Comissão investiga denúncia de exploração sexual infantil em Pompéu

A Comissão de Direitos Humanos vai investigar a existência de uma rede de exploração sexual infantil que atuaria em P...

19/04/2004 - 00:00
 

Comissão investiga denúncia de exploração sexual infantil em Pompéu

A Comissão de Direitos Humanos vai investigar a existência de uma rede de exploração sexual infantil que atuaria em Pompéu, no Centro-Oeste de Minas, e em pelo menos quatro cidades vizinhas, além de capitais como Belo Horizonte e São Paulo. "Esse é um dos esquemas mais graves com o qual a comissão se deparou nos últimos tempos. Pode haver um grande volume de autoridades envolvidas", afirmou o deputado Durval Ângelo (PT). Nesta segunda-feira (19/4/04), a comissão ouviu três menores de 13 e 14 anos que relataram casos de aliciamento sexual em troca de dinheiro ou presentes, propostas que, segundo elas, são comuns na região. O quarto depoente, de 17 anos, admitiu que atuava como agenciador de programas e citou nomes de aliciadores que ofereciam menores aos clientes. Os quatro menores terão as identidades preservadas e foram incluídos no programa estadual de proteção a testemunhas.

Além da denúncia de exploração sexual de crianças e adolescentes, a Comissão de Direitos Humanos vai pedir à Procuradoria-Geral do Ministério Público a nomeação de um promotor especial para acompanhar o caso em Pompéu, além de enviar as notas taquigráficas da reunião à Corregedoria do órgão. O objetivo é que o Ministério Público tome ciência e, se necessário, providências sobre a atuação do promotor local, que, segundo a ex-secretária municipal de Assistência Social daquela cidade, Elizabeth Campos, teria tentado esvaziar a investigação. De acordo com ela, o promotor foi omisso no modo como tomou os depoimentos das menores e nos encaminhamentos dados. Elizabeth e a professora dos menores, Regina Célia Cordeiro, fizeram a denúncia ao promotor e ao juiz local há duas semanas, quando uma menina de 13 anos contou à professora sobre a situação.

Elizabeth Campos disse que foi exonerada do cargo pelo modo como vinha atuando contra os casos de exploração e que, na semana passada, teria sido ameaçada pelo presidente da Câmara Municipal, seu parente, que também seria um dos "clientes" na exploração das menores. O nome do prefeito de Pompéu também foi citado por diversas vezes pelas quatro testemunhas. Além dele, empresários, policiais e representantes de órgãos públicos, incluindo um comissário de menores, também foram mencionados nos relatos. "São públicos comentários de que existe uma rede de prostituição, que isso é uma coisa natural, cultural, uma forma de ascensão das meninas. A situação não é tida como crime na cidade", alertou Elizabeth.

Também receberão cópias das notas taquigráficas da reunião a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito do Congresso Nacional que investiga a exploração sexual e o tráfico de crianças e adolescentes e as corregedorias das Polícias Civil e Militar.

Comissão vai a Pompéu na terça (27)

Como parte da investigação dos casos de exploração sexual de crianças e adolescentes em Pompéu, a comissão aprovou requerimento para realizar uma reunião na cidade no próximo dia 27. Segundo o deputado Durval Ângelo, todas as atividades da comissão serão acompanhados pelos representantes do Conselho de Defesa da Criança e do Adolescente, Túlio Barbosa, e da Secretaria Adjunta de Direitos Humanos, Márcia Martini, que ouviram todos os depoimentos dos menores. De acordo com o menor que agenciava menores e que depôs à comissão, mais de cem meninas e mulheres estariam ligadas à rede de exploração sexual em Pompéu.

Presenças - Participaram da reunião os deputados Durval Ângelo (PT), presidente da comissão, Mauro Lobo (PSB), Célio Moreira (PL) e Rogério Correia (PT).

 

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