Transporte grátis de idosos é debatido para melhorar PEC sobre o tema

Na reunião da comissão que analisa a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 64/03, nesta quarta-feira (31/3/04), dep...

31/03/2004 - 00:00
 

Transporte grátis de idosos é debatido para melhorar PEC sobre o tema

Na reunião da comissão que analisa a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 64/03, nesta quarta-feira (31/3/04), deputados e convidados não conseguiram chegar a um acordo quanto à formulação ideal da nova lei e sua aplicação. A PEC 64/03, de autoria do deputado João Bittar (PL) reduz de 65 para 60 anos a idade para o direito à gratuidade no transporte coletivo urbano, acrescentando um parágrafo ao artigo 225 da Constituição do Estado. Na discussão, agruparam-se, de um lado, a maioria dos deputados presentes e órgãos de direitos humanos ou dos idosos, defendendo a auto-aplicação das leis sobre a gratuidade; e de outro, empresas de ônibus e DER, além de deputados, que apresentaram questões a observar para viabilizar a nova lei, como a necessidade de ressarcimento dos custos às empresas.

O deputado Célio Moreira (PL), autor do requerimento da reunião, lembrou que o decreto que regulamentou a Lei Estadual 10.419, de 1991, concedeu passe-livre no transporte intermunicipal aos deficientes físicos, mentais e visuais e aos idosos com mais de 65 anos. Mas o artigo prevendo o ressarcimento pelo Estado dos custos do passe-livre às empresas não é cumprido. Para Célio Moreira, esse direito das empresas não pode prejudicar o cumprimento da lei. Ele acrescentou que a aprovação do Estatuto do Idoso em 2003 não deixou dúvidas quanto à gratuidade do transporte para os idosos, além de ter facultado aos Estados reduzir a idade de 65 para 60 anos.

Também o deputado João Bittar disse que a maior parte dos idosos tem quase toda aposentadoria comprometida com remédios e alimentação. Nada seria mais justo, então, em sua opinião, do que garantir o transporte gratuito intermunicipal também para as pessoas entre 60 e 64 anos, um público, segundo ele, de 518 mil pessoas, representando só 2,9% da população estadual.

Transporte compete ao município

O diretor do DER-MG, Lindemberg Garcia, afirmou que o artigo 39 do estatuto coloca a gratuidade do transporte urbano e semi-urbano como responsabilidade do município, e não do Estado - e essa modalidade já é oferecida aos idosos. Com essa opinião concordou o deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), acrescentando que, se a Justiça entender que a competência é do município, uma lei estadual pode ser alvo de Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin). O diretor do DER, acrescentou que já existe uma decisão do Tribunal de Justiça de Minas condicionando a gratuidade no transporte intermunicipal à compensação financeira às empresas.

O assessor jurídico do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Minas (Sindpas), Marcos de Castro Pinto, defendeu as empresas, dizendo que elas não estão descumprindo as leis da gratuidade, pois todas exigem mecanismos adicionais para sua aplicação: o decreto estadual, por exigir o ressarcimento às empresas, e o estatuto, ao prever a regulamentação.

O subsecretário estadual de Direitos Humanos, João Batista de Oliveira, defendendo a discussão política e não jurídica do tema, enfatizou que as empresas de ônibus têm uma concessão cartorial, com licitações quase simbólicas, e não oferecem contrapartida social. Depois de reclamar que uma lei aprovada há mais de 10 anos não foi regulamentada, mesmo com deficientes e idosos atingindo um terço da população, ele pediu o esforço dos deputados pela regulamentação.

Regulamentação - A presidente do Conselho Estadual do Idoso, Cleonice de Assis, criticou o excesso de leis que dificultaria o entendimento por parte dos cidadãos. Ela discordou da concessão pelo Estado de incentivos fiscais ou crédito a empresas de transporte. Cleonice também avaliou que as leis referentes a gratuidade necessitavam, sim, de regulamentação, mas de maneira bem definida, prevendo todas as situações, e com facilidade de execução. A presidente da comissão, deputada Maria Tereza Lara (PT) lembrou que a luta pelo transporte dos idosos talvez não terminasse com a aprovação da PEC. "Vamos continuar com ações concretas na Assembléia, discutindo mais com os responsáveis - o Estado e as empresas. E não vamos parar enquanto não tivermos solução", reforçou.

Presenças - Participaram da reunião a deputada Maria Tereza Lara (PT), presidente; e os deputados Dalmo Ribeiro Silva, vice; João Bittar (PL), Célio Moreira (PL) e Arlen Santiago (PTB).

 

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - 31 - 3290 7715