Merenda escolar provoca debate na Comissão de Fiscalização

Durante reunião da Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária desta quarta-feira (3/3/04), seis proposições r...

03/03/2004 - 19:14
 

Merenda escolar provoca debate na Comissão de Fiscalização

Durante reunião da Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária desta quarta-feira (3/3/04), seis proposições receberam parecer pela aprovação, em 1º turno, uma teve parecer pela rejeição, e outra teve pedido de vista. O Projeto de Lei (PL) 178/2003, do deputado Weliton Prado (PT), que estabelece deveres do governo estadual na oferta da merenda escolar, tinha parecer pela rejeição, mas a votação foi adiada a requerimento do próprio autor. Presente à reunião, o deputado petista fez defesa veemente do seu projeto, dizendo que a merenda é hoje uma razão fundamental para que o aluno vá à escola, e que essa obrigação do Estado está prevista no artigo 196 da Constituição.

Vários deputados participaram da discussão, com apartes e contra-apartes. Chico Simões (PT), lamentou que a Lei de Responsabilidade Fiscal seja acatada e obedecida em detrimento dos direitos elementares das pessoas e conclamou os deputados a exigir do governo que cumpra o que a Assembléia aprova. O presidente da comissão, Ermano Batista (PSDB), contra-argumentou que o Legislativo não pode atropelar a competência do Ministério Público, a quem compete exigir o cumprimento das leis. Jayro Lessa (PL), disse que o Estado não repassa recursos para o transporte escolar e que este está sendo bancado pelas prefeituras, as quais inclusive estariam sendo acusadas de ilicitude.

Parecer pela rejeição - O Projeto de Lei 303/2003, do deputado Pastor George (PL), que dispõe sobre a criação de um curso preparatório nas instituições públicas estaduais de ensino médio para ingresso no ensino superior, recebeu parecer da comissão pela rejeição. O relator foi o deputado Doutor Viana (PMDB).

Entre as seis proposições que receberam pareceres favoráveis está o Projeto de Lei Complementar (PLC) 29/2003, do deputado Dinis Pinheiro (PL), que autoriza o Executivo a reduzir para 20 horas semanais a jornada de trabalho do servidor público estadual que for legalmente responsável por excepcional e ou portador de deficiência. O parecer foi aprovado com a emenda nº 1, da Comissão de Administração Pública. A emenda modifica o caput do artigo 1º, acrescentando que o excepcional deve estar "em tratamento especializado" para que o servidor responsável tenha direito à redução da jornada.

Em seu parecer, o relator, deputado José Henrique (PMDB), argumentou que não haverá impacto significativo nas despesas públicas. O deputado Sebastião Helvécio (PDT) declarou voto favorável, lembrando que as nações desenvolvidas, pelo tratado de Maastrich, não cumprem metas de responsabilidade fiscal quando os direitos sociais estão sendo descumpridos.

Outro parecer de 1o turno aprovado foi do Projeto de Lei 5/2003, do deputado Adalclever Lopes (PMDB), que estabelece a cobrança de preço público pela utilização de bens de domínio ou propriedade do Estado de Minas Gerais. O parecer foi do deputado Chico Simões, pela aprovação na forma do substitutivo nº 1, da Comissão de Constituição e Justiça, que corrige imperfeições técnico-jurídicas no projeto, e com a emenda nº 3 da Comissão de Administração Pública. Simões quer que os recursos pagos pelos permissionários sejam recolhidos ao Fundese e aplicados no desenvolvimento dos vales do Jequitinhonha, Mucuri e Rio Doce.

Outras modificações foram feitas pelo relator e acatadas pela comissão. Ele apresentou a subemenda nº 1 à emenda nº 1, da Comissão de Administração Pública, para permitir a atribuição de prazo, por parte da administração, também à autorização de uso de bem público. Dessa forma, a emenda nº 1 ficaria prejudicada. Também para aprimorar o projeto, a FFO apresentou as emendas nºs 4 e 5, que foram acatadas. E com a aprovação da emenda nº 4, a de nº 2, da Comissão de Administração Pública, ficaria prejudicada.

Segundo Chico Simões, do ponto de vista econômico e financeiro, a proposição não provoca impacto sobre as contas públicas do Estado, pois os institutos adequados, previstos no ordenamento jurídico, para a utilização de bens de domínio público - concessão, permissão e autorização de uso -, já são utilizados pelo poder público estadual.

Projeto obriga Estado a divulgar balanço financeiro do Fundef

Também recebeu parecer pela aprovação, na forma original, o PL 61/2003, do deputado Jayro Lessa (PL), que obriga o Estado a divulgar o balanço da movimentação financeira do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef). A divulgação, de acordo com o projeto, deverá ser feita via internet e também através de cartazes afixados em local visível nas superintendências regionais de ensino e nas escolas da rede estadual. O relator foi o deputado José Henrique (PMDB).

Outro parecer favorável aprovado em 1o turno é do PL 815/2003, do deputado Doutor Viana, que dispõe sobre o ensino do braile nas escolas especiais no Estado de Minas Gerais. O parecer, do deputado Chico Simões, foi aprovado na forma do substitutivo nº 1, da Comissão de Educação, Ciência, Cultura e Tecnologia, que ajusta o projeto às diretrizes curriculares nacionais, editadas pelo Conselho Nacional de Educação.

O novo texto constante no substitutivo estabelece que as escolas que atendem alunos portadores de deficiência visual mantenham serviços complementares de apoio especializado e que o Estado promova o material didático necessário à demanda da rede estadual. Também determina que o Instituto São Rafael constitua pólo de integração e referência das experiências de educação para portadores dessa deficiência.

Durante a discussão do parecer, o deputado Chico Simões atribuiu responsabilidades ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso sobre as deficiências do ensino, e foi aparteado pelo deputado Elmiro Nascimento (PFL).

Vítimas de acidentes - O PL 1.017/2003, do deputado Fahim Sawan (PSDB), recebeu parecer pela aprovação na forma original. O projeto determina que as vítimas de acidentes ocorridos em rodovias estaduais terão direito a socorro e transporte em ambulância devidamente equipada, com as despesas ficando por conta dos órgãos responsáveis pela administração dessas rodovias. O relator, deputado José Henrique (PMDB), opinou pela rejeição da emenda nº 1, apresentada pela Comissão de Constituição e Justiça. A emenda altera o artigo 1º da proposição, garantindo o direito a socorro gratuito apenas nas rodovias que forem objeto de concessão pública. Dessa forma, os custos poderiam ser incluídos no valor do pedágio. Em seu parecer, o relator alega que a emenda provocaria um tratamento diferenciado aos usuários, já que as pessoas acidentadas em estradas estaduais estariam desamparadas.

Foi aprovado ainda o parecer de 1o turno sobre o PL 1.170/2003, do deputado Célio Moreira (PL), que propõe dividir em até quatro parcelas mensais o recolhimento, ao erário público estadual, de valor de multa de infração de trânsito, preços e encargos públicos. O relator, deputado Elmiro Nascimento (PFL), apresentou duas emendas que foram aprovadas com o parecer. A primeira fixa o valor mínimo de 25 Ufemgs para o parcelamento dos valores. Já a emenda nº 2 suprime o artigo 2o da proposição, porque, segundo o relator, "contraria dispositivos do Código de Trânsito Brasileiro, além de configurar renúncia de receita".

Isenção de taxa gera polêmica - O Projeto de Lei 378/2003, do deputado Ermano Batista, concede isenção de taxa de inscrição para vestibular nas universidades estaduais para alunos egressos da rede pública. O parecer, lido pelo deputado José Henrique, recomenda a aprovação na forma do substitutivo nº 1, estabelecendo que a isenção seja para os jovens cuja renda familiar per capita seja até 80% do salário mínimo.

O deputado Chico Simões acompanhou a leitura e concluiu que o substitutivo desvirtuava o projeto, por não garantir que os egressos da rede pública pudessem fazer vestibular sem taxa. Para ele, estudante cuja renda familiar seja tão baixa "não consegue nem comer, quanto mais manter-se na universidade". Simões considera que seria "uma vergonha para os deputados ter que votar um projeto desses". Seu pedido de vista foi acatado pela Presidência.

Requerimentos - Na reunião, os deputados aprovaram ainda quatro requerimentos (RQNs) que dispensam a apreciação de Plenário. São eles: 2.205 e 2.164, da Comissão da Cafeicultura, o 2.295, do deputado Leonardo Quintão, e o 2.297, do deputado Gil Pereira. O deputado José Henrique encaminhou favoravelmente a votação dos requerimentos da Comissão da Cafeicultura, da qual foi membro.

Dois requerimentos apresentados verbalmente foram igualmente aprovados: do deputado Chico Simões, pedindo audiência pública para debater o PL 178/2003, sobre a merenda escolar, de autoria do seu colega de partido Weliton Prado. O outro foi do deputado Mauro Lobo (PSB), pedindo audiência pública com representantes do Tribunal de Contas do Estado para debater o Projeto de Lei 1.005/2003, de interesse daquele órgão.

Presenças - Compareceram à reunião os deputados Ermano Batista (PSDB), presidente; Jayro Lessa (PL), vice; Chico Simões (PT), José Henrique (PMDB), Mauro Lobo (PSB), Sebastião Helvécio (PDT), Elmiro Nascimento (PFL), Weliton Prado (PT) e Alberto Bejani (PTB).

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - 31 - 3290 7715