Extensa audiência sobre Capão Xavier deixa tema sem conclusão

A reunião realizada nesta quarta-feira (10/03/04), na Assembléia Legislativa, para discutir o licenciamento de explor...

10/03/2004 - 00:00
 

Extensa audiência sobre Capão Xavier deixa tema sem conclusão

A reunião realizada nesta quarta-feira (10/03/04), na Assembléia Legislativa, para discutir o licenciamento de exploração da Mina de Capão Xavier, em Nova Lima, pela Minerações Brasileiras Reunidas (MBR), durou mais de cinco horas ininterruptas e ainda deixou dúvidas. O secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, José Carlos Carvalho, garantiu que não haverá irreversíveis ao ambiente, e prometeu responder todas as dúvidas antes da decisão final do Conselho de Política Ambiental (Copam) sobre a licença. Já a presidente da Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais, deputada Maria José Haueisen (PT), que presidiu a reunião com três comissões, disse que ainda não tem condições de se pronunciar formal e conclusivamente sobre o assunto.

A reunião conjunta foi pedida por requerimento dos titulares das Comissões de Meio Ambiente; Educação, Cultura, Ciência e Tecnologia; e Defesa do Consumidor e do Contribuinte. Na última semana, um grupo de deputados visitou a mina, quando ficou definida a reaização da audiência pública. Anteriormente, o deputado Adalclever Lopes (PMDB) teve requerimento aprovado na Comissão de Meio Ambiente, pedindo ao Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam) cópia de toda a documentação relativa à mina de Capão Xavier, mas, segundo ele, a documentação ainda não chegou às mãos dos deputados.

Adalclever Lopes se disse impossibilitado de chegar a uma conclusão diante da falta dos documentos. O empreendimento de Capão Xavier já obteve licença de instalação, e a licença para operação está em fase final junto ao Copam, com pareceres favoráveis de todos os órgãos envolvidos. Apesar disso, o deputado Leonardo Quintão (PMDB), autor das primeiras denúncias na Assembléia, compartilha do ponto de vista dos moradores da região, de que a mina vai prejudicar os mananciais, o que estaria ferindo a Lei estadual 10.793, de 1992.

Promotor questiona - O promotor de Justiça de Defesa do Meio Ambiente, Fernando Antônio Nogueira Galvão da Rocha, disse que o Ministério Público recebeu farta documentação sobre a obra, mas que ainda restam dúvidas sobre alguns procedimentos. Segundo ele, o licenciamento parcial do empreendimento causa estranheza. "Por que a licença para início da extração foi desmembrada da questão do rebaixamento da água e da definição sobre como se dará o fechamento da mina?", questionou. O promotor afirmou que não há segurança de que a exploração da mina realmente não vai comprometer o abastecimento de água da Região Metropolitana de Belo Horizonte daqui a 20 anos. Na opinião dele, não deveria haver licença para instalação, antes de se definir se haverá prejuízo para os mananciais ou não.

O presidente da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), Ilmar Bastos Santos, afirmou que o órgão está disponível para prestar assessoria técnica e sanar qualquer dúvida levantada pelo Ministério Público no processo de licenciamento. "É nosso dever exigir tudo o que é previsto na lei para o licenciamento e estamos fazendo isso", disse. O diretor de desenvolvimento da MBR, Juarez Oliveira Rabelo, disse que foram feitos inúmeros debates com organizações não-governamentais ambientalistas e com a população local, e que a empresa está amparada na lei, uma vez que já tem a licença prévia e a licença de instalação.

Secretário defende legalidade do processo de licenciamento

O secretário de Estado de Meio Ambiente, José Carlos Carvalho, defendeu os estudos e pareceres já dados pelo Copam, órgão que preside. Segundo ele, esse é um órgão extremamente democrático, onde há paridade entre poder público e sociedade civil e que merece todo crédito. O secretário disse estar convencido de que Capão Xavier não trará prejuízos ao meio ambiente que não sejam reversíveis, e lembrou que ele próprio já interditou oito empreendimentos de mineração no Estado. José Carlos Carvalho disse, no entanto, que pedirá à Feam que responda a todos os questionamentos feitos durante a audiência na Assembléia, antes que o assunto volte à reunião do Copam.

O diretor da Copasa, Rômulo Thomaz Perilli, também defendeu o trabalho da MBR. Ele acredita que a obra não trará prejuízos. "A Copasa sabe o quanto é difícil conseguir novos mananciais para abastecer Belo Horizonte". De acordo com ele, todos os estudos foram realizados a partir de 1998, com vistas à manutenção da qualidade e da quantidade das águas que abastecem a capital. Rômulo Perilli garante que os estudos apontam pequenos impactos na quantidade da água e nenhum na qualidade, já que o projeto prevê que a MBR irá tratar o minério em outra cava, na mina da Mutuca.

Moradores indignados - Apesar de todas as explicações da MBR, de técnicos da Feam, do Igam, e da defesa da obra pela presidente da Associação Mineira de Defesa do Ambiente (Amda), Maria Dalce Ricas, moradores dos bairros Jardim Canadá e Vale do Sol não aceitam a exploração da mina. Eles questionam os pareceres técnicos e citam acidente ocorrido recentemente na mina de Tamanduá, na mesma região, onde houve ruptura da barragem, com vazamento de rejeitos e poluição do córrego Tamanduá/Capão da Serra. O vereador de Nova Lima, Otávio Freitas, autor da maior parte das denúncias contra a MBR, citou multas e ações que estão na Justiça contra a empresa.

O deputado Antônio Júlio (PMDB) também questionou a legalidade da obra. Segundo ele, há fortes indícios de que a legislação estadual de proteção ao meio ambiente está sendo ferida. Os outros deputados presentes à reunião, como a presidente da Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte, Lúcia Pacífico (PTB), manifestaram preocupação com relação à obra, mas garantiram que confiam na avaliação feita pelo secretário José Carlos Carvalho e nos pareceres dos técnicos do Estado. O deputado Fábio Avelar (PTB), que é engenheiro sanitário e ambiental, afirmou que não vê risco na exploração de Capão Xavier.

Presenças - Participaram da audiência as deputadas Maria José Haueisen (PT), que a presidiiu; Lúcia Pacífico (PTB); Vanessa Lucas (PSDB); Ana Maria Resende (PSDB); e os deputados Adalclever Lopes (PMDB); Fábio Avelar (PTB); Leonardo Quintão (PMDB); Sidinho do Ferrotaco (PSDB); Antônio Júlio (PMDB); Miguel Martini (PSB); Olinto Godinho (PSDB); Chico Rafael (PMDB); Doutor Viana ( PFL); Antônio Andrada (PSDB); Dilzon Melo (PTB), Domingos Sávio (PSDB); Irani Barbosa (PL) e Dalmo Ribeiro Silva (PSDB).

 

 

 

 

 

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