Defesa do Consumidor questiona cobranças da Telemar

A taxa de assinatura para telefonia fixa, no valor de R$ 33, e a cobrança de interurbano para localidades dentro do m...

28/04/2004 - 00:00
 

Defesa do Consumidor questiona cobranças da Telemar

A taxa de assinatura para telefonia fixa, no valor de R$ 33, e a cobrança de interurbano para localidades dentro do mesmo município foram questionadas em audiência pública da Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte, realizada na manhã desta quarta-feira (28/4/04), por deputados, pelo promotor de Justiça de Defesa do Consumidor e por lideranças comunitárias. Estavam presentes também representantes da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e da concessionária de telefonia fixa em Minas Gerais, a Telemar.

O debate começou em tom conciliatório com a deputada Maria Tereza Lara (PT) - que requereu a audiência pública - afirmando que é necessário um bom relacionamento com a Telemar, e que não havia ali a intenção de formular agressões ou retaliações. No entanto, defendeu que o consumidor receba um serviço de qualidade, com tarifas justas, para que não fique inadimplente e tenha seu telefone cortado. A deputada informou que há vários projetos em tramitação no Congresso Nacional, entre eles o 5.476, retirando a cobrança da taxa de assinatura, que muitos representantes consideram abusiva.

A presidente da Comissão, deputada Lúcia Pacífico (PTB), endossou as palavras da deputada petista. "O serviço de telefonia é essencial e permanente, mas o consumidor está cada vez mais sufocado com os aumentos", afirmou, ressalvando que a diretoria da Telemar nunca se furtou ao diálogo com o Movimento das Donas de Casa, que representa.

Vale do Aço - As denúncias mais específicas partiram do vereador Sérgio Mendes Pires, do Vale do Aço, que estuda o problema na região. Segundo ele, as comunidades mais pobres da região pagam interurbano para falar dentro do próprio município: "Lagoa do Pau paga interurbano para falar com a sede, Jaguaraçu. O mesmo acontece com o povo pobre de Macuco, que paga para falar com Timóteo". Pires denunciou também o fechamento das agências da Telemar em Coronel Fabriciano e Timóteo, desempregando gente na região. Lembrou que, quando a linha telefônica custava R$ 1.500, a taxa de assinatura era de apenas R$ 0,44. Agora, que o telefone já não é considerado um bem, mas um serviço, cobra-se a taxa de assinatura de R$ 33.

Promotor vê ilegalidade na taxa de assinatura

Na opinião do promotor de Justiça de Defesa do Consumidor, Renato Franco de Almeida, a cobrança da taxa de assinatura é ilegal, porque não existe contraprestação ao usuário, e a falta de sentido fica evidente na oferta embutida de 100 pulsos gratuitos. "Sem prejuízo para os projetos em tramitação no Congresso, ingressamos com uma ação para extinguir essa cobrança em Minas", informou o promotor.

Fernando Antônio França Pádua, da Anatel, esboçou os avanços que a telefonia privada teria trazido ao País, e informou que a taxa de assinatura consta dos benefícios contratuais das operadoras, mas acrescentou que há Estados onde a competição fez com que as operadoras abrissem mão da taxa. Marcelo Queiroz Nogueira, gerente de Relações com o Cliente da Telemar, afirmou que a postura da empresa é atender da melhor maneira o cliente, mas que o sistema é bastante regulamentado e que a Telemar atua estritamente dentro da regulamentação.

Maria do Céu, membro do Conselho de Usuários da Telemar, criticou a falta de divulgação prévia de audiência pública realizada pela Anatel em Minas Gerais, no ano passado, e questionou a falta de transparência na utilização da cota de 100 pulsos gratuitos.

Durante a fase de debates, a deputada Lúcia Pacífico denunciou o aumento na taxa de assinatura mensal, superior a 5.000% nos últimos dez anos, e condenou a utilização do índice IGPDI no reajuste da assinatura residencial. A adoção desse índice, que tem como uma de suas variáveis a cotação do dólar, segundo a deputada, é prejudicial aos consumidores. De acordo com o representante da Telemar, o índice a ser usado no reajuste está previsto no contrato de concessão do serviço. O representante do Ministério Público, Renato Franco, esclareceu que o problema está sendo julgado no Judiciário federal, fruto de ação movida pelo Ministério Público de Minas Gerais pedindo a adoção do IPCA. Até agora, os recursos impetrados pela Telemar junto ao STF não obtiveram sucesso. Lúcia Pacífico cobrou, ainda, a distribuição de listas telefônicas gratuitas para todos os usuários do serviço de telefonia.

A deputada Vanessa Lucas (PSDB), vice-presidente da comissão, defendeu a adoção, pelas concessionárias de telefonia fixa, de "tarifas sociais" para os consumidores de baixa renda, a exemplo do que já fazem a Copasa e a Cemig na prestação de serviços de água e de energia elétrica. Maria Tereza Lara apoiou a idéia e lembrou que, atualmente, os consumidores de baixa renda, que utilizam menos o telefone, acabam pagando mais por cada pulso utilizado.

Minas Ativa e Simples Minas têm pareceres favoráveis

Na reunião desta quarta-feira (28), a Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte aprovou pareceres de 1º turno sobre dois projetos do governador, que tratam dos programas Minas Ativa e Simples Minas. Ambos projetos foram relatados pela deputada Vanessa Lucas. O PL 1.466/04, que cria e disciplina o Programa de Pagamento Incentivado de Débitos para com a Fazenda Pública do Estado (Minas Ativa, Empresa Competitiva) recebeu parecer pela aprovação na forma proposta. O objetivo do governo, com a proposta, é recuperar parte dos mais de R$ 10 bilhões que o Estado tem, em seu favor, inscritos em dívida ativa.

Já o PL 1.480/04, que reformula o programa Micro Geraes estabelecendo tratamento diferenciado e simplificado nos campos administrativo, tributário, creditício e de desenvolvimento empresarial à microempresa, à empresa de pequeno porte e ao empreendedor autônomo (Simples Minas), recebeu parecer pela aprovação com duas emendas apresentadas pela relatora. A emenda nº 1 visa inserir no contexto das microempresas, das empresas de pequeno porte e dos empreendedores autônomos as entidades constituídas sob a forma associativa, segundo as disposições constantes do novo Código Civil Brasileiro. Para tanto, a emenda acrescenta ao artigo 17 o inciso IV, com a seguinte redação: "IV - as associações de produtores artesanais, de comerciantes ambulantes e de pequenos produtores da agricultura familiar ou garimpeiros que respondem solidariamente com seus associados pelas obrigações decorrentes de operação por eles realizada, no que couber".

A emenda nº 2, apresentada por Vanessa Lucas ao acolher sugestão da deputada Lúcia Pacífico, acrescenta artigo à proposição objetivando levar as informações relativas às vantagens do programa aos pequenos produtores e, notadamente, aos empreendedores autônomos. O artigo diz que a Secretaria da Fazenda deverá promover campanha publicitária para divulgar o Simples Minas, incluindo elaboração de cartilha, publicação periódica dessa cartilha no órgão oficial de imprensa do Estado e divulgação pela internet.

Rejeição - A Comissão aprovou, ainda, parecer pela rejeição do PL 1.284/03, do deputado Dinis Pinheiro (PL), que dispõe sobre a proibição de cobrança de ligações telefônicas realizadas e não incluídas há mais de 30 dias em conta. O relator foi o deputado Roberto Carvalho (PT).

Requerimento - Foi aprovado, também, requerimento da deputada Maria Tereza Lara (PT) propondo moção de apoio ao projeto de lei federal 5.476/2001, em tramitação no Congresso Nacional, que acaba com a cobrança da assinatura mensal dos usuários de telefonia fixa.

Presenças - Compareceram à reunião as deputadas Lúcia Pacífico (PTB), presidente; Vanessa Lucas (PSDB), vice; e Maria Tereza Lara (PT), e o deputado Roberto Carvalho (PT).

 

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