BH pode estar virando pólo do contrabando em larga escala

Depoimentos de quatro camelôs nesta quinta-feira (18/12/2003), durante reunião da Comissão de Segurança Pública da As...

18/12/2003 - 16:05
 

BH pode estar virando pólo do contrabando em larga escala

Depoimentos de quatro camelôs nesta quinta-feira (18/12/2003), durante reunião da Comissão de Segurança Pública da Assembléia, aumentaram as suspeitas dos deputados e da Polícia Federal de que Belo Horizonte está se tornando mais um pólo de exploração do contrabando em grande escala. As denúncias foram feitas secretamente pelos depoentes, que alegaram temer represálias de uma suposta máfia chinesa que estaria por trás das irregularidades.

O deputado Rogério Correia (PT), autor do requerimento para a reunião, informou que é possível que seja solicitada no próximo ano a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a pirataria e a sonegação fiscal no Estado. Os indícios de que camelôs chineses estejam envolvidos no esquema são fortes, pois, de acordo com o deputado, os preços cobrados em suas barracas são muito mais baixos que os dos concorrentes. Rogério Correia informou que a atuação da CPI em Minas seria complementar à da que já trata do assunto na Câmara dos Deputados, em Brasília.

Durante a fase da reunião aberta ao público e à imprensa, o chefe da Promotoria de Combate ao Crime Organizado, André Ubaldino, lembrou que a pirataria configura concorrência desleal em relação às indústrias legalmente constituídas, que pagam seus impostos e empregam mão-de-obra. Ele falou ainda dos prejuízos causados à sociedade pela sonegação fiscal.

O representante da Administração Regional Centro Sul de Belo Horizonte, William Rodrigues, garantiu que a prefeitura está intensificando o combate ao comércio ilegal nas ruas da capital, inclusive com a formação de parcerias com a Polícia Federal, a Polícia Civil e a iniciativa privada. Ele citou o Código de Posturas sancionado em junho pelo prefeito Fernando Pimentel, que retirará, até 15 de julho, os camelôs das ruas. Os vendedores ambulantes serão alojados em "shoppings", o que facilitará a fiscalização, informou Rodrigues.

Um desses espaços é o "camelódromo" da avenida Oiapoque, no centro de Belo Horizonte. O dono do imóvel, Mário Valadares Resende Costa, também presente à reunião, disse não acreditar que a suposta "máfia chinesa" esteja se instalando na capital. Ele afirmou que comprou o galpão com o intuito de abrir um museu, mas vislumbrou a possibilidade de abrigar os cerca de 300 camelôs. O empresário informou que visitou a Galeria Pagé, em São Paulo, e o "camelódromo" de Brasília, empolgando-se com o negócio.

Polícia reconhece dificuldade de reprimir contrabando

O chefe do serviço de inteligência da Polícia Federal, José Maria Fonseca, admitiu que a extensão territorial do Brasil dificulta a prevenção e a repressão da entrada irregular de mercadorias no país. Segundo ele, o modo uniforme com que os produtos contrabandeados e falsificados são distribuídos leva a crer que haja realmente um grupo coordenando as ações.

O assessor do Conselho Regional de Farmácia, Voltovânio Vasconcelos, manifestou sua preocupação com a falsificação de medicamentos. Ele disse que as ações da Vigilância Sanitária não têm sido eficazes para combater a pirataria e que é necessário fortalecer a fiscalização da Secretaria de Estado da Saúde.

Requerimentos - Três requerimentos foram aprovados durante a reunião: do deputado Sargento Rodrigues (PDT), presidente da comissão, em que pede o envio de ofício ao Ministério Público solicitando a apuração da denúncia de que recursos logísticos e humanos estariam sendo colocados à disposição de delegados pertencentes ao quadro suplementar da Polícia Civil; do deputado Biel Rocha (PT), em que solicita o envio de ofício ao Comando-geral da Polícia Militar solicitando que se apure a conduta do PM Edson, ante a denúncias de ameaça de morte a civis, porte de arma fora do horário de trabalho e prestação de serviços de segurança particular, entre outras; e do deputado Alberto Bejani (PTB), em que pede o encaminhamento de ofício ao Comando-geral da Polícia Militar e ao chefe da Polícia Civil, solicitando providências no sentido de garantir a segurança de Jorge Oliveira Ferreira e Antônio Carlos Costa, presidente e tesoureiro do Sindicato de Transporte Rodoviário de Juiz de Fora, respectivamente.

Presenças - Compareceram à reunião os deputados Sargento Rodrigues (PDT), presidente; Alberto Bejani (PTB), vice; e Rogério Correia (PT). Além das personalidades citadas na matéria, participaram também o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Economia Informal, Ely de Fátima dos Santos, e o delegado de combate aos crimes contra o Patrimônio Público, Robert Rodrigues de Souza.

 

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