CPI federal sobre Prostituição Infantil se reúne na Assembléia

A Assembléia Legislativa de Minas Gerais cedeu seu auditório, nesta terça-feira (30/3/04), para a realização de uma a...

30/03/2004 - 00:02
 

CPI federal sobre Prostituição Infantil se reúne na Assembléia

A Assembléia Legislativa de Minas Gerais cedeu seu auditório, nesta terça-feira (30/3/04), para a realização de uma audiência pública da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Câmara dos Deputados e do Senado, que apura denúncias de exploração sexual de crianças e adolescentes. A reunião foi presidida pela senadora Patrícia Saboya Gomes (PPS/CE), presidente da CPMI, e teve a participação do senador Eduardo Azeredo (PSDB/MG), da deputada federal Maria do Rosário (PT/RS), relatora da CPMI. O deputado André Quintão (PT), que coordena a Frente Parlamentar em Defesa da Criança e do Adolescente da ALMG, acompanhou as atividades dos parlamentares federais.

O primeiro depoimento foi do inspetor Junie Penna, comandante regional da Polícia Rodoviária Federal em Pouso Alegre, sul de Minas, que mostrou dados sobre prostituição de menores, coletados pela corporação ao longo de rodovias federais em Minas, especialmente na BR-116 e BR-251, nos trechos dos vales do Mucuri e do Jequitinhonha, rotas migratórias entre o Nordeste e o Sul do país. O inspetor rodoviário revelou que as redes de exploração sexual de menores são "voláteis" e mudam rapidamente de região, e que muitas delas têm vínculos com o narcotráfico.

Maria Tereza Pantoja, representante da Confederação Nacional dos Transportes, pediu que o caminhoneiro não fosse estigmatizado. Ao contrário, que fosse transformado em agente de combate a esse crime. Segundo ela, "a questão geral é a pobreza no Brasil, onde 42% da população não ganha o suficiente para se manter". O secretário adjunto de Direitos Humanos da Sedese, João Batista de Oliveira, propor trabalhar a figura do caminhoneiro-cidadão, que viaja com a sua família.

Azeredo alerta contra pedofilia na Internet

Um triste quadro de fragmentação familiar e social foi revelado por Cássia Maria, do Conselho Tutelar de Francisco Badaró. Ela disse que sua cidade não tem rodovia, mas que as famílias estão tão "fragilizadas socialmente" que meninas de onze anos se prostituem em troca de presentes, como um vidro de perfume, ou um passeio de motocicleta ou carro. "São meninas que têm um sonho, e são seduzidas nos becos e nos escuros. O abuso não acontece só na pobreza, mas se intensifica nela".

Muitas críticas foram endereçadas ao trabalho das CPIs por religiosos, líderes comunitários, ongs e conselhos tutelares presentes. O irmão Mesquita, da Pastoral da Criança, disse que as entidades já conhecem o problema. O que desejam são os resultados e as ações concretas de combate. Uma crítica específica foi endereçada pelo jornalista Antônio Coquito a alguns juízes que não mostram interesse em aplicar a lei com rigor contra abusadores de menores.

A senadora Patrícia Saboya Gomes disse que o problema existe em todo o país, inclusive em sua cidade, Fortaleza, onde as meninas são abordadas nas praias por homens adultos. Para ela, é necessária uma mudança cultural para resolver a questão. A solução, segundo ela, passa pela implantação de políticas públicas "criativas". "Não basta oferecer um curso de corte e costura para essas meninas", disse ela, acrescentando que o problema é complexo.

Eduardo Azeredo falou sobre a questão da pedofilia pela internet, questão que considera "gravíssima". "A maioria dos sites de pedofilia vem do exterior, e os provedores não podem ser barrados, a não ser que façamos como Fidel Castro em Cuba, que proibiu a Internet em seu país".

À tarde, o deputado Rogério Correia (PT) fez um relato sobre as atividades da Comissão Especial de Combate à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, formada pela Assembléia Legislativa e que funcionou em 2001 e 2002. Foram citados os casos mais importantes investigados pela comissão, como o de Araxá, no qual dois promotores - Armando Lourenço da Silva e Luiz Alexandre Cruz Ferreira - foram afastados por envolvimento com pedofilia, o de Taiobeiras, no qual o prefeito Joel da Cruz dos Santos foi indiciado pelo Ministério Público, e o de Arinos, no qual um juiz foi envolvido mas acabou sendo inocentado. Todos os episódios ocorreram em 2001.

Presenças: Senadora Patrícia Saboya (PPS-CE), presidente; senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), vice-presidente; deputadas federais Maria do Rosário (PT-RS), relatora; Almerinda Carvalho (PMDB-RJ), Thelma de Oliveira (PSDB-MT), deputados federais João Magno (PT-MG), Eduardo Barbosa (PSDB-MG); deputado estadual André Quintão (PT-MG), coordenador da Frente Parlamentar de Combate à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. Na parte da tarde, compareceu também o deputado federal Eduardo Barbosa (PSDB-MG).

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - 31 - 3290 7715