Projetos para o aeroporto da Pampulha serão
reelaborados
A ausência de representantes da Infraero na reunião
da Comissão Especial dos Aeroportos, realizada na tarde desta
quarta-feira (17/3/04), foi lamentada pelo relator, deputado Fábio
Avelar (PTB), que aguardava uma exposição detalhada dos projetos
para revitalização do aeroporto da Pampulha, ao custo de R$ 140
milhões. No entanto, o presidente da comissão, deputado Alencar da
Silveira Jr. (PDT), antecipou que grandes novidades serão anunciadas
nesta quinta-feira (18), durante visita do Presidente Lula a Belo
Horizonte. Silveira Jr. afirmou que a estratégia é garantir esses
recursos para Minas, mas que a maneira de aplicá-los será discutida
com todos os setores envolvidos e com a sociedade.
O gerente da Plataforma de Comércio Exterior do
Governo de Minas, Gilmar Alanis, embora frisando que não tinha
procuração para defender a Infraero, informou que o programa
qüinqüenal de investimentos da Infraero foi redefinido, e que o
convênio a ser assinado pelo presidente "será uma resposta firme aos
anseios da comunidade". Alanis expôs ainda uma proposta para
transformar o entorno do aeroporto de Confins em centro de eventos,
de indústria tecnológica e de convenções.
O secretário adjunto de Turismo, Roberto Fagundes,
revelou que os vôos das grandes companhias foram trazidos à Pampulha
pelo "competente lobby do Comandante Rolim" (ex-dono da TAM), e que
sua capacidade máxima, de 1,5 milhões de passageiros ao ano, foi
saturada e superada pelos 3,2 milhões de passageiros atendidos em
2003, instaurando um "clima de rodoviária". Para ele, a Pampulha é
vocacionada para vôos regionais com turbo-hélice de até 60
passageiros, táxis aéreos e vôos oficiais. "Todos os demais teriam
que ser transferidos para Confins", afirmou.
Aeroporto da Pampulha é seguro, afirma
brigadeiro
O major-brigadeiro Alemander Pereira Filho, do
Departamento de Aviação Civil, anunciou que as quatro grandes
companhias aéreas (Varig, Vasp, Tam e Gol) já teriam concordado -
dentro de certas condições que não estava autorizado a revelar - a
transferir-se ao mesmo tempo para Confins. O major deu extensas
explicações sobre o negócio aeroportuário, preço de aeronaves, custo
de linhas aéreas e subsídio estatal às companhias dos países ricos.
Assegurou que a segurança dos aeroportos no Brasil, Pampulha
inclusive, é de primeiro mundo.
O comandante José Afonso Assumpção, da Líder Táxi
Aéreo, manifestou preocupação com o desperdício de recursos públicos
na reforma do aeroporto da Pampulha, que poderia não se enquadrar
nos regulamentos e ser interditado. Para ele, o aeroporto de
Confins, que custou US$ 500 milhões, não pode ficar ocioso. Somando
os R$ 140 milhões anunciados para a Pampulha com os recursos para
revitalização dos aeroportos urbanos de Congonhas (SP) e Santos
Dumont (RJ), Assumpção estima que "R$ 1 bilhão poderiam ser poupados
com uma canetada do DAC, que redirecionasse os vôos das companhias
para os maiores aeroportos".
O ex-vice-prefeito Marcos Sant'Ana considera que o
problema de segurança não é grande na Pampulha, porque as normas de
segurança são seguidas, e afirma que "Confins não foi abandonado de
propósito por ninguém. A razão foi a evolução da economia". No
entanto, Sant'Ana defende o revigoramento de Confins. "Trata-se de
um dos maiores ativos já prontos que temos, em condições técnicas
espetaculares. O problema de gerir esse ativo é nosso, e não das
companhias aéreas".
Vôos diretos atrairiam grupos de turistas
europeus
O ex-vice-prefeito não estava na lista de
convidados para a reunião, mas foi admitido pelo presidente Alencar
da Silveira Jr. por se tratar de homem público dedicado aos
interesses da capital, ex-piloto privado e usuário freqüente dos
dois aeroportos. Outra personalidade convidada de última hora foi o
cidadão francês Georges Janik, ex-diretor executivo da Bolsa de
Valores de Paris, que mora há seis anos em Belo Horizonte.
Janik vê grande potencial turístico em Minas, não
só do turismo ecológico, exemplificado pelos atrativos da Serra do
Cipó, mas também o turismo histórico-cultural representado por Ouro
Preto e Diamantina. Introduziu também o conceito de turismo
industrial: "Muitas pessoas querem viajar para conhecer minerações
ou plantas industriais", disse. No entanto, ele crê que a falta de
vôos diretos compromete esse potencial: "Muitos franceses gostariam
de conhecer Diamantina, mas desistem ao imaginar 18 a 26 horas em
vôos e baldeações em aeroportos, quando um vôo direto demandaria
apenas dez horas".
O deputado Doutor Viana manifestou sua preocupação
com o aeroporto da Pampulha quando chove. "Quem mora ao redor de lá
está vivo, mas com muito receio", disse. A opinião do deputado foi
secundada por vários representantes da comunidade e dos
aeroportuários. Sérgio Alonso, do Sindicato dos Aeroportuários,
desafiou a comissão a pedir uma perícia no local, para comprovar que
o nível de emissão de ruídos e a zona de proteção da vizinhança não
se enquadram na legislação. Para ele, "as autoridades pretendem que
seja um aeroporto um campo de aviação dos anos 50".
Suzana Meinberg, urbanista a serviço da Associação
Comunitária do Bairro Jaraguá, criticou a falta de planejamento
endêmica no desenvolvimento da capital, e concordou que as zonas de
proteção não são adequadas. "Não importa de onde venham os recursos.
Quem paga somos nós", afirmou. Leandro Castro Pinheiro, do Sindicato
dos Aeroportuários, estranhou que o DAC se preocupasse tanto com a
lucratividade das companhias aéreas, que já deveriam muito à
Infraero.
O major-brigadeiro Alemander pediu a palavra para
responder a cada uma das citações em que sentiu atingido o DAC.
Disse que o denso povoamento nas cabeceiras do aeroporto foi
permitido pela Prefeitura de Belo Horizonte, e não pelo ente
federal. Ele assegurou que o nível de ruído, pelo aperfeiçoamento
das turbinas, está dentro do que permite a legislação.
Presenças - Compareceram à
reunião os deputados Alencar da Silveira Jr (PDT), presidente; Célio
Moreira (PL), vice; Fábio Avelar (PTB), relator; e Doutor Viana
(PFL).
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