Reunião aponta avanços nas relações trabalhistas no Jequitinhonha

Mesmo com inúmeras dificuldades, a situação das relações de trabalho no Vale do Jequitinhonha vem melhorando. Esta fo...

13/04/2004 - 00:02
 

Reunião aponta avanços nas relações trabalhistas no Jequitinhonha

Mesmo com inúmeras dificuldades, a situação das relações de trabalho no Vale do Jequitinhonha vem melhorando. Esta foi a opinião dos participantes de audiência pública das Comissões de Segurança Pública e do Trabalho, da Previdência e da Ação Social da Assembléia Legislativa realizada em Araçuaí nesta terça-feira (13/4/04). A reunião foi convocada a pedido da deputada Marília Campos e do deputado Rogério Correia, ambos do PT, e contou com a participação de trabalhadores, empresários e lideranças políticas da região.

Para a deputada Marília Campos, o avanço nas relações trabalhistas pode ser atribuído à atuação da Subdelegacia Regional do Trabalho instalada na cidade em maio do ano passado. Só a partir daí é que a fiscalização das condições de trabalho passou a ser feita de forma mais efetiva no Vale do Jequitinhonha. Antes, a fiscalização era feita por auditores que tinham que se deslocar de Belo Horizonte. As outras demandas trabalhistas eram de responsabilidade das subdelegacias de Teófilo Otoni e Montes Claros.

"Infelizmente, o Estado sempre esteve ausente das regiões mais carentes. Isso tornou precária a distribuição de renda e gerou muitas dificuldades para os trabalhadores do Jequitinhonha", disse o delegado regional do Trabalho em Minas Gerais, Carlos Calazans. Com a implantação da subdelegacia de Araçuaí, além da intensificação da fiscalização das condições de trabalho, teve início um trabalho educativo para empregados e empregadores, muitos dos quais não tinham noção de seus direitos e deveres. A conscientização dos trabalhadores, por sua vez, gerou o aumento da demanda pelos serviços prestados em Araçuaí. Atualmente, a unidade faz cerca de 350 atendimentos por mês que incluem orientações para trabalhadores e empregadores, fiscalizações, emissão de carteiras de trabalho e pedidos de recebimento de seguro-desemprego. "Isso demonstra que o nosso trabalho está sendo bem aceito no Jequitinhonha", diz a responsável pela subdelegacia de Araçuaí, Maria Cláudia Faria.

Deputados estão otimistas

A deputada Marília Campos disse estar otimista com a evolução das relações trabalhistas em Araçuaí e defendeu a cultura do diálogo entre trabalhadores e empresários. "Essa cultura do diálogo vai se consolidar após a aprovação das reformas sindical e trabalhista, que começam a ser discutidas na Câmara dos Deputados", disse, citando a redução dos encargos trabalhistas como um dos principais avanços que essa reforma pretende trazer.

Já o deputado André Quintão (PT) criticou a impunidade dos responsáveis pelo assassinato de cinco fiscais do Ministério do Trabalho em Unaí. Ele também defendeu mais seriedade nas relações trabalhistas como forma de reduzir as desigualdades sociais no Vale do Jequitinhonha. A deputada Maria José Haueisen (PT) fez a defesa do governo federal que, segundo ela, está desenvolvendo diversas ações e projetos que em breve trarão resultados concretos. Ela citou como exemplos os programas de incentivo à agricultura familiar, de eletrificação rural, de microcrédito e do primeiro emprego. Após a reunião, os deputados participaram da inauguração da nova sede da Subdelegacia Regional do Trabalho de Araçuaí.

Falta carteira assinada

A situação dos trabalhadores do Jequitinhonha, no entanto, ainda é bastante precária. O Ministério do Trabalho estima que, somente em Araçuaí, cerca de 70% dos trabalhadores não têm carteira assinada. Nunca foram registradas ocorrências de trabalho escravo, mas a incidência do chamado trabalho degradante é alta, principalmente nas pequenas empresas. Os principais problemas detectados pela subdelegacia de Araçuaí, além da falta de registro em carteira, são os pagamentos inferiores ao salário mínimo, jornada excessiva e ausência de contribuição para a previdência. "Antes da chegada da subdelegacia, isso aqui era uma terra sem lei", revelou Maria Cláudia Faria.

A atuação da subdelegacia nem sempre é bem recebida. O auditor fiscal Mauro Jaime Monteiro teve sua casa arrombada duas vezes e já recebeu várias ameaças de morte pelo telefone. "No dia do assassinato dos fiscais de Unaí, me ligaram dizendo que o próximo seria eu", disse Mauro. Diante das ameaças, a fiscalização foi interrompida e Mauro, o único fiscal de Araçuaí, passou a desempenhar funções administrativas. Mas a fiscalização vai ser retomada em maio, com a chegada de três novos auditores a Araçuaí.

Presenças - Participaram da reunião as deputadas Marília Campos, que a presidiu, e Maria José Haueisen, além do deputado André Quintão, todos do PT. Também estiveram presentes a prefeita de Araçuaí, Maria do Carmo Ferreira da Silva (PT), o presidente da Câmara Municipal, Artur Cândido da Silva, e o presidente da Associação dos Auditores Fiscais do Trabalho de Minas Gerais, Fahid Tahan Sab.

 

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