Audiência deve definir posição dos deputados sobre Capão Xavier

Depois de cinco horas de permanência no local, com uma apresentação sobre a empresa e o projeto, e a ida à lavra de m...

03/03/2004 - 18:51
 

Audiência deve definir posição dos deputados sobre Capão Xavier

Depois de cinco horas de permanência no local, com uma apresentação sobre a empresa e o projeto, e a ida à lavra de minério de ferro, os deputados que visitaram nesta quarta-feira (3/3/04) as instalações da Minerações Brasileiras Reunidas (MBR) - e especificamente a mina de Capão Xavier, em Nova Lima -, esperam a audiência pública para ouvir outros pontos de vista e esclarecer suas dúvidas. Por enquanto, segundo os deputados, ficaram as explicações da MBR e a garantia dada pela empresa de que o abastecimento de água de Belo Horizonte não será comprometido. A audiência deve ser marcada para a próxima semana.

A presidente da Comissão do Meio Ambiente da Assembléia, deputada Maria José Haueisen (PT), e o autor do requerimento que originou a visita, deputado Leonardo Quintão (PMDB), falaram da necessidade de um contraponto às informações prestadas pela MBR. Esse contraponto, segundo Quintão, seria a audiência com técnicos que não os da empresa, para que o projeto fosse avaliado dentro de uma outra visão. Quintão acha que o projeto da MBR não esclarece a extensão do impacto sobre todas as nascentes da região. Ele foi o primeiro a denunciar, da tribuna, a exploração da mina de Capão Xavier - que poderá começar em um mês -, pela MBR, próxima a quatro nascentes que compõem o sistema de abastecimento da região sul de Belo Horizonte. A polêmica voltou à tona, com o término da construção da estrada de dois quilômetros ligando Capão Xavier à mina de Mutuca, que passa em terras pertencentes à Prefeitura de Belo Horizonte, mesmo estando no município de Nova Lima.

Uma das maiores e mais profundas minas do mundo

Leonardo Quintão acredita que a mina, com profundidade de 400 metros, pode comprometer o abastecimento de cerca de 500 mil pessoas. O deputado Adalclever Lopes (PMDB), manifestou suas dúvidas sobre a legalidade da exploração e ainda sobre a falta de participação da população de Belo Horizonte na discussão do empreendimento. Ele acha que está havendo desrespeito à Lei Estadual 10.793, de 92. Opinião semelhante têm os deputados Doutor Viana (PFL), Doutor Ronaldo (PDT) e Fábio Avelar (PTB), que também acompanharam a visita. A presidente da Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte, deputada Lúcia Pacífico (PTB) elogiou a transparência da empresa. Os deputados Antônio Júlio e Ivair Nogueira, do PMDB, Sidinho do Ferrotaco (PSDB) e Irani Barbosa (PL), também participaram da visita.

Na apresentação feita pelo diretor de Desenvolvimento, Juarez de Oliveira Rabello, e pelo gerente de Meio Ambiente, Leandro Quadros Amorim, a empresa garantiu que não haverá problema de abastecimento para Belo Horizonte, porque a exploração da mina irá disponibilizar mais água para o sistema da Copasa. Isso em função do projeto que prevê o rebaixamento do lençol freático, que permite o bombeamento de água, retirada da cava de onde se retira o minério, para o sistema de abastecimento. E quando a mina se esgotar, em 20 anos, terá sido formado um lago, de 55 milhões de metros cúbicos de água, o que corresponde à metade do sistema de Rio Manso.

A mina de Capão Xavier conta com uma reserva de 173 milhões de toneladas de minério de alto teor de ferro, uma das últimas reservas de alto teor do Quadrilátero Ferrífero, com previsão de exploração de 22 anos, com 8 milhões de toneladas/ano, representando 20% da produção da MBR.O terreno pertence à empresa, cujo documento de concessão de exploração das jazidas ressalta que "a exploração não pode comprometer as nascentes". A companhia afirmou ter estudos de uma empresa espanhola que garante a preservação dos mananciais. Para que Capão Xavier opere, foram feitos termos de compromisso com o Instituto Estadual de Florestas (IEF), com a Copasa e com a Prefeitura de Belo Horizonte, segundo Leandro Amorim.

O projeto vai aproveitar as instalações da mina de Mutuca, já esgotada, incluindo o uso de barragens e oficinas. Em Capão Xavier funcionará somente a lavra. Segundo a MBR, a doação de 1.018 hectares para o parque Serra do Rola Moça e investimentos de R$ 422 mil em benfeitorias fazem parte das compensações ambientais acertadas com o IEF.

Análise de concessão da licença de operação está em fase final

Capão Xavier já conseguiu a licença de instalação e a licença de operação está em fase final, junto ao Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam), com pareceres favoráveis do IEF, do Instituto de Gestão das Águas (Igam) e da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), segundo seus dirigentes, Célio Valle, Paulo Teodoro Carvalho e Ilmar Bastos Santos, presentes à visita. Segundo o gerente de Meio Ambiente da MBR, a expectativa é de que a exploração comece este mês.

O representante da Copasa, Rômulo Perilo, manifestou-se favorável ao projeto, "todo desenvolvido em parceria com a Copasa e atendendo às exigências da empresa, como foi feito durante a construção da estrada que ligará a mina à Mutuca".

Mas para o representante do Ministério Público, promotor Fernando Galvão, a MBR ainda precisa esclarecer outras dúvidas, entre elas, qual a solução para a provável diminuição na vazão de lençóis que abastecem reservatórios da Copasa, enquanto a cava estiver sendo preenchida, ao longo dos 22 anos de exploração da mina. Outro esclarecimento é sobre a responsabilidade futura pela manutenção do lago que será incorporado ao Parque da Serra do Rola Moça. Maria José Haueisen destacou que Assembléia vai realizar as audiências públicas o mais rápido possível, "mas quem tem o poder para barrar o empreendimento é o Ministério Público".

Presenças: Participaram da visita à MBR, além das autoridades citadas, as deputadas, Maria José Haueisen (PT), presidente da Comissão de Meio Ambiente; Lúcia Pacifico (PTB), presidente da Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte; os deputados Adalclever Lopes, presidente da Comissão de Educação; Leonardo Quintão (PMDB), Fábio Avelar (PTB), Doutor Ronaldo (PDT), Doutor Viana (PFL), Dilzon Melo (PTB), Rogério Correia (PT), Sidinho do Ferrotaco (PSDB), Ivair Nogueira (PMDB), Antônio Júlio (PMDB) e Irani Barbosa (PL).

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - 31 - 3290 7715