Cidade do Sul de Minas está sem cadeia pública há mais de um mês

Uma cidade sem cadeia pública. Não porque não tenha criminosos, mas porque o prédio que funcionava como prisão teve q...

06/04/2004 - 00:01
 

Cidade do Sul de Minas está sem cadeia pública há mais de um mês

Uma cidade sem cadeia pública. Não porque não tenha criminosos, mas porque o prédio que funcionava como prisão teve que ser interditado. Essa é a situação da pequena Guaranésia, no Sul de Minas, cuja cadeia pública foi interditada no dia 3 de março. Para o juiz daquela cidade, Milton Biagioni, que determinou a interdição do prédio construído em 1929, a situação das instalações elétricas e das paredes era precária e oferecia riscos tanto para os detentos quanto para a população. O problema foi discutido na reunião da Comissão de Segurança Pública da Assembléia Legislativa desta terça-feira (6/4/04).

Segundo relatório apresentado pelo delegado Anselmo Rezende Gusmão, que representou a Polícia Civil na reunião, as paredes da cadeia são feitas de pedra e argila, e podem ser perfuradas com uma simples caneta esferográfica. Diante da falta de segurança, os 32 presos que ocupavam as duas celas da cadeia tiveram que ser remanejados. Os sete detentos que cumpriam pena em regimes aberto e semi-aberto foram levados para a casa do albergado de Guaranésia. Outros seis presos foram transferidos para a penitenciária de Unaí, a 1,2 mil quilômetros de distância da cidade. E os demais detentos foram distribuídos pelas cadeias das cidades vizinhas de Guaranésia. Ao todo, a cadeia abrigava 17 presos já condenados, cuja guarda era de responsabilidade da Polícia Militar.

A decisão do juiz Biagioni determinou que todos os presos fossem transferidos para outras unidades carcerárias e, caso não fossem encontradas vagas, eles deveriam ser libertados. Ainda de acordo com a decisão, novos presos não poderiam ser levados para a cadeia. "Em sete anos de magistratura, essa foi a decisão mais difícil que tive que tomar. A situação dos presos era de dar dó. Por isso, não restou outra alternativa a não ser tomar essa medida extrema. Espero que essa moda (de interditar cadeias) não pegue", desabafou o juiz. O prefeito da cidade, Narciso Lopes, reclamou que pediu providências ao governo do Estado várias vezes e nunca obteve resposta.

Problema será levado ao governo

O presidente da comissão, deputado Sargento Rodrigues (PDT), que pediu a realização da reunião, disse que gostaria que outros juízes tomassem decisões semelhantes. "Gostaria que essa moda pegasse, pois alguém tem que tomar uma providência. O cidadão é obrigado a pagar taxas e não vê a contrapartida do governo", protestou. O deputado lembrou que a arrecadação com as taxas de segurança pública é cada vez maior, mas mesmo assim, as polícias Civil e Militar enfrentam várias dificuldades, como viaturas sucateadas, déficit nos efetivos e a responsabilidade pela guarda de presos em diversas cadeias. "Estou na base de apoio do governo, mas não posso deixar de dizer isso", desabafou.

Já o deputado Zé Maia (PSDB) saiu em defesa do governo. Listou uma série de medidas que vêm sendo tomadas e que, segundo ele, vão contribuir para resolver os problemas de segurança pública do Estado. "O governo não está parado; tem feito ações importantes na área de segurança pública, mesmo com dificuldades", disse, citando a aquisição de novas viaturas, a construção de penitenciárias e a abertura de concurso para preencher 4 mil vagas nas duas polícias. O deputado propôs às autoridades de Guaranésia a organização de um conselho de segurança pública para que a comunidade se envolva na solução dos problemas.

O deputado Sargento Rodrigues disse que vai levar o problema da cadeia de Guaranésia ao chefe de Polícia, Otto Teixeira. Seu representante, Anselmo Gusmão, reconheceu a precariedade da cadeia, mas foi categórico: a Polícia Civil não pode construir unidades prisionais.

A comissão aprovou quatro requerimentos durante a reunião.

Presenças - Participaram da reunião os deputados Sargento Rodrigues (PDT), presidente; Rogério Correia (PT) e Zé Maia (PSDB). Também estiveram presentes os vereadores de Guaranésia Paulo Henrique de Oliveira e José Donizetti Alves.

 

 

 

 

 

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