Portadores de epidermólise bolhosa reivindicam ajuda do SUS

Os portadores de epidermólise bolhosa reclamaram, na reunião da Comissão de Saúde da Assembléia Legislativa desta ter...

30/03/2004 - 00:02
 

Portadores de epidermólise bolhosa reivindicam ajuda do SUS

Os portadores de epidermólise bolhosa reclamaram, na reunião da Comissão de Saúde da Assembléia Legislativa desta terça-feira (30/3/2004), da ausência de um programa que assegure a distribuição gratuita de medicamentos para o tratamento e controle da doença. "Curativos e remédios são caros e não podem faltar. Por isso, precisamos do apoio do Sistema Único de Saúde", cobrou a presidente da Associação Mineira dos Parentes, Amigos e Portadores de Epidermólise Bolhosa (Ampapeb), Cláudia Eleutério.

A epidermólise bolhosa caracteriza-se pela formação de bolhas na pele, que surgem em áreas de maior atrito, como pés, mãos, cotovelos e joelhos. Em casos mais graves, pode haver o comprometimento dos dentes, do intestino delgado e de todas as mucosas do corpo. Ela pode levar ao estreitamento do esôfago e do canal anal, e a dificuldade de ingerir alimentos pode levar os pacientes à desnutrição. Os portadores da doença também podem se tornar anêmicos, por causa das constantes perdas de sangue através das bolhas. Quando não tratada, a doença pode provocar uma infecção generalizada que leva o paciente à morte, conforme explicou a representante da Secretaria de Estado da Saúde (SES), Maria Aparecida Grossi.

A doença é genética e geralmente se manifesta logo nos primeiros dias de vida. Muitos médicos têm dificuldades em diagnosticar a doença porque ela é muito rara. A Ampapeb tem cadastrados 41 portadores da doença, mas o número total de doentes pode ser bem maior, justamente por causa do diagnóstico difícil. O tratamento é feito à base de pomadas para atenuar os efeitos das bolhas e de antibióticos para prevenir infecções. Os pacientes também precisam de curativos diários e do acompanhamento de nutricionistas e psicólogos. A medicação é cara. Cláudia Eleutério, por exemplo, gasta mensalmente R$ 1.436 com remédios e curativos. Ela paga o tratamento do próprio bolso, pois nunca recebeu nenhum remédio pelo SUS. Situação semelhante é enfrentada por praticamente todos os integrantes da associação, que muitas vezes dependem de favores de parentes e amigos para comprar os remédios.

SMS promete organizar atendimento

A representante da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte (SMS), Maria Cecília Rajão, disse que 18% do orçamento do município já é destinado à saúde e a prefeitura não tem condições de aumentar os investimentos no setor. Mas disse que é possível reforçar o atendimento nos postos de saúde e prometeu divulgar a epidermólise bolhosa entre os profissionais da sua rede de atendimento, para facilitar o diagnóstico da doença. Além disso, Cecília afirmou que as equipes do Programa de Saúde da Família treinadas para fazer curativos especiais podem prestar atendimento domiciliar aos portadores da doença.

O deputado Célio Moreira (PL), que pediu a realização da reunião, reclamou da ineficiência do SUS em prestar atendimento aos portadores da doença e defendeu a distribuição gratuita dos medicamentos. "É importante que o SUS dê atenção a esses pacientes porque o tratamento da epidermólise bolhosa é extremamente oneroso", cobrou. Já o presidente da comissão, deputado Ricardo Duarte (PT), propôs a realização de um fórum técnico para discutir a distribuição gratuita de remédios para os portadores de doenças raras, idéia que recebeu o apoio dos demais deputados presentes. O deputado Neider Moreira (PPS) defendeu a manutenção de um estoque regulador da SES para atender os portadores de doenças raras, já que os processos de licitação para a compra desses remédios podem atrasar até 90 dias.

Projeto de Lei - O Projeto de Lei 771/2003, do deputado Célio Moreira, que trata do atendimento aos portadores de epidermólise bolhosa, já está pronto para ser votado em Plenário em 1o turno. Originalmente, o projeto obrigava a SES a distribuir os medicamentos para tratamento da doença gratuitamente. Na Comissão de Saúde, recebeu um substitutivo que obriga o Estado a fazer o controle dos registros da doença e prestar apoio aos municípios para o atendimento aos doentes.

Presenças - Participaram da reunião os deputados Ricardo Duarte (PT), presidente; Célio Moreira (PL), Neider Moreira (PPS) e Carlos Pimenta (PDT).

 

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