Sindicalistas querem responsabilizar Fiat por acidentes em prensas

Na audiência pública da Comissão do Trabalho, da Previdência e da Ação Social da Assembléia Legislativa, desta terça-...

27/04/2004 - 00:01
 

Sindicalistas querem responsabilizar Fiat por acidentes em prensas

Na audiência pública da Comissão do Trabalho, da Previdência e da Ação Social da Assembléia Legislativa, desta terça-feira (27/4/04), os deputados aprovaram um requerimento da deputada Marília Campos (PT) a ser encaminhado ao Ministério do Trabalho, pedindo a elaboração de um anexo à Norma Regulamentadora nº 12, que trata da operação de máquinas e equipamentos, com o objetivo de disciplinar os mecanismos de proteção em prensas e similares. A audiência, requerida também pela deputada, debateu a ocorrência em Minas, de acidentes de trabalho, causados por esse tipo de equipamento.

A audiência foi presidida inicialmente pelo deputado Alberto Bejani (PTB), presidente da comissão, que conduziu a votação dos pareceres de 1º turno de 12 projetos de lei de declaração de utilidade pública, todos aprovados, além de três requerimentos de congratulações, também aprovados. Já a fase da audiência foi conduzida pela deputada Marília Campos. A audiência centrou suas denúncias nos acidentes acontecidos com as empresas terceirizadas da Fiat.

De acordo com o representante da Federação Sindical Democrática dos Metalúrgicos de MG, João Alves de Almeida, e do presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Betim, Marcelino Orozimbo da Rocha, se a Fiat deixou de registrar acidentes de trabalho, eles apenas foram transferidos para as empresas terceirizadas, que utilizam prensas fornecidas pela própria Fiat, equipamentos considerados obsoletos por todos os participantes.

Pressão da Fiat por produtividade é causa de acidentes

Lembrando que a relação de produção carros/homem/ano é de 50 veículos, enquanto em outras montadoras, esta relação está em torno de 17carros/homem/ano, Marcelino da Rocha creditou à pressão por produtividade um dos motivos dos acidentes. O presidente da Federação dos Metalúrgicos lembrou que as prensas são muito antigas, o que também é motivo de acidentes.

A procuradora da Procuradoria Regional do Trabalho, Sônia Toledo Gonçalves, explicou que o Ministério Público vem fazendo reuniões com as empresas para que façam a proteção das prensas, que por serem muito antigas, têm o uso proibido por lei federal. Ela pediu que seja encaminhado pedido ao Ministério do Trabalho e à Câmara de Deputados para que empresas que usem tais equipamentos não possam se beneficiar de programas de incentivo à modernização industrial, como o recentemente anunciado pelo governo federal.

Sônia Toledo afirmou que a Fiat tem de ser responsabilizada, já que as empresas terceirizadas estão produzindo para ela. Foi denunciado ainda o repasse dessas prensas de empresas terceirizadas da Fiat, para outras, sistema que os convidados chamaram de "quarteirização" e "quinteirização" A Procuradoria do Trabalho tem processo instaurado contra a Fiat, pelo repasse de prensa obsoletas a terceiras empresas. Sônia Toledo informou também que há denúncias das próprias empresas terceirizadas contra as pressões da Fiat, dizendo que a proteção não é feita às prensas não por problemas de custos, mas porque tal processo diminui a produção.

DRT interdita prensas

O chefe da Seção de Segurança e Saúde dos Trabalhadores da Delegacia Regional do Trabalho de Minas Gerais, Francisco Teixeira da Costa, mostrou dados, segundo os quais, em Minas, 31% dos acidentes de trabalho acontecem na indústria, sendo que destes, 41% referem-se aos acidentes da indústria metalúrgica. Desses, 38% são acidentes com máquinas, sendo que 58% deles com prensas e similares. No ano passado, a DRT fez reunião com 120 empresas fornecedoras da Fiat, com a interdição de 300 prensas. A interdição dura o tempo de a empresa fazer a proteção da máquina. Além da interdição, a empresa pode ser multada. Das principais fornecedoras da Fiat, pelo menos em cinco, a Federação dos Metalúrgicos constatou acidentes com prensas, que foram reunidos num relatório entregue à Comissão do Trabalho da Assembléia.

A reunião teve ainda a participação do representante do Conselho Regional de Medicina, Jáder Compomizzi, que justificou a atuação dos médicos do trabalho das empresas, garantindo que eles têm compromisso primeiramente com a saúde e a vida. A representante da Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Medicina e Segurança do Trabalho, órgão do Ministério do Trabalho, Marta de Freitas, lembrou as tentativas de acordo junto às prestadoras de serviço à Fiat, todos fracassados. O delegado Regional do Trabalho em Minas,. Carlos Calazans disse que a DRT vai fazer uma grande discussão envolvendo sindicato e empresas sobre a modernização do parque industrial.

Os participantes lamentaram a ausência de representantes da Fiat e do Sindicato da Indústria de Autopeças de Minas Gerais (Sindipeças). A deputada Marília Campos afirmou que irá apresentar requerimento pedindo que a Fiat exija dos terceirizados a proteção às prensas.

Requerimento: A comissão aprovou ainda o requerimento do deputado Alencar da Silveira Jr (PDT), que pede uma reunião para conhecer e debater o jogo Totobola, com a presença de diretores da Loteria Mineira.

Presenças: Participaram da reunião a deputada Marília Campos (PT); os deputados Alberto Bejani (PTB), presidente; Chico Simões (PT) e Jô Moraes (PCdoB).

 

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