público (MP). Com base na perícia, o promotor Rodrigo Souza de Albuquerque apontou quatro contradições nos depoimentos prestados pelo juiz: os tiros foram disparados de dentro do carro, o banco do motorista estava reclinado de modo que ele estava fora da linha de tiro e o carro estava parado em posição incompatível com a conversão à esquerda pretendida pelo juiz. "O laudo desacredita as declarações do juiz e o atentado pode não ter passado de encenação", diz o relatório do MP, que data do dia 2 de abril.

MP ainda não tomou providências

Um mês após a conclusão desse relatório e passados quase dois meses do suposto atentado forjado, nenhuma providência foi tomada para dar prosseguimento às investigações, segundo Durval Ângelo. "Temos que entender por que o Ministério Público tanto protege esse juiz", reclamou o parlamentar. Para cobrar agilidade do MP, o deputado apresentou um requerimento, que foi aprovado, pedindo que as notas taquigráficas da reunião sejam encaminhadas à Procuradoria Geral de Justiça. Para que as denúncias sejam apuradas pela corregedoria do Tribunal de Justiça, é preciso que o MP apresente uma denúncia contra o juiz.

Wanderley Salgado de Paiva, que já foi corregedor e diretor do Fórum Lafayette, tem seu nome ligado ao delegado Marco Túlio Fadel, que se encontra foragido da Justiça. O delegado, que trabalhava em Igarapé, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, é acusado de vários crimes, como torturas, ameaças a testemunhas e tentativas de homicídio. Ele esteve preso no Departamento de Operações Especiais da Polícia Civil (Deoesp) entre 8 de março do ano passado e 15 de fevereiro deste ano. A pedido da Justiça, seu telefone celular foi grampeado pela Polícia Federal.

Nas conversas telefônicas, Wanderley Salgado de Paiva teria dado orientações a Fadel sobre como obter um habeas corpus. Em entrevista à imprensa, o juiz declarou que apenas prestou informações pedidas pelo delegado, na condição de ex-professor. O deputado Durval Ângelo pediu o afastamento do juiz de seus dois cargos, mas o próprio juiz também fez o mesmo pedido e acabou sendo afastado no dia 15 de março.

Presenças - Participaram da reunião os deputados Durval Ângelo (PT), presidente; Roberto Ramos (PL), vice; Biel Rocha (PT) e Mauro Lobo (PSB).

 

 

 

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