Estudo aponta alto risco de incêndio nas construções de Ouro Preto

"Acabar com o perigo de incêndio nos prédios históricos de Ouro Preto não é possível, mas aqueles riscos severos, que...

04/05/2004 - 00:02
 

Estudo aponta alto risco de incêndio nas construções de Ouro Preto

"Acabar com o perigo de incêndio nos prédios históricos de Ouro Preto não é possível, mas aqueles riscos severos, que destroem completamente as edificações, podem ser reduzidos a um nível aceitável", avaliou o professor da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), Antônio Claret Gouveia, durante audiência pública da Comissão de Educação, Cultura, Ciência e Tecnologia da Assembléia Legislativa, realizada na cidade nesta terça-feira (4/5/04). Claret trabalhou no projeto intitulado "Diagnóstico de risco em Ouro Preto", desenvolvido com base em metodologia científica utilizada há 40 anos na Europa, que retratou e mediu, pela primeira vez, o elevado risco de incêndio na cidade.

Na primeira etapa do projeto, foi medido todo o material que pode pegar fogo, ou seja, a carga de incêndio, em 40 edificações da rua São José. Esse material é basicamente madeira, tecidos e fios. Segundo Antônio Claret, a carga de incêndio nessas edificações é de 2.700 unidades, sendo que o valor máximo permitido é de 300 unidades. Ainda com base no trabalho científico, foi constatado que o coeficiente de segurança na rua São José é de 30%, ou seja, que a insegurança nas edificações é de 70%.

Esse risco iminente de incêndio na cidade foi confirmado pelo comandante do 1o Batalhão de Corpo de Bombeiros, Nilson Anastácio de Bastos. Segundo ele, em vistorias de orientação feitas pela corporação, foram verificados grandes perigos de incêndio. O comandante do Corpo de Bombeiros defendeu ainda a idéia de que a vistoria seja feita de forma fiscalizadora, ou seja, que as edificações sejam notificadas em caso de irregularidades e, ocorrendo reincidência, multadas como acontece em Belo Horizonte, por exemplo.

Entre as dificuldades de trabalho dos bombeiros, o coronel Bastos apontou a falta de conscientização da sociedade para o perigo de incêndio, de normas e legislação específicas para serem adotadas em Ouro Preto e de uma campanha de prevenção de incêndio. A unidade de Ouro Preto atende 26 cidades da região. São 38 homens, trabalhando em sete viaturas, sendo três de combate ao incêndio.

Estudo sugere medidas de segurança

O professor da Ufop, Antônio Claret Gouveia, explicou que o projeto "Diagnóstico de risco em Ouro Preto" simulou várias medidas de segurança que, se combinadas, iriam alcançar um coeficiente de segurança na cidade de 85%. Essas medidas são: reduzir a carga de incêndio, principalmente nos vários depósitos que existem na cidade; colocar detectores de incêndio nas edificações, conectados ao Corpo de Bombeiros; fazer uma proteção nos telhados para evitar o alastramento de incêndio; e adotar brigadas voluntárias de incêndio.

A criação de brigadas voluntárias de bombeiros também foi defendida pelo vereador da cidade, Wanderley Kuruzu. Para ele, a atuação dessas brigadas, em parceria com o Corpo de Bombeiros Militar, é um dos caminhos para estimular a participação da sociedade. Ele ressaltou ainda a necessidade de implantação do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural, que foi aprovado e ainda não está funcionando. Kuruzu criticou ainda a atuação do Executivo municipal, "que vem se eximindo da responsabilidade de preservação do patrimônio histórico".

Já o representante do reitor da Ufop, professor Ernane Carlos de Araújo, cobrou uma ação dos órgãos públicos em virtude da iminência de um incêndio em cadeia na cidade. "No incêndio do antigo Hotel Pilão, em abril de 2003, tivemos sorte de que o fogo não se alastrou", alertou. Para o ex-presidente do Iphan/MG e ex-prefeito da cidade, Ângelo Oswaldo, falta articulação do poder público com a sociedade para se colocar em prática as informações e estudos apresentados na reunião.

Essa falta de articulação política também foi lembrada pelos deputados Leonardo Quintão (PMDB) e Padre João (PT). Para Leonardo Quintão, é importante marcar uma reunião com representantes do Executivo estadual com objetivo de buscar recursos para preservação do patrimônio. Já Padre João acredita que a participação da Assembléia é indispensável nessa articulação com a sociedade. Nesse sentido, o presidente da comissão e autor do requerimento para realização da audiência Adalclever Lopes (PMDB), informou que a comissão irá aprovar, na reunião ordinária desta quarta (5), um requerimento marcando reunião com o governador para apresentar o que foi discutido na audiência pública em Ouro Preto. O deputado informou ainda que a comissão vai desenvolver um projeto de lei que trate da preservação do patrimônio público.

Após a reunião, os deputados Adalclever Lopes e Leonardo Quintão, o professor Antônio Claret Gouveia e o coronel do Corpo de Bombeiros visitaram as edificações históricas da rua São José.

Presenças - Participaram da reunião os deputados Adalclever Lopes (PMDB), presidente; Padre João (PT) e Leonardo Quintão (PMDB). Além dos convidados citados na matéria, esteve presente na audiência o vice-prefeito de Ouro Preto, João Bosco Perdigão.

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - 31 - 3290 7715