Direitos Humanos condena bloqueio policial com civis

A Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa realizou, nesta quinta-feira (04/03/04), audiência pública p...

04/03/2004 - 15:36
 

Direitos Humanos condena bloqueio policial com civis

A Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa realizou, nesta quinta-feira (04/03/04), audiência pública para debater a operação da Polícia Militar em Vespasiano, na MG-10, no último dia 25, que resultou na morte da vendedora Ana Paula da Silva. Uma das conclusões do deputado Durval Ângelo (PT), presidente da comissão, é que o problema da Polícia Militar é ideológico, "porque o policial é preparado para reprimir os pobres e negros". O deputado condenou o bloqueio que colocou em risco a vida de civis. O comandante da 7ª Região da PM, onde aconteceu o fato, coronel Reinaldo Martins, garantiu que o método usado na operação não consta nos manuais, mas não condenou a ação. Ele disse que a Polícia Militar vai apurar tudo com transparência e que todos os policiais passam por treinamentos constantes.

Três entidades de representação dos militares apoiaram a ação dos 13 policiais militares na MG-10, colocando a culpa dos erros na falta de estrutura da PM. Eles pediram ainda que os policiais não sejam transformados em novas vítimas, "porque a atuação deles é resultado da falta de investimentos na segurança pública". O ouvidor da Polícia Militar, José Francisco da Silva garantiu que tudo está sendo investigado e as informações já estão recolhidas num dossiê.

O líder do governo na Assembléia, deputado Alberto Pinto Coelho (PP) disse que a Assembléia deve somar forças para que as ações do governo no setor dêem resultado mais rápido, enfatizando que a segurança pública é prioridade nº 1 do Estado. E citou a criação da Secretaria de Defesa Social, que uniu as ações das Polícias Civil e Militar.

Número de vítimas civis nos confrontos aumentou

José Francisco manifestou preocupação pelo aumento do número de casos de vítimas civis nos confrontos entre policiais militares e bandidos. Mostrando dados de uma pesquisa realizada pela Ouvidoria, ele informou que nos dois primeiros meses do ano, morreram nove pessoas nesses confrontos, numa média de 4,5 vítimas por mês, "enquanto este número, no ano passado, era de 2,4 por mês".

O tio da vendedora morta na operação, José Hamilton da Silva, pediu para ser ouvido no inquérito, já que fez fotos do local, e sabe que a vendedora foi morta muito perto de onde foi baleado o superintendente da Cemig, Tarcísio Celso de Castro, pelo mesmo grupo de policiais que faziam a perseguição a assaltantes. No caso do superintendente, o inquérito já conta com a informação do cabo José Luiz, que confessou ter atirado em Tarcísio de Castro por engano, pensando tratar-se do bandido, e que efetuou quatro disparos.

O presidente da Associação dos Praças da Polícia Militar (Aspra), subtenente Luiz Gonzaga Ribeiro falou da herança histórica da Polícia, "criada para proteger o poder", afirmando que o cabo José Luiz agiu dentro dos manuais da PM. O presidente da Associação dos Oficiais da Polícia Militar, major Zoé Ferreira Santos, também culpou a falta de política de segurança pública, enquanto o presidente do Centro Social dos Cabos e Soldados da Polícia Militar, cabo Adalberto Valadares dos Santos, pediu para que os policiais envolvidos não sejam crucificados "porque ninguém sabe o que é um confronto entre policiais e bandidos, com os bandidos mais bem equipados que o agente público".

Na audiência, os deputados Biel Rocha (PT) e Roberto Ramos (PL) pediram explicações ao coronel Reinaldo Martins sobre fatos ocorridos em Juiz de Fora e Santa Luzia, classificados de abuso de poder.

Presenças - Participaram da reunião, além dos convidados citados na matéria, os deputados Durval Ângelo (P), presidente; Roberto Ramos (PL), vice; Biel Rocha (PT), Gilberto Abramo (PMDB), Sargento Rodrigues (PDT), Alberto Pinto Coelho (PP) e Dalmo Ribeiro Silva (PSDB).

 

 

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