Confisco de áreas onde há trabalho escravo será discutido na ALMG

A Comissão de Direitos Humanos vai discutir, na próxima terça-feira (20/4/04), às 14h30, no Auditório da Assembléia, ...

16/04/2004 - 00:00
 

Confisco de áreas onde há trabalho escravo será discutido na ALMG

A Comissão de Direitos Humanos vai discutir, na próxima terça-feira (20/4/04), às 14h30, no Auditório da Assembléia, uma proposta de legislação que já provoca polêmica antes de sua aprovação. Trata-se da Proposta de Emenda à Constituição Federal (PEC) 438/2001, do Senado, que prevê o confisco das áreas onde for constatada a prática de trabalho escravo, revertendo-as para o assentamento dos colonos. Para colher subsídios visando aperfeiçoar o projeto, a Câmara dos Deputados criou uma Comissão Especial que irá emitir parecer para a PEC que dá nova redação ao artigo 243 da Constituição. Esse artigo prevê que as glebas onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas serão expropriadas e destinadas ao assentamento de colonos.

Agora, a Assembléia Legislativa traz a discussão para o Estado, convidando os envolvidos com a questão agrária em Minas Gerais e parlamentares para participarem da audiência pública. Foram convidados para a reunião, requerida pelos deputados Durval Ângelo (PT), Roberto Ramos (PL) e Biel Rocha (PT), respectivamente, presidente, vice e membro da Comissão de Direitos Humanos: o secretário de Estado Extraordinário para Assuntos de Reforma Agrária, deputado estadual Marcelo Gonçalves; os deputados federais Isaías Silvestre (PSB-MG), presidente da Comissão Especial da PEC 438/2001, e Leonardo Monteiro (PT-MG), autor da PEC; o delegado regional do Trabalho em Minas Gerais, Carlos Calazans; os presidentes das federações de Minas Gerais, da Agricultura (Faemg), Gilman Viana Rodrigues, e dos Trabalhadores na Agricultura (Fetaemg), Vilson Luiz da Silva; o presidente da Associação dos Auditores Fiscais (Aafit/MG), Fahid Tahan Sab.

Na última audiência pública da Câmara dos Deputados, em março, os convidados tiveram opiniões divergentes quanto à aprovação da PEC 438. Representantes da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) e Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho manifestaram-se a favor da proposta. Todos eles consideraram o trabalho escravo um problema muito grave no Brasil, e que a PEC será um meio eficaz de coibir o crime, muitas vezes praticado por grandes grupos econômicos e estimulado pela impunidade. O coordenador nacional da CPT, José Batista Afonso, afirmou que, além da aprovação da PEC, é preciso reforçar a fiscalização, ainda deficiente. Segundo ele, no ano passado houve 240 denúncias de trabalho, das quais só 154 foram fiscalizadas.

Já a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) teme as conseqüências da aprovação da PEC. Na avaliação da entidade, a proposta, como está, pode provocar equívocos de difícil reparação. Para o vice-presidente da CNA, Rodolfo Tavares, não há motivo para alterar a Constituição, "que já é eficiente para que o Ministério do Trabalho e a sociedade possam combater o trabalho forçado".

 

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