Telefone 102 de auxílio à lista é serviço gratuito, diz Telemar

Questionado por deputados e advogados de defesa do consumidor, o diretor de Cadastro da Telemar, Fábio Valente, admit...

11/12/2003 - 20:42
 

Telefone 102 de auxílio à lista é serviço gratuito, diz Telemar

Questionado por deputados e advogados de defesa do consumidor, o diretor de Cadastro da Telemar, Fábio Valente, admitiu que a consulta ao telefone 102 a partir de telefone fixo residencial não pode ser cobrada. Porém, o advogado Délio Malheiros, consultor da Assembléia, demonstrou que cada ligação dessas custa hoje R$ 1,34 fora impostos. O diretor da Telemar informou ainda que a consulta tornou-se gratuita porque as listas telefônicas residenciais não são mais distribuídas a todos os assinantes, mas assegurou que a lista pode ser solicitada gratuitamente pelo telefone 104.

O debate sobre a suspensão do fornecimento de listas telefônicas obrigatórias e gratuitas (LTOG) e o transtorno que isso vem causando aos assinantes aconteceu em audiência pública da Comissão de Transporte, Comunicação e Obras Públicas, realizada na tarde desta quinta-feira (11/12/2003), da qual participou a presidente da Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte, deputada Lúcia Pacífico (PTB).

O diretor jurídico da Telelistas na reunião, Hélio Estrella, resumiu a história da telefonia no Brasil e o surgimento das listas telefônicas, que eram monopólio até a privatização das telecomunicações. Nos últimos anos, segundo ele, "surgiram listas piratas que configuram verdadeiro estelionato contra o consumidor". Estrella exemplifica como o pior dos casos o da Lista Oficial do Brasil, que teria emitido 10 milhões de boletos bancários para assinantes, no valor de R$ 99,50 cada. "Estamos processando cada um desses picaretas", anunciou o representante da Telelistas.

Segundo a deputada Lúcia Pacífico, foi o Movimento das Donas de Casa de Belo Horizonte quem denunciou à imprensa essa manobra lesiva ao interesse público. O presidente da Comissão de Transporte, deputado Célio Moreira (PL), indagou qual é o tipo de ligação existente entre a Telemar e a Telelistas. Fábio Valente respondeu que a Telelistas tem um contrato para a elaboração da LTOG da Telemar, e recebe do setor de Cadastro da Telemar a imagem mais atualizada da lista da empresa, quando vai montar e imprimir os catálogos.

Assinatura residencial subiu 5.806% desde 1994

Os advogados do Procon Assembléia, Marcelo Barbosa e Frederico Marcelo, e o consultor Délio Malheiros, insistiram na questão da irregularidade da oferta das listas e na falta de uma periodicidade definida, que seriam direito garantido por lei ao assinante. Estrella e Valente deram uma série de dados e argumentos, tentando compor um quadro das dificuldades para atender a exigência. Estrella disse que não há papel no Brasil para imprimir 1,5 milhão de catálogos. Valente acrescentou que é preciso recorrer a gráficas da Argentina, Uruguai e Chile, e que isso implica em perda de divisas para o Brasil.

Ao autorizar a substituição das listas impressas por consultas gratuitas ao 102, a Anatel estaria baseando sua decisão numa pesquisa segundo a qual apenas 4% dos assinantes consultam a lista. A deputada Lúcia Pacífico questionou esse percentual e pediu maiores esclarecimentos sobre a pesquisa. Para ela, os mais prejudicados foram os menos favorecidos, que não recebem nem mesmo a lista comercial que é enviada para os assinantes de melhor poder aquisitivo.

O advogado Délio Malheiros acrescentou que os assinantes mais pobres foram os mais prejudicados depois da privatização. "O valor da assinatura mensal aumentou de R$ 0,62, em 1994, para R$ 33 e até R$ 36", demonstrou Malheiros.

Para diretor da Telemar, a lei não exige lista impressa

Fábio Valente disse que a lei obriga a disponibilização das listas, mas não estabelece que tenham que ser impressas. "Se disponibilizamos as informações pelo telefone 102, ou por CD, ou pela Internet, estamos cumprindo a lei", afirmou. A resposta foi recebida com indignação pela deputada Lúcia Pacífico, que perguntou como os pobres teriam acesso a essa tecnologia para obter a informação.

Hélio Estrella afirmou que em Paris, há 30 anos, a telefônica decidiu substituir as listas por terminais eletrônicos de consulta em cada residência, e que a medida foi bem-sucedida. Enquanto alguns dos presentes puseram em dúvida a veracidade da informação, a deputada Lúcia Pacífico voltou a se manifestar com indignação: "Então o senhor sugere que a solução seria levar nossos pobres para Paris?", questionou.

Fábio Valente recusou a crítica de que a Telemar discriminaria clientes pobres. "Fazemos distinção apenas entre clientes residenciais e jurídicos", disse ele. Sobre as consultas ao serviço 102, que o consultor Malheiros demonstrou que estavam sendo cobradas a R$ 1,34 mais impostos, Valente assegurou que são gratuitas se originadas a partir de telefone residencial fixo, e explicou que, a partir de celular, considera justo que sejam cobradas. Anunciou que iria fazer imediatamente um rastreamento para se assegurar do cumprimento desse direito.

Quanto ao questionamento dos advogados do Procon de que o serviço 102 costuma ficar congestionado, o diretor informou que em Minas são atendidas 19 milhões de consultas a cada mês, das quais metade a partir de telefones públicos. Pelas normas da Anatel, a Telemar teria que atender a 95% das consultas em até dois segundos.

Funcionário da Anatel estaria exorbitando

Várias pessoas que estavam assistindo a reunião pela TV Assembléia telefonaram para apresentar questionamentos. As perguntas foram passadas pelo presidente Célio Moreira aos destinatários, que passaram a responder ao vivo. Hélio Estrella, respondendo a um questionamento sobre restrição a publicidade nas listas telefônicas, deu uma longa explicação sobre batalhas judiciais entre a Telelistas e a Anatel.

O diretor jurídico da Telelistas relatou que um funcionário subalterno da Anatel teria exorbitado de sua competência e abusado de poder ao enviar ofício às editoras de listas proibindo a inclusão de anúncios. Essa proibição foi questionada na Justiça e derrubada. A seguir, a própria Anatel expediu a norma 345, reiterando a proibição, e novamente as editoras recorreram à Justiça, obtendo medida liminar. "A Anatel está tentando legislar, o que é competência do Congresso Nacional", criticou Estrella.

Marcelo Barbosa, do Procon Assembléia, levantou ainda a questão da não publicação das listas classificadas pelas quais inúmeros anunciantes já pagaram. "Em nenhum desses processos conseguimos que a Telelistas ressarcisse o cliente", afirmou o advogado.

Presenças - Participaram da reunião os deputados Célio Moreira (PL), presidente; Laudelino Augusto (PT); Paulo Cesar (PL); e a deputada Lúcia Pacífico (PTB).

 

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