População de Três Corações não quer penitenciária

A população de Três Corações, no Sul de Minas, não quer a construção de uma penitenciária na cidade. Um documento ass...

15/12/2003 - 20:39
 

População de Três Corações não quer penitenciária

A população de Três Corações, no Sul de Minas, não quer a construção de uma penitenciária na cidade. Um documento assinado pela comunidade em protesto contra a construção de um presídio foi entregue às comissões de Segurança Pública e de Educação, Cultura, Ciência e Tecnologia da Assembléia Legislativa, que se reuniram naquela cidade nesta segunda-feira (15/12/2003). Os deputados presentes também se posicionaram contra a construção do presídio. "Não podemos permitir uma penitenciária aqui sem que a população seja ouvida", disse o presidente da Comissão de Educação, Adalclever Lopes (PMDB), um dos autores do requerimento para a realização da reunião, juntamente com os deputados Sargento Rodrigues (PDT), Rogério Correia (PT) e Maria Tereza Lara (PT).

A polêmica teve início no ano passado, quando teve início a construção de uma penitenciária com capacidade para 265 detentos em Três Corações. Neste ano, as obras foram paralisadas, mas continua o temor de que a cidade abrigue um novo "cadeião", com presos de diversas partes do país. O deputado Adalclever Lopes mostrou um documento do governo do Estado estimando o custo total da obra em R$ 3,971 milhões. Convidado a esclarecer o destino da obra e quanto já foi gasto até agora, o subsecretário de Estado de Administração Penitenciária, Agílio Monteiro, não compareceu à reunião. Atualmente, a cadeia pública de Três Corações tem 80 presos, o dobro de sua capacidade.

Outra destinação possível para o imóvel seria uma espécie de prisão alternativa em parceria com a Associação de Proteção e Assistência ao Condenado (Apac) local, o poder público e a Universidade Vale do Rio Verde (Unincor). A proposta recebeu apoio de autoridades e deputados presentes. O reitor da Unincor, Adair Ribeiro, anunciou que a universidade está disposta a ser parceira na elaboração de um projeto de ressocialização dos presos. Os alunos e professores da universidade prestariam assistência jurídica e psicológica aos detentos. Além disso, a universidade se dispõe a dar emprego aos detentos e estimular as empresas locais a fazer o mesmo.

Apac gera polêmica entre a população

Em funcionamento desde a última quarta-feira (10), a Apac de Três Corações, que utiliza um método em que os presos são recuperados com o apoio da comunidade, vem enfrentando oposição da própria comunidade. Os moradores do Jardim Progresso, na periferia da cidade, fizeram inúmeras críticas à Apac, e reclamam que sua instalação não foi discutida com a vizinhança da pequena casa onde estão nove recuperandos, todos das cidades subordinadas à comarca de Três Corações. Lá, os recuperandos estudam e trabalham, fazem a própria comida e cuidam da limpeza. Passam o dia fora das celas, mas obedecem a rígidos padrões de disciplina, como os deputados puderam verificar durante visita à instalação..

Os deputados manifestaram apoio à associação. "Não pode haver conflito entre a comunidade e a Apac. É preciso que o pessoal da Apac seja incluído nas discussões desse movo modelo de ressocialização dos presos, em parceria com a Unincor e o poder público", defendeu a deputada Maria Tereza Lara. O esforço conjunto de toda a sociedade para garantir um modelo eficiente de recuperação dos presos também foi defendido pelos deputados Sargento Rodrigues, Adalclever Lopes e Dalmo Ribeiro Silva (PSDB).

Presenças - Participaram da reunião os deputados Sargento Rodrigues (PDT), que a presidiu; Adalclever Lopes (PMDB); Maria Tereza Lara (PT); e Rogério Correia (PT). Também estiveram presentes o presidente da Câmara Municipal, vereador José Carlos Ferreira; o reitor da Unincor, Adair Ribeiro; o deputado federal Odair José (PT-MG); o juiz da 1a Vara Cível de Três Corações, Márcio Benfica; o juiz do Tribunal de Contas do Estado, Edson Argê; o comandante da Polícia Militar de Três Corações, capitão Paulo Vareli; e o delegado de polícia Edson Volpini.

 

 

 

 

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