Autopeças e farmácias protestam contra imposto antecipado

Em audiência pública da Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte, realizada nesta quarta-feira (3/3/04) no ...

03/03/2004 - 20:23
 

Autopeças e farmácias protestam contra imposto antecipado

Em audiência pública da Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte, realizada nesta quarta-feira (3/3/04) no auditório da Assembléia, comerciantes de autopeças e farmacêuticos e suas entidades de classe reclamaram da implantação do regime de substituição tarifária implantado pela Secretaria de Estado da Fazenda. A reunião foi solicitada pelo deputado Antônio Júlio (PMDB), para quem a antecipação do pagamento de impostos e a taxação dos estoques vai extinguir o capital de giro das empresas e estimular o mercado informal. "Os sacoleiros vão ser a maior atividade econômica de Minas Gerais", previu o deputado.

O sistema de antecipação de impostos foi explicado pelo subsecretário da Receita Estadual, René de Oliveira Souza Jr. Segundo ele, o sistema se chama "instituto da substituição tributária", e consiste em tributar o ICMS de determinados produtos na própria fábrica, de modo a facilitar a fiscalização e evitar a sonegação. "Começamos na década de 1980, com os combustíveis e lubrificantes, que correspondem a 26% da receita do Estado. Depois estendemos para grandes setores, como cimento, bebidas, refrigerantes, açúcar, automóveis, pneus, cigarros etc."

Agora teria chegado a vez de incluir as farmácias, que são 6 mil no Estado, e as lojas de autopeças, que são 10 mil. Vários setores ainda ficam sujeitos à fiscalização tradicional, como vestuário, jóias e móveis. Para o subsecretário, vai diminuir muito a fila de inspeção nas barreiras. Além disso, ao aumentar a base dos tributos e diminuir as despesas com fiscalização, o Estado melhora sua receita e poderia aliviar a carga que recai sobre todos. Essa afirmativa foi muito questionada pela platéia, composta em sua maioria por comerciantes de autopeças. Uns duvidaram que a carga será aliviada, outros afirmaram que é o fim das micro e pequenas empresas e do Micro Geraes.

René Souza Jr. informou ainda que a inadimplência com o novo sistema fica na faixa de 3%, e que Minas Gerais atua com tanto rigor tributário que, apesar de seus principais produtos não pagarem ICMS, a arrecadação mineira é superior à do Rio de Janeiro, Estado com PIB maior.

A forma de incluir medicamentos e autopeças, através de decretos editados em setembro, também foi duramente criticada. Elton Andrade, sindicalista de autopeças, exigiu que a categoria seja informada previamente sobre futuras cobranças que estejam sendo planejadas pelo governo, para que possam se mobilizar. O deputado Antônio Júlio rebateu a crítica, dizendo que combateu sozinho o projeto de tributação do governo, sem que nenhuma entidade comparecesse para lhe dar reforço.

Taxação dos estoques é criticada

A maior queixa dos empresários, porém, dizia respeito à taxação dos estoques, que só foi regulamentada em resolução editada nesta quarta-feira (3). Pressionada pelos comerciantes, a Secretaria da Fazenda adotou prazos mais dilatados e o parcelamento sem juros do imposto em nove meses, ou em 18 meses com correção pelo IGP-DI. "Não é intenção do governo fazer receita em cima de estoques", assegurou o subsecretário.

Carlos Barroca, da Associação Comercial de Pará de Minas, disse que até o governo Collor, bastava ter 50 tipos de pára-brisa no estoque para atender a todas as linhas de automóveis. "Hoje, apenas a linha do Fiat Uno exige oito pára-brisas diferentes". Para ele, o estoque deveria ser considerado uma garantia do Estado para recebimento de dívidas, "a não ser que o Estado queira arrecadar a qualquer custo".

Hudson Navarro, vice-presidente da Federaminas, disse que o instituto da substituição tributária fere os princípios da boa tributação, ao incluir um princípio inflacionário e ao ignorar que os medicamentos são produtos perecíveis, e que as autopeças estão sujeitas a rápida obsolescência. Também pressupõe uma normalidade inexistente no comércio. "Se a mercadoria não circulou, não há porque pagar imposto", disse Navarro.

Presenças - Compareceram à reunião as deputadas Lúcia Pacífico (PTB), presidente; e Vanessa Lucas (PSDB), vice; e os deputados Antônio Júlio (PMDB), Roberto Carvalho (PT), Jayro Lessa (PL), Leonardo Quintão (PMDB), Domingos Sávio (PSDB), Paulo Piau (PP), Ivair Nogueira (PMDB), Adalclever Lopes (PMDB) e Dalmo Ribeiro Silva (PSDB).

 

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