Vítimas de tortura denunciam detetive de Abaeté

Em entrevista à imprensa, após reunião fechada com três vítimas e uma testemunha de tortura em Abaeté, nesta quinta-f...

22/04/2004 - 00:00
 

Vítimas de tortura denunciam detetive de Abaeté

Em entrevista à imprensa, após reunião fechada com três vítimas e uma testemunha de tortura em Abaeté, nesta quinta-feira (22/4/04), o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia, deputado Durval Ângelo (PT), afirmou que "o caso é gravíssimo". Segundo ele, os quatro depoentes - dois com 16 anos, um de 18 anos e um de 23 - apontam o detetive Robisson Vilaça, da Delegacia de Abaeté como autor das torturas. Com mais de 20 anos de atuação na Polícia Civil, Vilaça, de acordo com os depoimentos, já teria torturado mais de 30 presos da delegacia da cidade.

Outra irregularidade apontada pelo deputado foi a omissão da promotora da cidade, Matilde Fazendeiro Patente, à época em que as denúncias foram feitas. As três denúncias trazidas à comissão, haviam sido feitas em 1999 e 2000 ao Ministério Público em Abaeté. Mas a promotora, afirmou Durval, arquivou duas das denúncias e na terceira, registrou só os crimes de abuso de autoridade e lesões corporais, sem mencionar o principal crime - de tortura, comprovado em exame de corpo de delito.

Omissão - Ainda segundo o presidente da Comissão de Direitos Humanos, o delegado de Abaeté já teria testemunhado práticas de tortura por parte do detetive e não teria agido. As vítimas declararam a Durval que Robisson, para torturar, usa sempre um bastão de beisebol ou uma barra de ferro. Além disso, o policial faria questão de afirmar que tem "costas largas" e tortura "sem deixar marcas", porque tem muita experiência. Dos quatro depoentes, um deles, de 23 anos, foi preso e torturado só por suspeição, sendo por isso, liberado pelo juiz de Abaeté.

Comissão pede providências contra detetive e promotora

Como providências da comissão, o deputado anunciou que vai solicitar ao chefe da Polícia Civil, Otto Teixeira Filho, a transferência do detetive Robisson para outra cidade. Além disso, a comissão vai entrar com representação na Procuradoria de Justiça contra a promotora Matilde Patente. Durval informou também que, provavelmente daqui a duas semanas, a Comissão de Direitos Humanos vai visitar o Fórum e a Delegacia de Abaeté para ouvir os envolvidos no caso.

O ouvidor de Polícia do Estado de Minas Gerais, José Francisco da Silva, que acompanhou a reunião, informou que nesta sexta-feira (23), os quatro depoentes serão ouvidos pela Corregedoria de Polícia. Segundo o ouvidor, todos eles já estão incluídos no Pró-Vita, programa de proteção a vítimas e testemunhas ameaçadas.

Presenças - Participaram da reunião os deputados Durval Ângelo (PT), Biel Rocha (PT) e Mauro Lobo (PSB).

 

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