Deputados querem esclarecimentos sobre inquérito de Alfenas
A Comissão de Segurança Pública deverá se reunir
com a chefia da Polícia Civil para pedir informações sobre o
andamento do inquérito policial que investiga atos de corrupção que
teriam sido praticados pelo prefeito de Alfenas, José Manso. Na
reunião desta terça-feira (23/3/04), o deputado Rogério Correia (PT)
apresentou um apanhado de fatos que demonstram, segundo ele, que o
atual delegado designado para o caso, Rosemberg Otho, não teria
condições de continuar a apuração. Além de classificar a transcrição
dos diálogos feita pelos peritos da Polícia Civil como
"completamente insatisfatória", por omitir vários trechos que podem
configurar atos de corrupção, Correia questionou as técnicas de
interrogatório usadas para ouvir a ex-secretária Andrezza Torres,
responsável pela divulgação das fitas de vídeo.
De acordo com Correia, a ex-secretária teria
sofrido pressão psicológica ao responder ao interrogatório do
delegado do Deoesp, além de ter assinado o depoimento contra a
vontade. As duas testemunhas do depoimento, segundo o deputado,
assumiram que não acompanharam o interrogatório na integralidade e
que assinaram o documento a pedido dos policiais. Rogério Correia
mostrou aos participantes da reunião cópias dos depoimentos da
secretária e das duas testemunhas feitos ao promotor local que
investiga o caso, em que relatam ao membro do Ministério Público
como foi o interrogatório da Polícia Civil. "O promotor disse que
não está confiando no trabalho da Polícia e que não vai mais
acompanhar o caso", afirmou Rogério Correia.
O objetivo inicial do deputado era aprovar
requerimento pedindo a nomeação de outro delegado para o caso, mas
essa votação foi adiada, a pedido do líder do Bloco Parlamentar
Social Progressista, deputado Antônio Carlos Andrada (PSDB). "As
denúncias são sérias e devem ser investigadas, mas a comissão deve
ouvir o contraditório, levando esses pontos ao chefe da Polícia
Civil e ter explicações antes de tomar uma posição", afirmou o líder
do bloco. A sugestão de Andrada foi acatada pelos participantes da
reunião.
Parceria com iniciativa privada será discutida
A comissão aprovou requerimento do deputado
Sargento Rodrigues (PDT) e da deputada Marília Campos (PT) pedindo
audiência pública para debater a parceria de entidades de segurança
pública com a iniciativa privada e as repercussões da entrada do
sistema penitenciário no programa estadual de Parcerias
Público-Privadas. Serão convidados representantes do Sindicato dos
Agentes Penitenciários, da Comissão de Direitos Humanos da OAB-MG,
da Secretaria de Defesa Social, do Tribunal de Justiça, do
Ministério Público Estadual e da Pastoral Carcerária de Belo
Horizonte.
Outro requerimento de audiência, também do deputado
Sargento Rodrigues, objetiva debater as condições físicas da cadeia
pública do município de Guaranésia, no Sul de Minas, que foi
recentemente interditada pelo juiz daquela comarca. Serão convidados
o juiz e representantes da Polícia Civil, do Ministério Público, da
Polícia Militar e da Câmara Municipal de Guaranésia.
Uma terceira audiência pública, requerida pelo
2º-vice-presidente da Assembléia, deputado Adelmo Carneiro Leão
(PT), vai debater o sistema prisional de Uberaba, no Triângulo
Mineiro. Estão convidados representantes da Polícia Civil, da
Secretaria de Estado da Defesa Social e da Secretaria Nacional de
Segurança Pública, além da Vara de Execução Criminal e da OAB.
Vistorias - Outro
requerimento aprovado, apresentado por Sargento Rodrigues, pede a
realização de vistorias permanentes nas unidades da Polícia Militar
e nas delegacias da Polícia Civil, para verificar a situação
logística das repartições. "A comissão recebe denúncias de uma
enorme carência de equipamentos e infra-estrutura básica para
possibilitar o trabalho dos organismos de polícia do Estado", afirma
o autor do requerimento.
Deputado critica condução de denúncias
Ao final da reunião, o deputado Sargento Rodrigues
fez novas críticas à forma como o governo estadual estaria conduzido
denúncias de corrupção apresentadas pela Comissão de Segurança
Pública, que envolvem a Polícia Militar. Segundo ele, o governador
Aécio Neves teria lhe afirmado - durante reunião na noite da última
segunda-feira (22), da qual participou ainda o deputado federal Cabo
Júlio (PSC/MG) - que teria interferido para que não acontecesse uma
reunião convocando o comandante-geral da Polícia Militar. Rodrigues
anunciou seu rompimento com o governo e avaliou que deverá deixar a
presidência da Comissão pelos posicionamentos que tem adotado. O
vice-presidente da comissão, deputado Alberto Bejani (PTB) pediu ao
governador Aécio Neves determinação na apuração das denúncias feitas
pela Comissão de Segurança Pública.
Em relação às críticas, o líder do BPSP, deputado
Antônio Carlos Andrada, afirmou que o problema da segurança pública
reflete um quadro social de miséria dramático e não pode ser
resolvido com ações pontuais e rápidas. Ainda segundo ele, o governo
estadual se dedicou a construir um novo caminho, com congregação de
forças. "Um governo amplo precisa ceder e fazer investimentos",
afirmou.
Presenças - Participaram
da reunião os deputados Sargento Rodrigues (PDT), presidente;
Alberto Bejani (PTB), vice; Leonardo Moreira (PL), Rogério Correia
(PT), Zé Maia (PSDB) e Antônio Carlos Andrada (PSDB).
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