Novos mecanismos de gestão regional são defendidos em Uberlândia

O fortalecimento dos mecanismos de gestão dos problemas compartilhados, a integração de políticas públicas, bem como ...

30/01/2004 - 16:00
 

Novos mecanismos de gestão regional são defendidos em Uberlândia

O fortalecimento dos mecanismos de gestão dos problemas compartilhados, a integração de políticas públicas, bem como o aprofundamento da discussão sobre a regionalização do Estado e o desenvolvimento regional sustentável, a partir de instrumentos de planejamento regional, foram algumas das propostas apontadas pelos participantes do encontro regional do Seminário Legislativo "Regiões Metropolitanas", nesta sexta-feira (17/10/2003), em Uberlândia. Os grupos de trabalho, formados por representantes de movimentos sociais, do meio acadêmico, de associações de classe, de órgãos públicos e por lideranças comunitárias, discutiram a conceituação e a criação de regiões metropolitanas, sua gestão e o plano diretor, além dos aspectos físicos, sociais e econômicos dessas regiões.

Conselho das Cidades - A criação do Conselho Estadual das Cidades para discutir questões como saneamento, transporte e habitação foi defendida por um dos grupos, que manifestou ainda preocupação com a definição de novos critérios para a instituição e gestão de regiões metropolitanas. Outro ponto de interesse dos participantes do encontro e das autoridades presentes é com a alocação de recursos estaduais e federais para o Fundo de Desenvolvimento Metropolitano (FDM) e para os fundos de desenvolvimento regional.

Os grupos abordaram a necessidade de integração regional em termos profissionais, educacionais e de saúde. Os participantes ressaltaram, no entanto, que os mecanismos de gestão não podem estabelecer relações unilaterais. Os grupos de trabalho, que analisaram as propostas originadas das discussões das comissões técnicas interinstitucionais, foram coordenados pelos diretores de Programas e Projetos Metropolitanos, Gustavo Gomes Machado, e de Planejamento Metropolitano da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional e Política Urbana, Solano Bicalho. Na conclusão das atividades, foram eleitos 12 delegados que representarão o Triângulo Mineiro na etapa final do Seminário Legislativo, nos dias 10, 11 e 12 de novembro, no Plenário da Assembléia Legislativa.

Autoridades manifestam opiniões divergentes

A maioria das autoridades manifestaram sua preocupação com a criação de regiões metropolitanas no Triângulo Mineiro. Atualmente, dois projetos de lei complementar (PLCs) nesse sentido tramitam na Assembléia. O PLC 8/2003, do deputado Weliton Prado (PT), institui a Região Metropolitana do Triângulo Mineiro, com sede em Uberlândia. Do deputado Paulo Piau (PP), o PLC 16/2003 institui a Região Metropolitana do Vale do Rio Grande, com sede em Uberaba. O deputado Luiz Humberto Carneiro (PSDB) leu uma mensagem do presidente da Assembléia, deputado Mauri Torres (PSDB), ressaltando a necessidade do debate sobre o modelo de desenvolvimento regional que se quer para Minas Gerais. Luiz Humberto Carneiro representou o presidente na solenidade.

Para o deputado Weliton Prado, a criação da região metropolitana traria muitos benefícios para Uberlândia - que, segundo ele, é alvo de injustiça na distribuição dos recursos do Orçamento estadual. Ele informou que a cidade contribui com 17% do PIB estadual e só recebe 2,15% de recursos. O deputado acredita que, com a aprovação de seu projeto, a região alocaria mais recursos estaduais e federais, com a participação no FDM. "Com esse projeto, queremos garantir o desenvolvimento da região, atraindo recursos e investimentos e fortalecendo as cidades", defendeu.

Críticas - Outros deputados não têm a mesma opinião. O deputado João Bittar (PL), que preside a Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização da Assembléia, lembrou que sete projetos criando regiões metropolitanas tramitam na Casa. Ele disse ter dúvidas se esse seria o mecanismo ideal para o desenvolvimento da região. "Reconheço a necessidade de um plano de desenvolvimento regional integrado, mas tenho dúvidas quanto ao funcionamento, implementação e operacionalização da região metropolitana", explicou. O deputado falou ainda da perda de autonomia por parte das prefeituras em prol do interesse comum metropolitano. João Bittar disse também que Uberlândia não apresenta conurbação, ou seja, os limites administrativos dos municípios ainda são bem nítidos. O fenômeno da conurbação é critério essencial, previsto na Constituição do Estado, para o reconhecimento de uma região metropolitana.

Recursos - O deputado Leonídio Bouças (PTB) disse que os projetos sobre o assunto são tentativas de obter recursos para as regiões. Ele também entende que a conurbação e a urbanização, com deslocamentos cotidianos da população entre as cidades que integram a região, são essenciais para que se possa falar em região metropolitana. "Esses projetos deveriam ser apresentados em uma ação conjunta com o Estado, formatando-se uma proposta única que contemplasse todas as regiões de Minas", defendeu.

O deputado Luiz Humberto Carneiro também manifestou-se contrário ao projeto, mas defendeu a importância de iniciativas de planejamento integrado. "Na Assembléia existem 11 deputados do Triângulo Mineiro preocupados, especialmente, com o desenvolvimento dessa região", disse. Ele também falou do processo de conurbação e lembrou que a cidade mais próxima de Uberlândia é Araguari, que está a 30 km.

O ex-deputado estadual Geraldo Rezende, que foi o autor, na legislatura passada, do PLC para criar a Região Metropolitana do Triângulo Mineiro, afirmou não aceitar a ausência de conurbação como justificativa para a rejeição da proposta. Segundo ele, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), nem todos os 34 municípios que a compõem estão interligados. Para o deputado Paulo Piau (PP), o Brasil é carente de planejamento. Ele defendeu que essa situação seja revertida em Minas, com a avaliação do instrumento mais adequado para isso.

Para o presidente da Câmara Municipal de Uberlândia, Sérgio Lúcio de Almeida, o momento é oportuno para a integração regional por meio de consórcios intermunicipais. Ele considera prematura qualquer decisão para a criação da região metropolitana em Uberlândia.

Importância do debate - O prefeito de Uberlândia, Zaire Rezende; o secretário de Governo de Uberaba, Marco Túlio Oliveira, que representou o prefeito Marcos Montes Cordeiro; e o deputado federal Gilmar Machado também enfatizaram a importância do debate com a sociedade civil sobre o assunto, que envolve toda a população regional. O deputado Gilmar Machado cumprimentou a Assembléia Legislativa pela iniciativa e informou que está sendo discutida, pelo governo federal, a criação da agência de desenvolvimento do Centro-Oeste, com um fundo descentralizado. "Queremos que o Triângulo Mineiro possa integrar essa agência. Estamos trabalhando para isso", afirmou.

Durante o encontro regional, Gustavo Gomes Machado, da Secretaria de Desenvolvimento Regional e Política Urbana, fez uma exposição abordando os aspectos técnicos da criação e gestão das regiões metropolitanas, mencionando suas vantagens, dificuldades e perspectivas, assim como as funções públicas de interesse comum metropolitano.

Presenças - Participaram do evento os deputados Luiz Humberto Carneiro (PSDB), que representou o presidente Mauri Torres (PSDB) na parte da manhã; João Bittar (PL), Weliton Prado (PT), Leonídio Bouças (PTB) e Paulo Piau (PP). Além das autoridades citadas na matéria, também esteve presente o diretor-executivo da Assembléia Metropolitana de Belo Horizonte (Ambel), Wellington Schettini.

 

 

 

 

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - 31 - 3290 7715