Comissão discute utilização do eliminador de ar na tubulação de água

A utilização do equipamento eliminador de ar na tubulação do sistema de abastecimento de água foi tema da reunião des...

31/03/2004 - 00:00
 

Comissão discute utilização do eliminador de ar na tubulação de água

A utilização do equipamento eliminador de ar na tubulação do sistema de abastecimento de água foi tema da reunião desta quarta-feira (31/3/04) da Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte da Assembléia Legislativa. Os deputados discutiram com os convidados a proibição, feita pela Copasa, em relação ao uso do equipamento, ao contrário do que determina a Lei 12.645, de 1997. De acordo com essa lei, a empresa concessionária do serviço de abastecimento de água no Estado deve instalar, por solicitação do consumidor, o equipamento eliminador de ar na tubulação que antecede o hidrômetro, e que as despesas serão pagas pelo consumidor. "Quero saber por que essa lei não está sendo cumprida pela Copasa. Por que ela insiste em não instalar o equipamento?", questionou o deputado Antônio Júlio (PMDB), autor do requerimento que originou a reunião.

A alegação da Copasa é que a lei precisa ser regulamentada. "Não se trata de não cumprir a lei e sim de regulamentá-la", explicou o superintendente jurídico da Copasa, Vicente de Paula Lima, Ele disse não ser contrário ao aparelho, mas garantiu que ele é ineficiente. "Como prestador de água, a Copasa é responsável por sua qualidade. Se o equipamento contaminar a água quem será o responsável?", perguntou Vicente Lima. Já o deputado Irani Barbosa (PL) quis saber qual a contaminação que esse equipamento poderia levar à água e pediu o fechamento imediato das ventosas espalhadas pela Região Metropolitana de Belo Horizonte que, segundo ele, contribuem para contaminar a água.

Segundo o especialista em hidráulica da Copasa, Vantuir Ribeiro, um estudo da UFMG concluiu que o abastecimento de água fica vulnerável com o eliminador de ar instalado na rede. No estudo, foi analisado como o equipamento se comporta em situações de desabastecimento e de alagamento, por exemplo. O técnico disse ainda que o eliminador de ar não foi aprovado pelo Inmetro e pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), ao contrário das ventosas que são reguladas e aprovadas pela associação.

Essas informações foram contestadas por Luiz Roberto Vieira, um consumidor que quis instalar o equipamento em seu condomínio, mas que teve seu pedido negado pela Copasa. Após essa recusa, ele fez uma pesquisa sobre o assunto e constatou que não cabe ao Inmetro aprovar o eliminador de ar porque não é um aparelho de medição. Disse também que não há uma norma técnica da ABNT sobre o aparelho, porque é de cunho opcional, assim com não há norma técnica para ventosas.

Fabricante mostra que consumidor paga pelo ar

O sócio-diretor da Dolphin Eliminadores de Água, Reinaldo Pereira, apresentou dois vídeos que atestam a presença de ar na tubulação de água e nos hidrômetros. Um desses vídeos é uma reportagem do Jornal Nacional, da Rede Globo, com consumidores mineiros que, mesmo sem água nas torneiras, pagam contas de água. Na matéria, um técnico da UFMG constata a existência de ar nos hidrômetros. Reinaldo Pereira questionou as acusações de ineficácia do aparelho e de seu perigo de contaminação feitas pelos representantes da Copasa. "A contaminação está minimizada ao máximo. Se for comparado com a ventosa, o eliminador de ar não apresenta risco", disse Pereira. Também presente na reunião, a presidente do Movimento das Donas de Casa, Maria do Céu Paixão, informou que as contas de água dos consumidores não diminuem, mesmo quando eles reduzem gastos e eliminam vazamentos. "Isso configura que o ar pesa na conta de água dos consumidores".

Em defesa da posição da Copasa de não adotar o eliminador de ar, o deputado Fábio Avelar (PTB) apresentou uma série de documentos que colocam em dúvida a eficiência do eliminador de ar e que ele causa contaminação da água. Já a presidente da comissão, Lúcia Pacífico (PTB), disse que irá avaliar os documentos entregues e que defende o cumprimento da lei, mas com fiscalização do equipamento. Os deputados Irani Barbosa, Chico Simões (PT) e Laudelino Augusto (PT) também defenderam que a legislação vigente deve ser respeitada. Já a deputada Vanessa Lucas (PSDB), vice-presidente da comissão, agradeceu a presença dos participantes.

Sobre o assunto da reunião, foram aprovados dois requerimentos. Um do deputado Chico Simões solicitando que a Copasa, realize testes, em conjunto com o fabricante Dolphin, sobre a utilização do aparelho eliminador de ar, concluindo pela sua eficácia em relação à economia na conta de água e à retenção de possíveis contaminações. Outro requerimento, do deputado Antônio Júlio, solicita que a Copasa seja oficiada a responder os seguintes questionamentos: por que não fez testes de contaminação para cumprir a Lei 12.645; se é somente risco de contaminação que impede a instalação do eliminador de ar; se existem hidrômetros com eliminadores de ar; e por que não utiliza o Cetec/MG para realização de ensaios.

Deputada solicita vista de parecer sobre lacres nos tanques de combustível

A deputada Vanessa Lucas (PSDB), vice presidente da comissão, pediu vista do parecer sobre o substitutivo nº 3, apresentado em Plenário, ao Projeto de Lei 679/03, do deputado Leonardo Moreira (PL), que obriga as distribuidoras de combustíveis a colocar lacres eletrônicos nos tanques dos postos de combustíveis. O relator, deputado Irani Barbosa, opinou pela rejeição do substitutivo nº 3. Para ele, o que deve ser acatado é o substitutivo nº 2, da Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária.

Ainda na reunião foram aprovados mais sete requerimentos, sendo que um numerado, o RQN 2.513/04, da deputada Ana Maria Resende (PSDB), que pede que seja encaminhado ofício ao presidente da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Nesse ofício solicita que o desconto na tarifa de energia elétrica seja garantido a todos os consumidores que tiverem gasto mensal superior a 80 kwh e inferior a 220 kwh. Entre os demais requerimentos aprovados estão:

* Do deputado Chico Simões, solicitando que sejam convidados seis representantes de entidades interessadas para participar da reunião que ira debater a aplicabilidade do artigo 31 do Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078, de 1990), que prevê a obrigatoriedade da afixação de preços ou etiquetas nos produtos à venda nos estabelecimentos comerciais.

* Da deputada Vanessa Lucas (PSDB), pedindo que sejam convidados para participar da reunião que discutirá o Projeto de Lei 896/03, o diretor do Sindicato das Indústrias de Carnes, Derivados e Frios de Minas Gerais, Paulo Nolli; o diretor da Associação dos Frigoríficos de Minas Gerais, Espírito Santo e Distrito Federal, Luiz Carlos da Silva; e o assessora para Assuntos Tributários da associação, Luiz Alberto Mesquita.

* Do deputado Rogério Correia (PT), pedindo que seja realizada audiência pública para debater os contratos relativos às renovações de concessões de água e dos contratos de serviços de esgotamento sanitário entre os municípios e a Copasa.

* Do deputado Weliton Prado (PT), solicitando que seja realizada audiência pública para debater o aumento de 57% nas mensalidades do curso de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais, no início deste ano.

Presenças - Participaram da reunião as deputadas Lúcia Pacífico (PTB), presidente, e Vanessa Lucas (PSDB), vice; e os deputados Antônio Júlio (PMDB), Irani Barbosa e Leonardo Moreira, ambos do PL, e Roberto Carvalho, Laudelino Augusto e Chico Simões, do PT, além das autoridades citadas.

 

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