Redução do ICMS sobre diesel causou perda de R$ 150 milhões

A redução de 18% para 12% na alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre óleo diesel ...

14/04/2004 - 00:00
 

Redução do ICMS sobre diesel causou perda de R$ 150 milhões

A redução de 18% para 12% na alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre óleo diesel trouxe um prejuízo de R$ 150 milhões na arrecadação do Estado entre setembro de 2003 e fevereiro de 2004. O valor foi revelado pelo superintendente de Fiscalização da Secretaria de Estado da Fazenda (SEF), Gilberto Silva Ramos, durante a reunião desta quarta-feira (14/4/04) da Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária da Assembléia.

O decreto 43.537, de agosto de 2003, assinado pelo governador Aécio Neves, que reduziu o imposto, foi fruto de um termo de compromisso firmado com o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de Minas Gerais (Minaspetro) e previa, além da manutenção da arrecadação, a abertura de postos, com a geração de 6 mil empregos, e o aumento das vendas em mais de 170 milhões de litros por mês. Essas metas também não foram atingidas. A comercialização de diesel caiu e, apesar de cem postos terem sido abertos, houve o fechamento de outros 101, segundo dados da SEF.

O deputado Chico Simões (PT) lembrou que o termo de compromisso previa a revisão do decreto, caso os objetivos não fossem alcançados dentro de seis meses. Segundo ele, "se alguém foi beneficiado pela medida, foram os associados do Minaspetro, e não a população". O deputado Jayro Lessa (PL), que também tem como atividade empresarial a revenda de combustíveis, afirmou que as distribuidoras, e não os postos, é que lucraram com o decreto governamental. Mesmo assim, ele defendeu a manutenção da alíquota em 12%.

Comissão cobra decisão do governo sobre o caso

O superintendente da SEF disse que a avaliação dos resultados provocados pelo decreto ainda está sendo feita e que um relatório será encaminhado ao secretário da Fazenda, Fuad Noman. Chico Simões apresentou um requerimento, aprovado pela comissão, solicitando que a SEF apresente à Assembléia a decisão final sobre o assunto e que, caso a redução da alíquota seja mantida, que o governo apresente as medidas para compensar a perda de receita. Ele acusou o Poder Executivo de desrespeitar a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e disse que a diminuição da arrecadação significa redução de investimentos em políticas públicas, como saúde, educação e segurança.

O deputado Mauro Lobo (PSB) lembrou que a redução da alíquota de 18% para 12% precisaria ser compensada por um aumento de pelo menos 50% nas vendas de diesel. No entanto, o consumo do combustível, ao invés de crescer, caiu mês a mês na comparação com o mesmo período do ano anterior. A mesma retração se deu em outros Estados, o que levou o deputado Chico Simões a se queixar da política recessiva que o governo federal vem adotando desde as últimas décadas.

O deputado Sebastião Helvécio (PDT) questionou a previsão feita pelo Minaspetro de aumento de 160 milhões de litros nas vendas de óleo diesel no Estado, usada como argumento para convencer o governo estadual a reduzir a alíquota do ICMS. "Que ferramentas teríamos para legitimar uma proposta como essa?", perguntou. O presidente da comissão, deputado Ermano Batista (PSDB), lembrou que o Minaspetro alegou ainda o fechamento de mais de 200 postos e a extinção de milhares de empregos. Já o deputado Mauro Lobo ponderou que é preciso analisar também o que teria acontecido com o setor caso o decreto não tivesse sido assinado pelo governador.

Deputados também analisam projetos

Durante a reunião desta quarta-feira, a comissão aprovou parecer de 1º turno favorável ao PL 1.089/03, da deputada Ana Maria Resende (PSDB), na forma do substitutivo nº 1, da Comissão de Saúde. A proposição estabelece diretrizes para os programas de aleitamento materno e bancos de leite humano no Estado. O relator, deputado Sebastião Helvécio, apresentou três emendas. A de nº 1 altera a redação do artigo 4º do substitutivo, que diz que os bancos de leite humano poderão ser vinculados a hospital materno ou infantil. O substitutivo impõe essa vinculação. A segunda emenda aperfeiçoa a redação do inciso III do artigo 5º. Já a emenda nº 3 dá mais clareza às condições que demonstram inaptidão da doadora de leite.

Também foi aprovado parecer de 1º turno favorável ao PL 1.358/04, do deputado André Quintão (PT), que isenta portadores de deficiência física, visual ou mental grave do pagamento de ICMS na compra de automóveis. Inicialmente, a proposição recebeu parecer contrário do deputado Mauro Lobo (PSB), mas seu relatório foi rejeitado. O relator designado foi o deputado Chico Simões (PT), cujo parecer foi acatado pela comissão.

Foram ainda aprovados pareceres favoráveis a 12 projetos de lei que tratam de doação ou reversão de imóveis.

Presenças - Participaram da reunião os deputados Ermano Batista (PSDB), presidente; Jayro Lessa (PL), vice, que presidiu parte da reunião; Chico Simões (PT); Doutor Viana (PFL), José Henrique (PMDB), Mauro Lobo (PSB) e Sebastião Helvécio (PDT), além do superintendente de Fiscalização da Secretaria de Estado da Fazenda, Gilberto Silva Ramos, e o assessor Antônio de Castro Vaz de Melo Filho.

 

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