Palestrantes apresentam experiências de regiões metropolitanas

"Estamos presenciando uma experiência democrática sobre um dos assuntos mais atuais e importantes que é a criação de ...

30/01/2004 - 16:12
 

Palestrantes apresentam experiências de regiões metropolitanas

"Estamos presenciando uma experiência democrática sobre um dos assuntos mais atuais e importantes que é a criação de regiões metropolitanas", afirmou o deputado Fábio Avelar (PTB) durante abertura dos trabalhos da noite do Seminário Legislativo "Regiões Metropolitanas", nesta segunda-feira (10/11/2003). Ele acredita que as palestras e debates nos três dias do seminário irão subsidiar a discussão dos projetos que tratam sobre a criação de regiões metropolitanas. "O desenvolvimento dos trabalhos dos grupos e as palestras nos darão novas e importantes informações que ajudarão nas novas regras de convivência urbana", avaliou. Para a coordenadora dos debates da noite, deputada Cecília Ferramenta (PT), a sociedade sairá fortalecida com as experiências que serão apresentadas no seminário.

Abrindo o debate intitulado "Experiências de Regiões Metropolitanas", o presidente da Associação Metropolitana do Vale do Aço (Amevale) e prefeito de Ipatinga, Chico Ferramenta, ressaltou a importância dos municípios unirem-se na busca de soluções para os problemas comuns. "A criação da Região Metropolitana do Vale do Aço abriu um canal de integração entre os municípios para provocá-los e uni-los no espírito de solidariedade, na busca do consenso", avaliou. Ele apresentou números e dados sobre a região do Vale do Aço e destacou a evolução no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), principalmente em relação à mortalidade infantil, à educação e à renda familiar.

O segundo expositor da noite, presidente da Assembléia Metropolitana da Região Metropolitana de Belo Horizonte (Ambel) e prefeito de Santa Luzia, Carlos Alberto Calixto, parabenizou o trabalho de Chico Ferramenta à frente da Amevale e afirmou: "A Ambel existe há 10 anos e não tem nada para mostrar. Ela começa a nascer agora, com a mobilização dos prefeitos, deputados e do governo estadual". Segundo ele, essa imobilidade não foi por ineficácia ou falta de vontade. "Foi porque a Ambel nunca teve apoio do governo estadual, mobilização ou recursos financeiros", disse. Calixto salientou ainda que a Ambel é o único órgão capaz de moldar as ações que precisam ser tomadas em torno das regiões metropolitanas e as decisões que geram recursos.

Regiões metropolitanas do Recife e de São Paulo

Duas experiências distintas de regiões metropolitanas foram trazidas por urbanistas de São Paulo e Pernambuco à etapa noturna do Seminário Legislativo "Regiões Metropolitanas". Maria José Cavalcanti, diretora técnica da Agência de Planejamento e Pesquisa de Pernambuco, fez um relato geral das estratégias de planejamento do Estado, concentrando-se na Região Metropolitana do Recife, que agrega 14 dos 184 municípios pernambucanos.

Cavalcanti relatou que 3,3 milhões de habitantes vivem na RMR, cujo índice de urbanização é de 95%. A maior parte deles é composta de jovens, dentre eles um grande número de desempregados, que seriam causa e efeito da violência. Boa parte dos financiamentos estão sendo canalizados para a revitalização urbana. A Câmara da RMR é composta pelos 14 prefeitos, 14 secretários de Estado ou titulares de órgãos estaduais, 14 vereadores indicados pelas câmaras municipais e três deputados estaduais. A rede viária da RMR é composta por linhas radiais interligando a ilha do Recife a todo o Estado.

Urbanista e arquiteta, Maria José Cavalcanti critica os modelos prontos de gestão propostos a partir de Brasília e aponta a necessidade de cada região ter seu próprio planejamento, segundo suas necessidades e especificidades. "Dentro de poucos anos, teremos 15 megalópoles no mundo com mais de 15 milhões de habitantes e 40 com mais de 5 milhões. Hoje, um terço da população brasileira vive em 12 metrópoles. Daí a importância do planejamento metropolitano", informou.

Modelo paulista surgiu nos anos da ditadura

A região metropolitana de São Paulo, com 39 municípios e 18 milhões de habitantes, surgiu em 1974, como fruto do planejamento centralizado ditado por Brasília durante o período militar. Esgotado nos anos 80, o modelo acabou cedendo espaço para o surgimento, dentro da RMSP, de um consórcio de municípios do Grande ABC, formado por Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra. Metade do território desses sete municípios corresponde à área inundada pela represa Billings e suas áreas de preservação de mananciais. Neles vivem 2,3 milhões de habitantes.

Esses dados foram fornecidos pelo urbanista Fernando Ortiz, que apresentou uma lista das maiores realizações metropolitanas do Consórcio, como obras viárias e de drenagem, incluindo 13 "piscinões" para evitar inundações, capazes de armazenar 5 milhões de m³ de água. Ortiz mostrou também dois hospitais regionais com especialidades médicas necessárias na região e o rodoanel do ABC, construído parcialmente pelo governo do Estado. O consórcio montou também uma rede de incubadoras de pequenas empresas para enfrentar o êxodo de grandes empreendimentos do ABC.

Respondendo a perguntas da platéia, Fernando Ortiz explicou como se resolvem os conflitos de relacionamento da câmara de gestão da região metropolitana com o consórcio do Grande ABC. Disse que a câmara reconhece o papel do consórcio e procura não superpor suas atividades às do consórcio. "As idéias movem e as experiências arrastam", sentenciou o urbanista.

Presenças - Além dos deputados Cecília Ferramenta (PT) e Fábio Avelar (PTB), que coordenou e presidiu os trabalhos, estiveram presentes à noite os deputados Laudelino Augusto (PT), Padre João (PT), Chico Simões (PT), Jô Moraes (PCdoB), Sebastião Navarro Vieira (PFL), Lúcia Pacífico (PTB) e Biel Rocha (PT).

 

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