Procurador afirma que força-tarefa em Unaí não existe

A força-tarefa anunciada pelo presidente Lula para esclarecer rapidamente o assassinato de três fiscais e um motorist...

04/03/2004 - 19:27
 

Procurador afirma que força-tarefa em Unaí não existe

A força-tarefa anunciada pelo presidente Lula para esclarecer rapidamente o assassinato de três fiscais e um motorista da Delegacia Regional do Trabalho em Unaí não foi constituída de fato e nunca funcionou. A Polícia Federal e o Ministério Público Federal receberam com frieza as ofertas de colaboração dos especialistas em homicídios e crime organizado do Ministério Público e das polícias Civil e Militar de Minas, e tiveram restrições a compartilhar informações. Essa denúncia foi feita pelo procurador André Estêvão Ubaldino Pereira, do MP estadual e confirmada pelo deputado Sargento Rodrigues (PDT), numa reunião conjunta das comissões de Segurança Pública e do Trabalho, Previdência e Ação Social, realizada na tarde desta quinta-feira (04/03/04). O MP retirou-se de Unaí e passou a seguir linhas próprias de investigação. Os resultados obtidos em quase 40 dias de investigações são praticamente nulos.

Ubaldino criticou também a pressão que os ministros do Trabalho, Ricardo Berzoini, e dos Direitos Humanos, Nilmário Miranda, teriam exercido sobre os peritos para entregar rapidamente os corpos às famílias. "Isso prejudicou o exame de corpo de delito, resultando em provas deficientes", afirmou. "Se os organismos policiais estivessem colaborando estreitamente, seriam maiores as chances de sucesso", acrescentou, lembrando que isso aconteceu no assassinato do promotor Francisco Lins do Rêgo, esclarecido em 24 horas.

O delegado federal Cláudio Dornelas disse que, ao chegar ao local do crime, com 48 horas de atraso e depois de fortes chuvas, percebeu que seria difícil esclarecer o caso. "Não há testemunhas, nem indícios fortes. Mas estou certo, pelos meus 20 anos de experiência, que se trata de crime de mando", afirmou o delegado. "Se os fiscais estivessem sob proteção policial, provavelmente esses policiais também teriam sido mortos", ajuntou.

DRT vai trabalhar com cobertura policial

Rômulo Campos, representante da Federação dos Trabalhadores em Agricultura de Minas Gerais (Fetaemg), disse que os fiscais morreram por contrariar interesses de grandes produtores, mas que "o direito do trabalho não onera o setor produtivo. Nunca se ouviu falar que algum empresário rural tenha falido por cumprir a legislação trabalhista". O delegado regional do Trabalho, Carlos Calazans, informou que a fiscalização na região não foi interrompida, nem intensificada. "Trabalhamos nas épocas de safra. Em abril começa a colheita do feijão em Unaí, e haverá um afluxo de 25 mil trabalhadores. Será época de intensificarmos nosso trabalho". A DRT tem 315 fiscais em Minas e recebeu recentemente mais 15 recém-concursados. O planejamento de suas ações está sendo feito em conjunto com a Polícia Federal e a PMMG, a quem os fiscais deverão sempre recorrer em caso de dificuldades.

O deputado Sargento Rodrigues quer fiscalizar as parcerias da Polícia Militar com as prefeituras, câmaras municipais e com cooperativas e sindicatos patronais. Eles fornecem veículos e equipamentos para patrulhas rurais, transformando a PM em segurança particular. A constituição dos Conselhos de Segurança Pública (Conseps) também foi criticada pelo deputado Rogério Correia (PT): "Muitas vezes esses conselhos são constituídos exclusivamente por produtores, sem a presença de professores, trabalhadores e outros membros da comunidade".

A deputada Marília Campos (PT) apresentou requerimento, aprovado, para envio ao Congresso de manifestação de apoio à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 235, de autoria do deputado federal Paulo Rocha (PT-PA). A PEC estabelece o confisco de terras onde for comprovado trabalho escravo. O deputado Antônio Andrade (PMDB), que representa Unaí, afirmou que "o produtor quer é segurança. Mesmo com tanta polícia presente em Unaí, um produtor foi assaltado em R$ 250 mil recentemente". Andrade concorda que os que não cumprem a legislação trabalhista devam ser punidos, mas recomendou que "não se deve generalizar".

Presenças - Deputados Sargento Rodrigues (PDT), presidente da Comissão de Segurança Pública; Rogério Correia (PT), André Quintão (PT), Biel Rocha (PT), Mauro Lobo (PSB), Antônio Andrade (PMDB) e a deputada Marília Campos (PT), vice-presidente da Comissão do Trabalho.

 

 

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - 31 - 3290 7715