Metalúrgicos pedem apoio da Assembléia para garantir emprego

Metalúrgicos e sindicalistas participaram de audiência pública da Comissão de Trabalho, da Previdência e da Ação Soci...

01/04/2004 - 00:00
 

Metalúrgicos pedem apoio da Assembléia para garantir emprego

Metalúrgicos e sindicalistas participaram de audiência pública da Comissão de Trabalho, da Previdência e da Ação Social da Assembléia Legislativa nesta quinta-feira (1o/4/2004), cujo objetivo era discutir, com representantes da Belgo Mineira, mudanças previstas para a jornada de trabalho dos funcionários da empresa em João Monlevade, entre outras questões trabalhistas. O representante da Belgo na reunião, o advogado Dilson Fraga de Assis, no entanto, se limitou a dizer que o assunto está sub judice, aguardando data para julgamento do dissídio coletivo, e que a empresa não vai se manifestar "sobre o que já foi exaustivamente discutido com a categoria, sem chegar a um acordo".

O deputado André Quintão (PT), autor do requerimento que deu origem à audiência, e a deputada Marília Campos (PT) lamentaram a postura da empresa de não querer participar do debate. Os trabalhadores da siderúrgica não aceitam o aumento da jornada de trabalho proposta pela empresa, o que, segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de João Monlevade, José Quirino dos Santos, provocaria a eliminação imediata de 200 empregos diretos. Atualmente, os metalúrgicos cumprem jornada de 33,6 horas semanais, em escala de revezamento dentro da chamada "tabela francesa", implantada em 1989 e considerada como avanço entre os sindicalistas. A direção da Belgo quer aumentar a jornada para 36,4 horas semanais.

O delegado Regional do Trabalho, Carlos Calazans, lembrou que em 2003 foram lavrados mais de 5 mil autos de infração no Estado, apenas com relação à burla da legislação no que diz respeito à jornada de trabalho. Segundo ele, o Ministério do Trabalho está estudando a padronização da jornada em todo o país, para evitar que os metalúrgicos sempre tenham que fazer a negociação direta com os patrões. "Esses acordo são sempre difíceis e quase sempre desfavoráveis aos trabalhadores", alertou.

Terceirização - O processo crescente de terceirização dentro das empresas metalúrgicas foi outro ponto duramente criticado pelos participantes da audiência pública. Segundo José Quirino dos Santos, os empregados terceirizados recebem menos da metade do que ganham os funcionários da Belgo. O vice-presidente do sindicato, José Lino, disse que os terceirizados estão em situação de miséria, trabalhando até 56 horas por semana.

Apoio do secretário - A deputada Marília Campos informou que, na próxima reunião da comissão, vai apresentar requerimento para que o assunto seja levado ao secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Wilson Brumer. Na opinião dela, os empresários precisam colaborar para que o crescimento econômico do país venha acompanhado de crescimento do mercado interno, "Os trabalhadores precisam ter condições de consumir o que se produz aqui", disse a deputada. O deputado André Quintão concordou com a deputada, pedindo que a saúde do trabalhador e as condições de trabalho sejam preservadas. Segundo ele, "a lucratividade não pode continuar sendo o único parâmetro para esses empresários".

Ex-deputado acusa empresas de burlarem a Constituição

A reunião da Comissão do Trabalho também contou com a participação do ex-deputado João Paulo Pires, representando a CUT do Vale do Aço. Ele, que foi funcionário da Belgo durante 30 anos, defende a regulamentação do inciso I do artigo 7º da Constituição Federal, que acaba com a demissão sem justa causa, como única forma de garantir o direito dos trabalhadores. João Paulo Pires pediu ajuda da bancada estadual do PT para pressionar o governo federal a fazer a regulamentação. Segundo ele, as empresas vêm desrespeitando a Constituição há muito tempo e até hoje o governo não teve coragem de enfrentar esse problema. "Infelizmente, empresas só aceitam cumprir a lei se os trabalhadores tiverem condições de exigir isso dela", afirmou o sindicalista.

Presenças - Participaram da reunião a deputada Marília Campos (PT), que a presidiu; deputados André Quintão (PT), Chico Simões e Weliton Prado, também do PT.

 

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