Cipe Rio Doce decide criar força-tarefa para despoluição

Três deputados mineiros e um capixaba, membros da Comissão Interestadual Parlamentar de Estudos sobre a Bacia Hidrogr...

12/03/2004 - 00:00
 

Cipe Rio Doce decide criar força-tarefa para despoluição

Três deputados mineiros e um capixaba, membros da Comissão Interestadual Parlamentar de Estudos sobre a Bacia Hidrográfica do Rio Doce (Cipe Rio Doce), reuniram-se na manhã desta sexta-feira (12/3/04) para traçar estratégias de atuação para 2004. Participaram da reunião representantes dos órgãos envolvidos na questão dos recursos hídricos, como a Agência Nacional das Águas (ANA), a Feam, o Igam, o Cesam e a Copasa. Depois das exposições, deputados e técnicos decidiram pela criação de uma força-tarefa encarregada de formular um programa de investimentos com vistas à despoluição da bacia do rio Doce. Os deputados se incumbiram de organizar a pressão política para assegurar os recursos necessários.

A reunião começou com uma exposição do representante da ANA, Rodrigo Flecha Alves, que sugeriu uma metodologia para que "o problema do rio Doce saia da retórica e passe a ações concretas". Flecha Alves informou que o Programa de Despoluição de Bacias Hidrográficas (Prodes) teve R$ 52 milhões em 2001 e contratou 17 projetos. Em 2002, esses recursos foram reduzidos para R$ 17,7 milhões. Neste ano, recebeu apenas R$ 2 milhões. Apenas o projeto de tratamento de esgotos de Governador Valadares custaria R$ 60 milhões e o de Colatina, R$ 30 milhões.

O deputado Gilson Amaro (PRTB/ES) propôs que a prioridade seja dada ao tratamento dos esgotos das 12 cidades que os lançam diretamente no rio Doce. Amaro considera secundária a poluição causada pelas cidades às margens dos afluentes, porque haveria um percurso maior para diluir os esgotos. Das cidades da bacia, apenas Ipatinga trata 100% de seus esgotos, o que é motivo de orgulho para a deputada Cecília Ferramenta (PT), representante do Vale do Aço. "O mérito ali não foi apenas da administração municipal, mas também das ongs e da mobilização da comunidade", salientou a deputada.

Patrícia Boson representou a Fiemg e o Comitê da Bacia do Rio Doce na reunião. Foi dela a sugestão de que a equipe de elaboração do programa fosse considerada força-tarefa, com expediente diário de oito horas e três meses para apresentar resultados. Ficou estabelecida a data de 6 de abril para que os órgãos designem seus representantes.

Estações de tratamento mal executadas e ineficazes

Alice Soares, da Feam, trouxe a preocupação com os 90 empreendimentos hidrelétricos na bacia do rio Doce que pediram licenciamento à Feam. Sobre a demora na concessão de licenciamento para estações de tratamento de esgotos, ela atribui em parte à péssima qualidade dos projetos. Marco Antônio Fernandez, do Igam, acrescentou que o pagamento das hidrelétricas pelo uso das águas já gerou R$ 465 mil para Minas e a Usina de Mascarenhas gerou R$ 192 mil para o Espírito Santo.

O deputado José Henrique (PMDB) confirmou as palavras de Alice Soares, revelando que, em sua região, muito dinheiro é desperdiçado com estações de tratamento mal projetadas, mal executadas e incapazes de cumprir a função de tratamento. Para ele, o comitê e os órgãos ambientais precisam prestar assessoria técnica aos projetos dos pequenos municípios. Lembrou as realizações da Cipe no passado, cujo ponto alto foi a criação do Comitê da Bacia do Rio Doce, e indicou que o trabalho a fazer agora é lutar por recursos para tratar água, esgotos e o lixo.

O deputado Márcio Passos (PL), que presidiu a parte inicial da reunião, pediu aos técnicos que sugerissem as pressões políticas necessárias sobre o Congresso, sobre o governo federal e estadual e os órgãos de saneamento. Também insistiu para que a força-tarefa aja o quanto antes, evitando a perda de prazos ou recursos que poderiam ser conquistados para a revitalização do rio Doce.

Presenças - Participaram da reunião a deputada Cecília Ferramenta (PT), vice-presidente da Cipe Rio Doce; e os deputados Márcio Passos (PL), coordenador estadual; José Henrique (PMDB), relator; Jayro Lessa (PL); e o deputado federal Gilson Amaro (PRTB/ES), coordenador estadual no Espírito Santo.

 

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