Segurança Pública pede afastamento de prefeito de Alfenas

O Ministério Público Estadual deve entrar com uma ação civil pública pedindo o afastamento do prefeito de Alfenas, Jo...

16/03/2004 - 00:03
 

Segurança Pública pede afastamento de prefeito de Alfenas

O Ministério Público Estadual deve entrar com uma ação civil pública pedindo o afastamento do prefeito de Alfenas, José Wurtemberg Manso (PDT), conforme informou o coordenador da Procuradoria Especializada de Crimes de Prefeitos, Gilvan Alves Franco, que participou da reunião da Comissão de Segurança Pública da Assembléia Legislativa nesta terça-feira (16/3/04). O procurador recebeu do presidente da comissão, deputado Sargento Rodrigues (PDT), cópia do laudo pericial do Instituto de Criminalística indicando a autenticidade da fita de vídeo que mostra o prefeito distribuindo dinheiro aos vereadores de Alfenas, em troca da aprovação de projetos de lei de seu interesse. "A fita é uma prova lícita porque foi gravada pelo próprio prefeito, isto é, a origem da gravação não é clandestina", afirmou Gilvan Alves Franco.

Segundo Gilvan Alves Franco, a tramitação da ação civil pública pedindo o afastamento será movida na própria comarca de Alfenas, com o objetivo de agilizar o processo. "O contato do promotor local com o juiz é direto", explica. A investigação criminal continuará sendo feita em Belo Horizonte pela Polícia Civil, com a acompanhamento direto da Procuradoria de Crimes de Prefeitos. Sete procedimentos contra o prefeito de Alfenas já tramitam na Procuradoria Especializada, além de um processo em andamento no Tribunal de Justiça.

A ex-secretária do prefeito, que tornou pública a denúncia, Andrezza Torres Chagas, confirmou aos deputados que as fitas foram entregues a ela pela chefe de gabinete de José Wurtemberg Manso e que as gravações eram feitas a pedido do prefeito. "A transcrição da primeira fita e o testemunho da ex-secretária são provas patentes de corrupção ativa e passiva por parte do prefeito e dos vereadores", afirmou Sargento Rodrigues. A comissão vai pedir à Polícia Militar e ao Ministério Público segurança pessoal para a ex-secretária, que afirma estar sofrendo ameaças de morte. Ela trabalhou na prefeitura de 2001 a fevereiro de 2004, quando pediu exoneração.

O prefeito José Wurtemberg Manso, que foi convidado a participar da reunião, enviou correspondência justificando a ausência - compromissos anteriormente agendados. Também justificaram a ausência o delegado da região de Alfenas, Wagner Lopes de Souza, e o diretor de Operação Sudoeste da Copasa, Cássio Drummond de Paula Lemos.

Projetos votados em Alfenas serão analisados

A Comissão de Segurança Pública quer a relação de todos os projetos apreciados pela Câmara Municipal de Alfenas nos anos de 2002 e 2003, contendo numeração, autoria e atual situação. A comissão também vai pedir à Câmara a cópia dos projetos que tratem de saneamento básico, taxas municipais, concessão para exploração e distribuição de água e exploração e construção do terminal rodoviário da cidade. O requerimento foi apresentado pelo deputado Sargento Rodrigues.

O objetivo dos deputados é investigar se existe relação entre as proposições aprovadas com a distribuição de dinheiro aos vereadores pelo prefeito. Segundo o deputado Rogério Correia (PT), é preciso esclarecer qual é o envolvimento do diretor de Operação Sudoeste da Copasa, Cássio Drummond de Paula Lemos, que é citado na fita. O parlamentar afirmou que, na fita, o prefeito é incentivado pelo empresário José Augusto Godoy a ligar para o diretor da Copasa e pressioná-lo a enviar o dinheiro do contrato entre a prefeitura e a empresa. Em outro trecho, o prefeito distribui dinheiro aos vereadores prometendo dar a eles mais R$ 2 mil assim que fosse aprovado um projeto que trata da licitação para escolha de empreiteiras que realizariam obras da Copasa.

O líder do governo, deputado Alberto Pinto Coelho (PP), o líder do Bloco Parlamentar Social Progressista, Antônio Carlos Andrada (PSDB), e o deputado Fábio Avelar (PTB) criticaram os questionamentos que vêm sendo feitos à Copasa sobre os convênios que a empresa firma com os municípios mineiros. Segundo eles, não há qualquer prova concreta que ponha em dúvida a seriedade e transparência da empresa. Os parlamentares refutaram insinuações envolvendo a Copasa e seus funcionários e defenderam que a Comissão de Segurança Pública não é o foro adequado para se discutir esse assunto. Antônio Carlos Andrada pediu a Sargento Rodrigues para que coloque a fita à disposição da Presidência da Assembléia, para exibição em Plenário, no que foi atendido.

Projeto regulamenta instalação de cerca energizada

A comissão aprovou pareceres favoráveis a dois projetos de lei. Um deles foi o PL 1.208/03, do deputado George Hilton (PL), que trata da instalação de cercas energizadas para proteção de imóveis e teve como relator o deputado Rogério Correia (PT). No parecer, ele destaca que é necessário disciplinar o uso desse sistema de segurança, para evitar instalações sem rigor técnico que coloquem em risco a segurança humana. "As cercas energizadas são usadas há mais de 40 anos, mas ainda suscitam preocupações do ponto de vista moral e legal", afirmou o relator, acrescentando que a própria jurisprudência não tem sido unânime ao julgar ações que envolvam alegação de legítima defesa no uso das cercas.

De acordo com o projeto, as empresas instaladoras das cercas devem estar registradas no conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea-MG) e possuir, em seu quadro funcional, um engenheiro eletricista que se responsabilize tecnicamente pelo procedimento. O projeto não foi analisado pela Comissão de Constituição e Justiça, que perdeu prazo para emitir parecer.

A outra proposição analisada foi o PL 1.042/2003, do deputado Doutor Ronaldo (PDT), que estabelece regras para a cremação de cadáveres. No parecer, o relator, deputado Alberto Bejani (PTB), ressalta que o projeto minimiza "a possibilidade de algum equívoco quanto à determinação da causa da morte", ao abolir a possibilidade de substituir um médico legista por dois médicos que não o sejam, conforme prevê a atual legislação. "O objetivo é garantir o uso obrigatório da experiência adquirida pelos legistas em detectar, mais facilmente, a prática de um possível suicídio ou conduta criminosa contra a vida de quem se pretende cremar", afirmou o relator.

Além disso, de acordo com o parecer, o projeto garante o recolhimento, no cadáver a ser cremado, de amostras de material genético que permitam a posterior realização de exame de DNA e o seu armazenamento no Instituto Médico Legal (IML) por dez anos. Dessa forma, segundo o relator, o projeto pretende vetar possíveis lesões a direitos de terceiros em casos de investigação de paternidade ou até mesmo em matéria penal.

Requerimentos - A comissão vai realizar uma audiência para debater a situação carcerária do Estado, a condição de trabalho dos agentes públicos e a morte do agente penitenciário Leonardo Evangelista. O requerimento é do deputado Sargento Rodrigues, que também quer incluir no debate a necessidade de transferência de presos das delegacias de Furtos e Roubos e de Tóxicos da Capital.

Outro requerimento, do deputado Carlos Pimenta (PDT), pede audiência pública para debater a construção da sede própria da Delegacia Regional de Segurança Pública em Montes Claros. Segundo o parlamentar, a delegacia está funcionando precariamente, em imóveis alugados. "A Polícia Civil possui terreno doado pelo município e já tem a planta arquitetônica para a construção de um edifício moderno e funcional", afirmou.

Presenças - Participaram da reunião os deputados Sargento Rodrigues (PDT), presidente da comissão; Alberto Bejani (PTB), vice-presidente; Rogério Correia (PT); Alberto Pinto Coelho (PP), líder do governo; Antônio Carlos Andrada (PSDB), líder do Bloco Parlamentar Social Progressista; Biel Rocha (PT), Laudelino Augusto (PT), Chico Simões (PT), Sebastião Helvécio (PDT), Ivair Nogueira (PMDB), Fábio Avelar (PTB) e a deputada Jô Moraes (PCdoB).

 

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